Mas o que mais deixou o povo ressabiado é que o tempo havia passado - e como - e Slimane parecia continuar batendo na mesma tecla. A calça era skinny, tinha o paletozinho, o clima era meio Pete Doherty. Pete Doherty was very last decade e o pessoal tentava entender. Diziam: "essa roupinha tem cara de fast fashion!” Defendiam: “é cara de fast fashion mas com uma qualidade muito maior, quem viu de perto e tocou sabe." Bem esnobe, né, do tipo "chora querida, se você não foi na loja em Paris não sei porque está dando sua opinião.”
A verdade verdadeira? Tinha qualidade muito maior mas tinha cara de fast fashion mesmo. Imprimia algo que, na visão dos especialistas (e inclusive na minha) tinha tudo para dar errado.
E não deu. As vendas aumentaram. Na época a Saint Laurent virou queridinha do grupo Kering. Você sabe, né, isso foi um pouco antes de Alessandro Michele começar a sua pequena revolução na Gucci. É, meu bem, o tempo passa voando…
Só que hoje, se você compara o que Hedi Slimane fez e o que Anthony Vaccarello vem fazendo na Saint Laurent, é nítida a diferença. Não é que Vaccarello tenha mudado tudo - pelo contrário, ele não ignorou o que Slimane fez mas foi além e deu, na minha modesta opinião, mais originalidade e espetáculo para aquilo. A androginia agora tem doses calorosas de uma sensualidade adulta, um jogo de sedução que sempre fez parte da história da maison Saint Laurent. Slimane já era sensual, mas um sensual um tanto raquítico, um tanto jovem demais a ponto da gente questionar se aquilo era… saudável.