Não é que o tapete vermelho do AMAs foi tudo?

American Music Awards, quem se importa - ainda se fosse de música inglesa - mas eu adorei alguns momentos do red carpet. Outros, que eu achei qualquer coisa, eu vou ignorar pois não sou obrigadah. E só estou fazendo esse post porque genuinamente achei esse tapete vermelho divertido! Quem diria?

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Será que eu vou admitir que a Billie Eilish é um ícone de estilo?

Temo que sim. A malha de metal é meio Rihanna de Gucci, mas o oversize da Burberry com chinela faz toda a diferença. Achei moderno sim, quem vou enganar?

Neon, zebra, luva (ou é um macacão inteiro que inclui as mãos?), spencer. Obrigado, Lil Nas X, a gente precisava desse look do Christopher John Rogers e nem sabia!

Neon, zebra, luva (ou é um macacão inteiro que inclui as mãos?), spencer. Obrigado, Lil Nas X, a gente precisava desse look do Christopher John Rogers e nem sabia!

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Eu digo sim

para essa bolsinha Valentino da Lizzo

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A Arianagrandização de Dua Lipa

Tá bonita. Mas eu prefiro a Dua Lipa de cabelo Dua Lipa (ou de cabelo Bruna Marquezine, ou de cabelo Manu Gavassi, você escolhe). O vestido é Miu Miu

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É um choque para mim

Mas eu realmente adorei esse look meio Tony Manero do Shawn Mendes! É Paul Smith

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Nunca escondi que amo a Maya Hawke

Mas ela conseguiu me convencer num Dior de princesa. Eita. Só que espero vê-la em algo um pouco mais, er, contemporâneo da próxima vez…

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Góticaaaa

Aí sim! Katherine Langford arrasou. O vestido, meio qualquer coisa, é Rodarte. Mas que make, hein?

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Sem cintura

Tipo uma atualização dos anos 1920, curto, com cabelo de Mickey. Tudo para dar errado mas Constance Wu é mara, meu bem. O vestido é Prada!

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Yas, queen

Christina Aguilera, minha cafona preferida (mentira, gosto mais ainda de outras ainda mais cafonas). O look é Jean Paul Gaultier

Leia no palco: Taylor Swift estampou os nomes de seus discos na camisa (são as obras sobre as quais está rolando treta nos direitos de gravação, que ela ainda não possui); Billie Eilish mandou um "não tem música em um planeta morto” provavelmente em…

Leia no palco: Taylor Swift estampou os nomes de seus discos na camisa (são as obras sobre as quais está rolando treta nos direitos de gravação, que ela ainda não possui); Billie Eilish mandou um "não tem música em um planeta morto” provavelmente em referência às queimadas na Amazônia, aquecimento global etc. e tal

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Caubói trabalhado no monograma da MCM

Não achei tão bom, achei mais pro exótico. Mas parabéns pela coragem, Diplo

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Garantindo que ninguém rouba o microfone

O de Toni Braxton leva a assinatura dela. Chique! O vestido é Yousef Al Jasmi

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A gente não resiste

a uma bitch de Versace! Kesha, você arrasa na ostentação

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Too much?

Talvez, mas Billy Porter sabe se divertir no tapete vermelho. O look é Thom Browne e o chapéu (que eu dispensaria mas you better do what you want) é Stephen Jones

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Diva dark

Regina King incrível de Ashi Studio

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Mas que colarzão…

O look da Ciara é Balmain

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Eu gosto da Sofia Carson de graça

E de prata também: vestido Francesco Scognamiglio

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Patrick Schwarzenegger

fino no seu look Sies Marjan e no seu sobrenome herdado do pai que exige um Google SEMPRE!

Misty Copeland: a bailarina é moderna, tá, meu bem?

Misty Copeland: a bailarina é moderna, tá, meu bem?

Existe a música pop perfeita?

Há mais de um ano, em maio de 2018, matemáticos da Universidade da Califórnia declararam a descoberta de uma fórmula da música pop perfeita estudando 500.000 top 100 singles do Reino Unido entre janeiro de 1985 e julho de 2015 para determinar quais características eram as mais frequentes.

Muita coisa esquisita, né? Um single que entra nas paradas em 80º e não sai disso é material de estudo para descobrir os segredos de um pop perfeito? Se a universidade fica na Califórnia, por que caralhos eles foram olhar para as paradas do Reino Unido?

Segundo a Dra. Natalia Komarova, alguns segredos são:
. Cantora mulher
. Músicas mais felizes - aquela famosa canção para dar um up no domingo ensolarado
. Músicas dançantes, menos "acústicas”
Ela ainda fala, sobre as letras, que por mais que a quantidade de palavras negativas como kill e hate tenha crescido nas últimas 3 décadas, o público segue preferindo músicas alegres. Chora, Lana del Rey.

Eles ainda afirmam que esse algoritmo descoberto pode prever hits com uma eficácia de 86%.
Bom… De lá para cá, quem chegou ao topo da Billboard na parada de streaming?
Er…

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Entre maio e junho, o número 1 na parada de streaming da Billboard foi ocupado por Childish Gambino e sua inteligente e franca This is America. Quando XXXTentacion morreu, sua música Sad! substituiu This is America por duas semanas. Ela foi seguida por músicas do Drake. Ainda tivemos Eminem, Kanye West, Lil Wayne… O fim do ano foi dominado finalmente por uma mulher: Ariana Grande com Thank U Next.

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Não diria que Thank U Next é necessariamente feliz, e vocês? Mas sim, é uma letra que reconhece a importância do passado, do aprendizado com cada relacionamento… Afff não acredito que estou analisando a letra de Thank U Next a esse ponto! kkkkkkk

Em 2019, tivemos Halsey com Without Me, a mesma Ariana com 7 Rings inspirada no standart My Favourite Things, Lady Gaga e Bradley Cooper com Shallow, Lizzo com Truth Hurts, Billie Eilish com Bad Guy, Jonas Brothers com Sucker mas quem dominou mesmo foi Lil Nas X com Old Town Road.
A música de Lil Nas X é feliz? Não sei dizer, mas é de festa, é meio revoltinha adolescente, quebrou o recorde anterior de semanas no topo do Hot 100 da Billboard que já foi de Mariah Carey com Boyz II Men (a One Sweet Day, que não é exatamente dançante) e de Luis Fonsi + Daddy Yankee + Justin Bieber (o onipresente spaninglish Despacito, que aprimorou o nosso vocabulário de espanhol ao lado das letras da Shakira, do RBD e de Alejandro Sanz).

Considero Old Town Road, One Sweet Day e Despacito bem diferentes entre si, todas com seus diferenciais maravilhosos. A Old Town Road original dura menos de dois minutos e agora a gente sabe que seu autor é gay, puxa um estilo que vem sendo chamado de country trap (!?), é carismático (basta ver suas redes sociais) e surgiu de redes sociais de Gen Z. Não subestimem o novo candidato a rei do pop, viu?
One Sweet Day é da ultimate diva Mariah Carey com Boyz II Men, portanto mistura certa latinidade possível para a época (1995) com o R&B que estava bombando. Mariah já era veterana. O eterno hit de todo fim de ano All I Want for Christmas is You havia sido lançado um pouco antes, no fim de 1994. E One Sweet Day é uma música de luto, quase um gospel sem sê-lo. Babado.
Despacito, bem… São dois latinos de verdade que falam espanhol de verdade com o principezinho que surgiu do YouTube. Sem Despacito talvez Anitta não teria conquistado esse espaço internacional que vem conquistando. Virou uma gíria que uniu o mundo: se você falasse despacito no fim de 2017 para um canadense, ele ia saber do que você estava falando. Claro que existiram diversos outros artistas latinos para que todo esse sucesso de Despacito fosse possível.
E é tudo música pop. Perfeitas, sim.

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Existe entre os gays o mito do pop perfection.
Eles dizem: Born This Way por Lady Gaga? Pop perfection!
Emotion da Carly Rae Jepsen? Pop perfection!
Blackout da Britney Spears? Pop perfection!
(acontece que eles costumam dizer que coisas são pop perfection sem muito critério; brigam entre si por causa disso; "tudo é histórico e nada mais importa além da minha opinião")

Essa é a propaganda do jogo Pop Up Perfection

Essa é a propaganda do jogo Pop Up Perfection

Mas essa história de perfeição pop sempre nos leva aos Beatles. Ou não. Sei lá, para mim leva!

São várias as músicas deles que para mim se encaixam no que a gente imagina que é pop perfection. Além dessa acima, tem Something, She Loves You, Help, Hey Jude (que eu acho um saco mas enfim)… Lista interminável.
Mas o que Lennon e McCartney consideram pop perfection?
John Lennon e também Pete Townshend (do The Who) já declararam que essa era a música pop perfeita:

Dançante?
Feliz?
Bom, tem vozes femininas.

No caso de Paul, ele já disse que sua música dos Beatles favorita é Here, There and Everywhere.

Mas a sua música favorita de todos os tempos é de outra banda contemporânea dos Beatles. Essa aqui:

E para mim Paul está certo: God Only Knows é total pop perfection.

Mas essas coisas variam. Para a gente, para a ocasião. Tem músicas que eu acho perfeitérrimas e não fazem tanto sucesso - então talvez precisemos rever essa ligação que a gente faz entre paradas e sucesso com a perfeição do pop. É relativo, provavelmente. Depende da sociedade, do momento histórico, das referências culturais em alta.
E falando em God Only Knows, reouvi uma música recentemente que cita essa e que eu acho uma delícia apesar de pouca gente conhecer.

Sabe o Ludov? Antes eles eram os Maybees e a Vanessa Krongold cantava em inglês. Se escreve Maybees mesmo, mas no Spotify estão como The May Bees.

Hum, acho que isso é assunto para outro post.

As 4 coisas que gostei do VMA

E esse Video Music Awards, hein? Sabe que fazia tempo que eu não me divertia tanto num VMA. E nem vi inteiro - confesso que fui dormir na apresentação da H.E.R. e só assisti ao show da Normani depois, pela internet. Mas na verdade gostei mesmo do VMA por 4 motivos - e a Camila Cabello, de quem sou fã, infelizmente não é um deles porque a química sexual ali tá em falta (mas o vestido estava bom, parabéns, PatBo!).


Então vamos aos 4 motivos, que na verdade são 4 cantores incríveis:

La Rosalía

Ela atende só por Rosalía mas o povo adora chamar de La Rosalía - eu também, e ela mesma diz La Rosalía em mais de uma música! Já estava de olho nela em 2018 - saiu um post no site da Lilian que fiz a respeito. Isso ainda foi antes dela colocar pra jogo as ótimas Aute Cuture e Con Altura (essa com J Bavin e El Guincho). A voz é linda e, com apenas 25 aninhos, a espanhola já tem no currículo seu segundo álbum, uma obra conceitual falando sobre uma relação tóxica e baseada em um livro do século 13, Flamenca, escrito em occitano e de autoria desconhecida.
Rosalía faz música pop boa em espanhol. É como um desenvolvimento de Shakira, só que ainda mais empenhada em mostrar de maneira contundente de onde veio, qual é sua história, quais são suas raízes musicais. Europeia que não se dobra ao anglicismo (apesar de mergulhada no americanismo já que sua onda é pop mesmo), ela tem um gosto diferente. E nesse resgate das raízes, soa mais legítima para ouvintes mais exigentes do que a Anitta, por exemplo - apesar de eu achar esse viés uma bobagem, referência histórica não é necessariamente sinônimo de qualidade ou autenticidade, e o contrário muito menos.
A apresentação de Rosalía começa séria, com A Ningún Hombre a capella, do tal segundo álbum que já citei. Seguem-se números com coreografia de Yo x Ti, Tu x Mi com o porto-riquenho Ozuna e Aute Cuture. A língua, o ritmo, os parceiros: Rosalía parece latino-americana e isso é genial mercadologicamente. Agrada um monte de gente. E o carisma? Adoro.

Gótica tal qual uma catedral espanhola

Gótica tal qual uma catedral espanhola

Lil Nas X

É a primeira vez que o fenômeno recordista das paradas de 2019 se apresenta no VMA ou em qualquer palco de premiação. Mas ele optou por cantar a nova Panini no lugar de seu ultrahit Old Town Road, não sem antes fazer uma piadinha em vídeo sobre a capacidade eterna de OTR de se renovar em forma de remixes. Na hora da música em si, nada de meme, pelo menos não intencionalmente: um clima meio Tron (1982), meio vaporwave. Lil Nas X é talentoso, bonito e simpático. E é gay, então a princípio já me tem no fandom. Gosto também dessa apropriação do country que ele faz (falei um pouco disso no blog antes), me parece muito mais genuína do que o novo squad de certa loira branquela #prontofalei

Prata da casa: look de Christian Cowan

Prata da casa: look de Christian Cowan

Lizzo

Ela causa e eu adoro: dois meses depois de falar de Rosalía no site da Lilian, falei da Lizzo. E ela ainda nem tinha lançado o ótimo álbum Cuz I Love You. O medley de Truth Hurts com Good as Hell foi mara - turns out she's a 100% that bitch mesmo <3 Teve bunda, teve sombra amarela, teve picumã voando no meio da coreô... Fora o look Moschino dela no tapete vermelho, né? O camp segue forte e agora pop!
#LizzoforUrsula

“Foi daqui que pediram glamour com humor?"

“Foi daqui que pediram glamour com humor?"

Miley Cyrus

Com 26 anos, Miley está acostumada aos holofotes e a ter sua vida exposta nos tablóides. Mesmo assim, é um pouco assustador pensar que o começo, o meio com altos e baixos e o fim (fim mesmo?) do seu relacionamento com Liam Hemsworth foi analisado, debatido e especulado em praça pública. Com o recente término, dizem que a cantora desistiu da estratégia anterior de sequência de novas músicas (depois do EP She is Coming, viria o She is Here e o She is Everything; os 3 formariam o álbum She is Miley Cyrus). No lugar disso, ela fez uma Malibu ao contrário, a Slide Away, lançada em 19/08. Dá-lhe mais especulação: a filha do country que se fez na cidade grande diz adeus para o litoral que ficou marcado como uma coisa do casal. E do Liam em si, que pratica surfe: o refrão diz claramente para ele "deslizar" para o oceano enquanto ela vai voltar para as luzes da cidade. É uma canção triste e bonita. No show do VMA, no qual ela aparece de cabelo com efeito molhado (como se tivesse "saindo do oceano", pegou? Pegou?), vestido preto micro e repleta de colares e pulseiras (styling que ela já vinha explorando desde o lançamento de She is Coming), não existem subterfúgios fora a transmissão da imagem em P&B. Um grupo de cordas a acompanha, e o foco está na voz.
E que voz, senhoras e senhores. Já sabia que Miley cantava muito desde que assisti ao show dela em Londres, na turnê do Bangerz. O melhor é que Miley não só tem alcance e potência mas personalidade na performance vocal. E um timbre que acho lindo. Meu sonho é vê-la cantando Champagne Supernova - já pedi mas não deu certo.

(o plano inicial era ver a Miley em Amsterdã, mas ela cancelou porque estava doente)

E fico feliz nesse momento por esse blog ter um alcance pequeno: assim não tem fandom chato vindo dizer que eu tô errado, né? Sinto muito, acho a Taylor uma chata. E o Jonas Brothers foi uma propaganda de carro legalzinha.
(e teve a Missy Elliot, amo Missy Elliot, um beijo Missy Elliot!!!)

Lindo sorriso

Lindo sorriso

Scarlett Johansson falou sobre a sua tendência de pegar papéis de minorias - e devia ter ficado quieta...

A gente gosta da ScarJo. De verdade. A gente adora desde O Encantador de Cavalos até Match Point, passando por Ghost World - Aprendendo a Viver (mas, OK, confessemos, a gente prefere Thora Birch em Ghost World). E tem Encontros e Desencontros. E a voz dela em Her. E a Lucy, e a própria Viúva Negra.

Mas aí teve A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell e ela era uma branca fazendo uma personagem em teoria asiática e todo mundo viu e todo mundo ficou meio sem graça, para dizer o mínimo.
Há controvérsias. Ainda mais agora que tem gente reclamando porque a nova Pequena Sereia vai ser Halle Bailey, uma negra. Uma das respostas mais usadas para o povo parar de ser otário é o fato de que as sereias são seres mitológicos portanto não são automaticamente ruivas - sorry, ruivas. Em suma: sereia não existe, é um ser imaginário, então não tem cor de pele certa, taokei? Esse texto da coluna da minha amiga Flavia Gasi fala bastante sobre isso, exemplificando lendas de sereias de diversas partes do mundo, do Japão a Mesopotâmia passando por, adivinha só, o continente africano.

Mas se a gente disser isso, a personagem Mira Killian de Ghost in the Shell, uma ciborgue, era japonesa no desenho original. Mas pode não ser no live action. Ciborgues existem de todas as raças no imaginário, certo?
Ao mesmo tempo, a importância da uma maior representação de minorias no cinema esbarra nisso. Se for para substituir por um branco, não conte comigo para nada; se for para substituir por um não-branco, conte comigo para tudo.

Aqui vemos Scarlett querendo o papel de Pequena Sereia - brincadeira, é ela em Ghost in the Shell

Aqui vemos Scarlett querendo o papel de Pequena Sereia - brincadeira, é ela em Ghost in the Shell

No mesmo caso da Pequena Sereia, parece que a vilã Úrsula vai ser interpretada por Melissa McCarthy. Em Descendentes 2, parte da franquia da Disney que mostra os filhos de vilãos (e de mocinhos também), aparece a filha de Úrsula, Uma, interpretada por uma negra, China Anne McClain - aliás, charmosérrima, uma das melhores atrizes do filme.
Úrsula é negra? Úrsula foi inspirada em uma drag queen famosa, Divine. Úrsula é uma drag queen?
A cantora Lizzo já disse publicamente que queria ser a Úrsula.
#teamLizzo (Melissa, adoro você, acontece)

China Anne McClain como Uma em Descendentes 2

China Anne McClain como Uma em Descendentes 2

Esse post da Variety de 2017 fala sobre a reação da organização Media Action Network for Asian Americans (MANAA) a respeito da ScarJo dizendo que ela "nunca iria se esforçar a interpretar uma pessoa de uma raça diferente, obviamente” no programa Good Morning America na época do lançamento do filme. A resposta da MANAA? “Ela está mentindo". No mesmo post também são citados outros whitewashings como o de Tilda Swinton em Doutor Estranho (o ancião é tibetano nos quadrinhos) e o de Speed Racer (com Emile Hirsch no papel principal).

Essa fama de ScarJo ficou tão, digamos, fétida que virou um meme.
Aí, no ano passado, a atriz foi cancelada (é assim que se diz agora, né?) quando surgiu a notícia que ela iria interpretar o homem trans Tex Gill, que virou uma espécie de mafioso do ramo das massagens nos anos 1970 em Pittsburg e cuja história real ia virar o filme Rub & Tug. Foi tanto backlash que ela saiu do projeto.

E aí veio a entrevista para a revista As If.

“As if I would keep quiet!"

“As if I would keep quiet!"

Sobre tudo isso, Scarlett diz o seguinte na entrevista para a publicação:

You know, as an actor I should be allowed to play any person, or any tree, or any animal because that is my job and the requirements of my job. I feel like it’s a trend in my business and it needs to happen for various social reasons, yet there are times it does get uncomfortable when it affects the art because I feel art should be free of restrictions. I think society would be more connected if we just allowed others to have their own feelings and not expect everyone to feel the way we do.
— Scarlett Johansson para As If

Ó lá a branca fazendo branquice, né?

Vamos começar da infeliz comparação com árvore e bicho - a gente sabe que ela já fez o papel de uma voz criada por inteligência artificial em Her mas, amore, acho que quando você é perguntada sobre representação asiática e trans, é melhor você escolher outras palavras.
Mas, acima de tudo, só faltou ela dizer que cansou de mimimi e que o politicamente correto está matando a arte, né?
Aiai, que morte horrível.

Bom, um representante foi correndo na Entertainment Weekly para tentar corrigir o negócio. Aquele papo: editou por cliques, tirou do contexto patatipatatá. Olha aí o comunicado publicado:

The question I was answering in my conversation with the contemporary artist, David Salle, was about the confrontation between political correctness and art. I personally feel that, in an ideal world, any actor should be able to play anybody and Art, in all forms, should be immune to political correctness. That is the point I was making, albeit didn’t come across that way. I recognize that in reality, there is a wide spread discrepancy amongst my industry that favors Caucasian, cis gendered actors and that not every actor has been given the same opportunities that I have been privileged to. I continue to support, and always have, diversity in every industry and will continue to fight for projects where everyone is included.
— Scarlett Johansson para o Entertainment Weekly

O artigo completo está aqui.

Particularmente não gosto da cultura do cancelamento. Mas também acho que você precisa tomar cuidado com as suas escolhas. Não acho que ela pode falar que tem noção do seu privilégio dibowas, sendo que chegou a aceitar ambos papéis e um deles saiu concretamente (e o outro provavelmente teria saído não fosse o backlash).

E antes que algum nerd bobo venha com graça, uma coisa é uma mulher cis branca fazer um papel de uma asiática ou de um homem trans. Outra é ela fazer o papel de uma russa branca. É bem diferente!

(E isso me lembra a crise da falta de diversidade nas modelos da Victoria's Secret; com a contratação da ruiva Alexina Graham como uma das novas angels de 2019. Ela é a primeira angel ruiva e foi anunciada assim - não estou brincando. Para a Glamour UK, ela disse: “I think for me being a red head VS Angel means I get to put red heads out there more. Being an angel is part of having that media outreach so that I can say to young red head kids, ‘you can do anything you want! Nothing is impossible!" Juro que não estou tirando do contexto, você pode ler o artigo inteiro no link…)

Bom, para finalizar, um pouco dele, o nosso tão maltratado HUMOR: