O que ouvir e o que ver antes de 2019 acabar?

2019 foi difícil, mas uma das coisas que fazem o ano valer a pena são os FILMES & MÚSICAS
brinks
são os AMIGOSSSS <3

Adoro meus amigos, então pedi para alguns deles darem dicas do que ver e do que ouvir antes de 2019 acabar. Assim você vai ter opções de se entreter no dia 24/12 antes do tender ser servido, que tal?
Vem comigo!

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Awkwafina

Meu marido Pedro quer que você ouça as músicas dela e assista ao filme The Farewell: "Depois de você ouvir e ver, você vai entender. Se você ainda não conhece a Awkwafina é melhor se matar!"

Ai, que gracinha esse meu marido!

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Desserviço ao Consumidor

A série da Netflix que foi lançada faz pouco tempo é a dica da Monayna Pinheiro! Ela recomenda especialmente os episódios sobre vape e sobre a farsa da reciclagem. Babado!

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Romance, o disco novo da Camila Cabello

Ao contrário de alguns críticos, minha sobrinha Julia Wakabara Romualdo acha que as pessoas deviam ouvir o álbum sim: "Ela traz muitos sentimentos não só nas letras mas na melodia, nas batidas, nas repetições. E por mais que não seja uma obra prima, gostei muito da Used to This, tem uma mudança de tons legal"

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A Vida em Mim (2019)

O documentário que está no catálogo da Netflix é a dica da Helô Dela Rosa, sobre a síndrome da Resignação na Suécia. "Me deixa muito chocada saber que isso existe no mundo. E ao mesmo tempo faz total sentido com os problemas do mundo em que vivemos, acho que todo mundo precisa saber que isso existe”

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A terceira temporada do podcast Slow Burn

A dica do Felipe Gutierrez é esse podcast que conta a história sobre a treta entre 2Pac e Notorious B.I.G. de maneira distanciada e objetiva. "Quem, como eu, só acompanhou de longe, vai gostar de entender o contexto, os detalhes e a falta de compreensão em geral"

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Fleabag

Não consegui gostar mas a Flavia Akemi ama. "É uma série que traz a visão de uma mulher mas de um jeito não-romantizado. Tem um humor meio debochado mas fala de questões profundas” - e ela deu a dica de que a segunda temporada é melhor que a primeira!

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Slide Away, de Miley Cyrus

Daniel Beoni disse que "se você terminou relacionamento e gosta de talento", tem que ouvir essa música!
Concordo!

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Salvador Sobral

A dica do artista português é do Roberto Borges. Ele disse que "é demais, quem não conhece tem que conhecer” - eu não conhecia, ouvi e é um som muito bonito mesmo!

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Bixa Travesty (2019)

Cai Ramalho mandou a gente largar tudo e ir correndo para assistir ao filme com a Linn da Quebrada no cinema. Já tá indo? O que está esperando? (Eu tô indo, porque ainda não fui)

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Sylvan Esso

A Yessica Klein explica que "de coisas novas não estou muito a par, mas Sylvan Esso é uma banda que sempre volto a ouvir. Se alguém não conhece, vale conferir antes que o ano acabe!” É fofinha, delícia de ouvir tipo domingo de manhã!

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Mundo Manicongo (2019) do Rincon Sapiência

A Luciana Fontanillas disse que esse disco "com certeza é um must sextou", criando essa expressão que com certeza vou usar em 2020

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O clipe de Róisín Murphy da nova música Narcissus

O Guilherme Itacarambi disse que a gente tem que ver o clipe e depois ver a versão original da Raffaella Carrá que inspirou a Róisín, uma apresentação na TV italiana da música Black Cat. "É tudo o que você precisa ver para começar 2020 with the right attitude!” ACHEI MUITO CHIQUE!

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Willis Earl Beal

A Aurea Calcavecchia foi chiquérrima e indicou Willis Earl Beal, que ela só conheceu esse ano. Som FINO, ele não teve nenhum lançamento em 2019 mas é babado - ela recomenda a música Wavering Lines para começar. E ela disse também que tem que ouvir João Gilberto, João Donato e reler Grande Sertão: Veredas para lembrar do Brasil grande! Fina, né?

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Fado Bicha

A dica do Eduardo Viveiros esteve em SP na semana passada e ele assistiu aos shows: “Eles são o futuro”

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Queer Eye

Mariana Tavares pede por mais Queer Eye e mais Bob Marley: “2020 vai ser osso demais, só com muito sangue nos zóio feat. paz no coração”

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Greg News

Renata Kalil está viciada no programa de Gregório Duvivier: "Estou morando nos EUA e quando chego em casa e coloco Greg News, me sinto mais perto de casa e mais aliviada”

E agora, com vocês…

Os Princesa sugerem

(para os novinhos que não sabem, Os Princesa foi uma banda maravilhosa da primeira metade dos anos 2000)

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O livro Stay Sexy & Don’t Get Murdered: The Definitive How-to Guide

Lady Elsa Jane (AKA Bia Bonduki, a mulher do podcast Eu Tive um Sonho) quer que você leia esse livro: "Fala das jornadas pessoais das mulheres que fazem o podcast My Favorite Murder, me identifiquei bastante”

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O livro e o disco A Tábua de Esmeralda

O álbum é de 1974, então se você ainda não ouviu está um pouquinho atrasado. E o livro é muito mais que um descritivo sobre como o álbum surgiu. A dica é de Über Nagoshi, ou seja: eu mesmo

& finally, o TRATADO de DJ MULHER, AKA Ana Laura Mello

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Com a palavra: ela mesma…

O Jorge me pediu um nome mas como estou muito generosa (mintchira: eu sou a LOUCA DAS SÉRIES), indicarei alguns dos meus títulos preferidos desse ano com especial destaque para A SÉRIE DO ANO (pelo menos aqui em casa) que foi EUPHORIA, óbvio.

Se você virou os olhos, eu só lamento e te mando um sonoro OK BOOMER mesmo que você tenha 30 anos e seja mais nova que o BABY YODA. :D

Euphoria conseguiu falar sobre TRAUMA e da angústia que começamos a conhecer na adolescência com uma fotografia que entorpece aos olhos repletos das makes mais perfeitas dos últimos tempos e jovens atrizes e atores que viraram nossos crushes de forma instantânea.

ZENDAYA RAINHA VAI LEVAR OS PRÊMIO TUDO SOZINHA.
— Ana Laura Mello, a DJ Mulher

E a LISTA DE SÉRIES (mais 3 documentários) PARA VOCÊ ASSISTIR ANTES QUE O ANO VIRE POR ANA LAURA MELLO:

_Euphoria MIL VEZES (ATÉ CORTEI O CABELO IGUAL) (HBO)

_Fleabag (Amazon Prime)

_Watchmen (HBO)

_Sillicon Valley (HBO)

_Chernobyl (HBO)

_Leaving Neverland (HBO)

_Shrill (Hulu)

_The Weekly (New York Times + Hulu)

_Olhos que Condenam (Netflix)

_Explained (Netflix)

_Guerras do Brasil.doc (Netflix)

_Who Killed Little Gregory? (Netflix)

_Bandidos na TV (Netflix)

_Mindhunter (Netflix)

_Narcos Mexico (Netflix)

_Breakfast, Lunch and Dinner (Netflix)

_The Mandalorian do BEBÊ YODA (Disney+) - ainda em curso

Documentários:

_Jane Fonda In Five Acts (HBO)

_Won’t You Be My Neighbor

_I Love You, Now Die: The Commonwealth vs. Michelle Carter

Jane Fonda, que mulher

Jane Fonda, que mulher

Acho que deu para ocupar seu tempo livre agora, né?

Ah, e tem dois filmes que foram bastante citados por várias pessoas, então aviso logo que precisa assistir antes de 2019 acabar:
Bacurau
&
Parasita

Fechou?
Ademais, valorize o cinema nacional, por favor. Grato.

O Natal é camp mesmo, e a gente adora

Papai Noel. Pinheiro com bolas coloridas. Meia decorada pendurada na lareira. Peru assado.
O Natal é muito camp, gente, aceita.
E é por isso que para entrar no clima, várias coisas tem aparecido por aí. Como o especial da Amazon Prime Video da Kacey Musgraves!

Esse é um daqueles casos de "o trailer é melhor que a coisa em si", mas tudo bem, é um videozinho bom para quando você está com o cérebro derretido e não quer pensar.
Camp até a medula, o especial traz piadas idiotas, Zooey Deschanel de franja (porque Zooey Deschanel sem franja não é Zooey e não é camp), Troye Sivan numa roupa que não o favorece, Kendall Jenner na participação mais estranha que uma Kardashian-Jenner já fez em alguma coisa, as Radio City Rockettes em coreô meio Ziegfeld Follies (CAMP DEMAAAAIS), James Corden (er, OK), Leon Bridges (que homem, né?) num número de subir pelas paredes, Dan Levy sendo extremamente humorista judeu em um especial de Natal e… ah, e Lana del Rey e Camila Cabello! kkkkkkkk
As músicas são, na grande maioria, clássicos de Natal mesmo.

Que mais? Tem a música nova da Katy Perry, Cozy Little Christmas. Achei uma bobagem, mas para quem gosta é bom, né?

E o clipe é meio engraçado daquele jeitinho Catu Piry. Mil perucas, incluindo essa tipo árvore de Natal e uma outra loira com chifres de rena; dancinha na taça à Dita von Teese; Papai Noel seminu na massagem; drinques na piscina. Camp indeed.

Tem filme em cartaz no cinema, para quem quer sair de casa:

Uma Segunda Chance para Amar (2019) conta com um maravilhoso elenco (Emilia Clarke, Emma Thompson, Henry Golding, Michelle Yeoh), uma trilha recheada de hits de George Michael (Last Christmas para mim é uma das melhores músicas natalinas EVER, cria do Wham!, a dupla da qual Michael fez parte antes de sair em carreira solo) e aquele climinha de comédia romântica besta misturado com um toque John-Hughes-Esqueceram-de-Mim. Ou seja: pessoas em situação de rua & tempo de comunhão mas sem criança loira.
Ainda não tive coragem de pagar um ingresso de cinema para assistir, mas confesso que estou MORRENDO DE VONTADE.
É o meu lado camp, o que posso fazer?

ATUALIZAÇÃO 15/12/2019: ASSISTI.
Sim, é bobinho. E sim, tem seu toque camp. Mas Uma Segunda Chance Para Amar tem seu lado inesperado. Primeiro que ele não é tão centrado assim nas músicas de Michael. Segundo que, se passando em Londres, ele surpreendentemente traz como pano de fundo as discussões sobre nacionalismo e Brexit! A personagem de Clarke, Kate, na verdade se chama Katarina e é iugoslava. Terceiro: é uma história de amor um pouco diferente, com um twist. Não vou falar mais porque vira spoiler. Também não chega a ser uma revolução cinematográfica. De qualquer forma, me surpreendeu!

Tem um outro especial, mais antigo, que é meio besta mas eu gosto. É o do Bill Murray de 2015, disponível na Netflix e dirigido por Sofia Coppola:

A Very Murray Christmas é sem dúvida camp, mas com aquele toque modernete da dupla Coppola e Murray, com direito a Phoenix (Thomas Mars, o vocalista, é marido de Sofia), e um elenco daquele povo de sempre: Rashida Jones, Jason Schwartzman, Maya Rudolph, Michael Cera. Mas ainda tem George Clooney e Miley Cyrus! É sempre ótimo ver George Clooney e Miley Cyrus.

Agora, se você está atrás de um novo clássico camp…

SIM: existe um especial da Mariah Carey produzido pela Hallmark e disponível na Netflix! Gravado também em 2015, Mariah Carey's Merriest Christmas conta com clássicos e All I Want for Christmas is You, claro, lançado em 1994. Eu simplesmente AMAVA esse álbum Merry Christmas da Mariah; além dessa tinha Christmas (Baby Please Come Home), Santa Claus is Coming to Town e Jesus Oh What a Wonderful Child, que eu não parava de ouvir lá nos Natais da década de 1990.
E o especial traz Mariah em dueto com Babyface! CHIQUE! A música que eles cantam é Christmas Time is in the Air Again. Climinha R&B na noite do dia 24 <3

Ainda na Netflix, cheguei a citar Esqueceram de Mim (1990) nos parágrafos anteriores, certo? Tem uma nova série no serviço de streaming chamada Filmes que Marcaram Época. São 4: Dirty Dancing, Duro de Matar, Ghostbuster e… adivinha?

Esqueceram de Mim é tudoooo. E a história de toda a produção por trás dele também. Então eu recomendo - não só esse episódio da série como todo o resto, cheio de entrevistas com pessoas que participaram por trás das câmeras, alguns diretores e atores. Gostei de verdade!
(Dá para alugar Esqueceram de Mim 2, de 1992, no YouTube. Também é natalino e, apesar de não ser tão bom quanto, meio uma nova versão da mesma história com poucas diferenças, é bem legal também!)
(A Disney, após a compra da Fox, viu Esqueceram de Mim chegar na sua casa. Parece que eles pensam em fazer um remake. Minha opinião? SACRILÉGIO.)

Está bom de opções natalinas para se divertir enquanto espera a ceia? Bom, caso bata aquela bad (sempre bate aquela bad) e você queira curtir essa bad com algo menos camp e mais dramático… Segue a música de Natal mais triste já feita. Fica a dica.

Feliz Natal!
(E fica também a dica de panetone: o da Bráz com laranja cristalizada chocolate e tudo e tal ou o da B.Lem, com recheio de DOCE DE OVOS MOLES, caralho, só de pensar já fico doido)

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Brat Pack parte 7: Curtindo o Brat Pack adoidado - sem necessariamente fazer parte do Brat Pack...

Matthew Broderick fez pelo menos dois filmes de grande sucesso logo no comecinho dos anos 1980: O Feitiço de Áquila (1985), com uma pegada mais fantasia medieval, e Jogos de Guerra (1983), o filme dirigido por John Badham no qual ele dividia a cena com a Brat Packer Ally Sheedy pré-Clube dos Cinco. Badham tinha certa experiência em filmes sobre jovens e as agruras do crescer: é dele a direção de Os Embalos de Sábado À Noite (1977), com um jovem John Travolta.

Jogos de Guerra também é uma história bem fantasiosa, mas na época era mais contemporânea: um rapazinho que arrasa no computador (é um hacker, apesar desse termo nunca ser falado) consegue entrar num supercomputador que controla o arsenal nuclear dos EUA e apronta uma confusão. Ele faz isso com o seu PC e um telefone daqueles de fio todo enroladinho, sabe? Risos! Explorando a paranoia da Guerra Fria, o longa foi um sucesso e, dizem, fez com que o presidente Ronald Reagan investigasse a possibilidade daquilo virar realidade. Sim, existia: e assim começava o envolvimento do Departamento de Defesa norte-americano nessas questões de segurança no cyberespaço!

A coisa fica ainda mais esquisita quando a gente descobre que o personagem David, de Broderick, foi inspirado em David Scott Lewis, que um dia já foi um adolescente hacker (e um dia já teve um blog, o Zero-Day Defense). Tem quem defenda que Jogos de Guerra é inspirado numa história dele… real!

David (Matthew Broderick) e Jennifer (Ally Sheedy) em Jogos de Guerra

David (Matthew Broderick) e Jennifer (Ally Sheedy) em Jogos de Guerra

Mas CALMA. Você chegou aqui sem ler os posts anteriores dessa série que estou fazendo sobre o Brat Pack? Então volta a fita, amore! Confira primeiro:

. Quem faz parte do Brat Pack? E afinal, que raios é o Brat Pack?
. Qual é o primeiro filme do Brat Pack? Tem quem diga um, tem quem diga outro…
. A santíssima trindade do Brat Pack: Molly Ringwald, John Hughes e Anthony Michael Hall
. Clube dos Cinco: o melhor filme do Brat Pack
. O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas: o pior filme do Brat Pack?
. O escândalo sexual de Rob Lowe

Leu tudinho? Inteirou-se? Então vamos seguindo…

Comecei falando de Jogos de Guerra porque existem pelo menos duas coisas que rolam em comum com o filme muito bem sucedido que viria em 1986. David começa a hackear o sistema de computador da escola porque quer mudar o seu boletim (e o da gatinha Jennifer). Ele tem jeito para esse tipo de coisa MacGyver - a série que estreou em 1985 nos EUA - de juntar um grampo e um chiclete e construir um fogão de seis bocas.

E quem também tem problemas na escola (entrando no sistema para mudar o histórico) e tem um lado MacGyver (ou, se preferir, de Kevin em Esqueceram de Mim)?
Sim, ele:

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Ferris Bueller era “o” cara. E Curtindo a Vida Adoidado, a história de um dia da vida de Bueller no qual ele decide tirar folga da escola por meios não exatamente louváveis, virou um filme que todo mundo conecta ao Brat Pack - afinal, é um filme dirigido e roteirizado por John Hughes - mas que não traz um integrante “oficial” do Brat Pack sequer. Broderick já tinha contracenado com Sheedy; depois Alan Ruck fez o filme Jovem Demais Para Morrer (1990) com o rei Brat Packer Emilio Estevez e o membro-satélite Kiefer Sutherland. Ah, e tem a Jennifer Gray, que faz a irmã de Ferris e depois virou estrela com o megassucesso Dirty Dancing: Ritmo Quente (1987). Ela chegou a namorar com Broderick (!!) e, em cena em Curtindo, troca uns beijos com Charlie Sheen.

Gray nunca foi considerada Brat Packer. Sheen sim - o irmão de Estevez virou um sinônimo de doidinho irresponsável de Hollywood com outros colegas, mais próximo da figura que o pessoal imaginava quando falava de Brat Pack do que os próprios membros originais! O seu papel no filme, um delinquente juvenil detido na delegacia, é ótimo, rapidinho mas rouba a cena - assim como a própria Gray.
(Para entrar no personagem, dizem que Sheen ficou sem dormir por mais de 48 horas antes da filmagem!)

Voltando: Broderick era praticamente sósia de outro astro juvenil da época, e que trabalhou num roteiro de Hughes imediatamente antes de Curtindo. Jon Cryer, o Duckie de A Garota de Rosa Shocking (1986), já admitiu sua inveja de Broderick em entrevista por causa do papel de Bueller.

I will admit to some jealously at the time, only because I had heard Ferris Bueller was a great script, and anytime you hear that something’s fabulous and there’s a great part that you’re in the right age range for, you get a little jealous about it.
— Jon Cryer para a Vulture
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Carbono

Se eu falasse que são irmãos vocês acreditavam

Agora eu te dou um dado: Curtindo a Vida Adoidado foi o último filme de adolescente que Hughes dirigiu. Por quê? Tem quem defenda que ele não conseguiu reproduzir a mesma turma de amigos que o instigava e estimulava criativamente antes, tipo os laços que criou com Molly Ringwald e Anthony Michael Hall. Algo se quebrou pelo meio do caminho. O estilo de interpretação de Broderick colidia com o estímulo da improvisação revezado com momentos autoritários do tipo "quero que você fale assim, com essa entonação e fazendo essa cara; imite" do cineasta. Os amigos Ruck (que interpreta o doente e ansioso Cameron Frye) e Mia Sara (que faz a namorada elegante de Ferris, Sloane Peterson) também não entraram muito na do diretor. Ruck, assim como Broderick, já era mais velho. Sara, por sua vez, era muito nova e estava ali meio perdida.

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Nada de criador e criatura

Broderick já era um ator reconhecido quando chegou para o papel de Ferris Bueller. Ele e Hughes não estabeleceram a mesma conexão que outros musos e musas anteriores

Então como a dinâmica desses 3 deu certo? É um mistério. Mas tem outras coisas do filme que eu quero explorar. Você pode continuar vendo-o apenas como um hit bobo da Sessão da Tarde, mas também pode enxergá-lo como algo a mais que isso. Para facilitar, vamos por partes?

Bueller era socialista?

KKKKKKKKKKKKKK
KKKKKKKKKKKkkkkkKKKKKKK
Calma, né, não é para tanto. Mas talvez, no ponto de vista meio vesgo dos norte-americanos, ele esteja mais próximo do socialismo do que para nós.
O fato é que a boina que Bueller usa realmente teria sido inspirada em um cartaz com a icônica imagem de Che Guevara, o que por si só já é muito engraçado.
Fora isso, acho que Bueller fica mais entre o anarquista e o bon vivant. Ele não faz tudo o que faz por um bem maior da sua "classe", ou seja, dos estudantes - seus motivos são bem mais simples, como a gente vai ver no próximo tópico.

Olha a boininha!

Olha a boininha!

Curtindo é mais um filme de Hughes sobre amizade

Por mais que tenha sido republicano, Hughes incluía em suas obras um fundo de diferença de classes sociais quase sempre. Dá para sentir que grande parte das compartimentações e rótulos construídos no Ensino Médio norte-americano passam pelo fato do adolescente ser de família rica ou pobre na visão do criador. Só que Curtindo é quase uma exceção. Cameron é nitidamente mais rico - afinal, seu pai tem uma Ferrari, sua casa é toda toda. Mas isso não impede esses 3 amigos de serem inseparáveis, ainda mais quando a gente descobre que Bueller fez esse day-off porque provavelmente esse seria “o último ano do resto da vida deles", para citar um dos filmes Brat Packer, e ele sabia que a partir do fim daquele ano letivo as coisas nunca mais seriam as mesmas.

Bueller também quer animar o amigo Cameron, que ele sente que está meio down. Ou seja: seus objetivos são, digamos, nobres. Claro que ele também tem um interesse egoísta em se divertir. E a ideia de diversão dele é bem interessante. Vejamos.

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A lista de coisas que Ferris, Cameron e Sloane escolhem fazer em Chicago

Um jogo de beisebol. Hum, faz sentido. Um banho de piscina: quem não quer? Almoçar em um restaurante disputado e chique - maravilhoso!

Invadir um desfile de rua alemão… É, é algo bem diferente, né?

Você tem alguma história de cabular aula assim, cabulosa? Eu tenho várias.
Eu amava cabular aula e nunca pensei direito nisso mas acho que Ferris Bueller era meu ídolo.
No meu colégio era meio complicado cabular aula porque a gente fazia assim: ia até a porta, se encontrava e, se queria cabular aula, tinha que pensar rápido e sair correndo antes que algum professor ou funcionário nos visse. Geralmente a gente ficava meio escondida em algum lugar por um tempo, como na casa de alguém que estivesse vazia, até que começamos a pegar o primeiro ônibus que passava em uma das travessas para sair o mais rápido possível do bairro e não correr riscos.

Aí, um desses dias que pegamos um ônibus, nos tocamos só depois que o nosso dinheiro tinha acabado com as passagens de ida e não teríamos como voltar. O ônibus era intermunicipal, para Embu das Artes, e acabamos descendo na Vila Sônia.
Não tinha muito o que fazer, então entramos em um portão aberto. Era uma escola municipal. Ficamos no pátio até descobrirem a gente.
Aí fugimos do pátio depois de uma série de mentiras - inventamos que estávamos indo para a nossa escola e sofremos uma tentativa de assalto que resultou em entrar na primeira porta aberta que vimos. Paia pura. A Luciana ainda fingiu no orelhão público que ligava para o irmão dela nos buscar! kkkk Aí saímos correndo fugidos, e na confusão a turma se separou. Pedimos dinheiro na rua para voltar para casa e, no fim, todo mundo se reencontrou antes de dar o horário de voltar para casa.

Resumi bem, mas a história completa envolveu até traficante de maconha.

Outro lugar que Bueller visita com seus amigos para ter um perfect day-off é para mim o mais instigante e um dos conjuntos de cenas mais maravilhosos do longa inteiro.
O Art Institute of Chicago é um aceno à sensibilidade cultural que personagens hughesianos possuem. Eles gostam de música, de arte, de cultura. Depois, o Keith de Alguém Muito Especial (1987) sonha em ser pintor e faz um quadro inspirado em sua musa Amanda Jones.

Art Institute of Chicago recebe Ferris Bueller e seus amigos

Art Institute of Chicago recebe Ferris Bueller e seus amigos

Um dos cabelos mais maravilhosos do cinema norte-americano

Tem coisa melhor que Edie McClurg e esse cabelo?

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A atriz diz que sua ideia era que o cabelo fosse estilizado para os anos 1960 porque a personagem Grace achava que o momento em que ela foi mais bonita foi nessa década. Mas a cabeleireira contratada sabia fazer o lisão da Mia Sara e não tinha ideia de como criar o volume sessentista. McClurg arrumou o cabelo ela mesma. Quando Hughes viu, perguntou: "Quantos lápis você acha que consegue guardar no cabelo?” Surgia a improvisação da secretária tirando uma sequência de lápis da cabeleira!

O amadurecimento de Cameron

Tem quem defenda que o real tema central do longa, ou pelo menos o mais profundo e importante, é a passagem de Cameron para a vida adulta. A sua resolução, quase no final do longa, de que enfrentaria o pai é emocionante. Um dos melhores momentos da escrita de Hughes.
Gosto de Bueller, mas gosto muito mais de Cameron hoje em dia. Ele é mais humano, a gente se identifica mais.

Aiai, como é bom relembrar um clássico. Curtindo é um dos únicos filmes dessa série que a gente está tratando nesses posts que está disponível em serviço de streaming por aqui: ele faz parte do catálogo da Netflix.

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E daqui a pouco a gente continua: no próximo post eu conto qual é, na minha humilde opinião (e de algumas outras pessoas), o último filme à Brat Pack que foi lançado. E já adianto que é um longa muito especial, tanto por causa do diretor quanto pelo seu protagonista. <3
Aguarde!

Brat Pack parte 6: Antes de Kim Kardashian e Paris Hilton, existiu Rob Lowe

Um rosto é um rosto.

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O de Rob Lowe, especificamente, é encantador. É a personificação da expressão "He makes love to the camera". A câmera o adora, e a gente também. O padrãozinho, o Ken personificado. Se tivesse um direcionamento de carreira mais interessante e não tivesse um crime lá pelo meio do caminho, provavelmente ele teria ultrapassado o status de galã do Brat Pack e seria um astro tão grande quanto Tom Cruise e Brad Pitt.

Mas espera: você está aqui sem ter lido os posts anteriores dessa série sobre o Brat Pack? Então, antes de mais nada, leia-os! Seguem os links:

. O que é e quem faz parte do Brat Pack?
. Qual é o primeiro filme do Brat Pack?
. A trindade do Brat Pack: Molly Ringwald + John Hughes + Anthony Michael Hall
. A obra prima do Brat Pack: Clube dos Cinco (1985)
. O outro diretor do Brat Pack: Joel Schumacher

Pronto? Então agora podemos continuar essa seção colírios da Capricho.

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Depois de participar de O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (1985), Lowe primeiro apareceu em Veia de Campeão (1986), filme no qual ele faz um garoto mais jovem que promete ser sucesso no hockey no gelo (também estão no elenco Patrick Swayze e um jovenzinho Keanu Reeves). E aí veio Sobre Ontem à Noite… (1986) com a colega Demi Moore. Há dúvidas a respeito da inclusão desse longa no cânone do Brat Pack, pois é um filme mais adulto, com muito mais sexo e é baseado numa peça de David Mamet de 1974 chamada Sexual Perversity in Chicago.

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O elenco de Sobre Ontem à Noite… reunido

Elizabeth Perkins e Jim Belushi em cima, Demi Moore e Rob Lowe embaixo

As pessoas não costumam dar muita trela para esse filme, mas sinceramente acho melhor que O Primeiro Ano. Mais realista, no mínimo. E acharia estranho se alguém dissesse que, em termos gerais, O Primeiro Ano é sem dúvidas melhor - inclusive duvidaria do caráter dessa pessoa! Sobre Ontem é meio Comédias da Vida Privada com jovens adultos, meio drama com um leve verniz mais sofisticado. Originalmente, teria a dupla inseparável Dan Aykroyd e John Belushi no lugar de Rob e Jim Belushi - mas dizem que Jim, que já tinha feito o papel no teatro, não queria comparações com o irmão mais velho. John acabou morrendo em 1982 de overdose de cocaína e heroína.

Esse foi o primeiro filme de Perkins, que já havia feito coisas no teatro, e também o primeiro trabalho de direção em cinema de Edward Zwick (que depois fez Lendas da Paixão e Diamante de Sangue, entre outros). Para o papel de Debbie, disputaram Melissa Leo, Phoebe Cates (de Picardias Estudantis) e Mariel Hemingway, até o papel finalmente chegar na Brat Packer Moore. Há quem diga que esse filme foi importante para a escalada dela em direção ao superestrelato em papéis adultos. Concordo, apesar do desempenho dela na cena do choro deixar um pouco a desejar, para dizer o mínimo… É aqui que a voz rouca e o rosto anguloso e sexy de Demi são mais explorados que nunca. É como a vizinha que à primeira vista não é um gigantesco sex symbol - mas você já enxerga todo o potencial. A clássica capa da atriz nua e grávida na Vanity Fair sairia em 1991.

O truque do fone kkkkkkk

O truque do fone kkkkkkk

Jim e Rob no longa

Jim e Rob no longa

Antes das filmagens, o quarteto do elenco passou por duas semanas de ensaios intensos, num processo de peça de teatro, mesmo. Dá para perceber pelo ritmo dos diálogos que existiu um aquecimento, um entrosamento.

Interessante a peça que foi ponto de partida do longa se chamar Sexual Perversity pois um pouco depois, durante a Convenção Democrata Nacional de Atlanta em 1988 que Lowe compareceu com Ally Sheedy e Judd Nelson, ele acabou fazendo… uma sex tape. Com duas garotas. E uma delas era menor de idade. E as duas fugiram quando ele estava no banheiro do quarto do hotel com dinheiro… e com a fita.

Em 1989, a fita já circulava à toda. E a mãe da garota menor de idade processou o ator, que alegava que não tinha como saber que ela era menor - afinal, a conheceu numa boate, e em teoria todos que entram em uma boate são maiores de idade.
Ainda não existia o termo, mas cancelaram o ator sem dó. Amigos sumiram, contratos evaporaram, e paparazzi rondavam em busca de cliques.
Rehab para seu alcoolismo e vício em sexo se seguiriam. Sobre o processo, ele acabou não sendo acusado de crime, fazendo um acordo que envolveu dinheiro e 20 horas de serviço comunitário.

Outros tempos, não tão longínquos. O que foi a ruína para Lowe depois seria o passaporte da fama de gente como Paris Hilton e Kim Kardashian. O fato de uma das meninas ser menor de idade foi um agravante, claro. E ele já era muito, muito famoso. Não era o caso delas…

Depois de uma participação em Quanto Mais Idiota Melhor (1992), só com a série de TV West Wing: Nos Bastidores do Poder (1999-2006) que Rob voltaria a ganhar algum destaque maior como ator. Ou seja, foi praticamente uma década na geladeira. Ele teria sido grande como George Clooney se isso não tivesse acontecido? Nunca saberemos. Não confio muito no talento dramático dele, mas não estou sendo preconceituoso? É provável. Segundo o próprio, em entrevista para Oprah Winfrey em 2011, isso foi a melhor coisa que aconteceu para ele porque levou-o a uma aceleração no vício do álcool e consequente sobriedade em seguida.

Em 2014, Lowe conseguiria já brincar com o fato fazendo parte do elenco do filme Sex Tape: Perdido na Nuvem. Eita.

Na TV que Lowe encontrou mais espaço. Californication, Parks & Recreation e Code Black são algumas das séries das quais ele participou. Outro papel dele que eu acho o máximo é o de dr. Jack Startz em Minha Vida com Liberace (2013) - o cirurgião plástico que, digamos, exagerou um pouco na dose, ele mesmo, em seu lindo rostinho.

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Dr. Jack Startz

Ah, a doce busca pela eterna juventude…

Mas a gente pode ficar despreocupado - isso tudo foi maquiagem para o longa. Lowe continua belo.

Pelo menos eu acho. Você acha?

Pelo menos eu acho. Você acha?

Aliás, assista ao filme sobre o Liberace se você ainda não assistiu. Michael Douglas faz o personagem principal e é bem legal.

Sobre Ontem à Noite ganhou um remake com um elenco negro: Kevin Hart no papel de Bernie, Michael Ealy como Danny, Regina Hall como Joan e Joy Bryant como Debbie. Não vi, mas assisti o trailer e… hum… tô de boa.

O próximo post é aquele que você está esperando para CURTIR, sim.

Sabe?

Ah, você sabe… Aguarde!

Será que o novo filme sobre Elvis Presley vai ter uma ligação com as... Kardashian-Jenner?

Sim, isso é possível.

Nem todo mundo lembra, mas Caitlyn Jenner já tinha dois filhos antes de casar com Kris Jenner e ter Kendall e Kylie. Ela era o marido de Linda Thompson, com quem teve Brody e Brandon. Brody Jenner, aliás, era quem estava com a fofita Kaitlynn Carter - depois de terminar com ele, ela namorou Miley Cyrus.
Que baita pororoca, né?
Vou dar uma pausa para você observar o nome de Kaitlynn Carter. Será que algum dia conseguirei escrever esse nome sem precisar olhar no Google?

Enfim. Voltando para Linda: antes dela casar com Caitlyn em 1981, ela namorou com um cara que não era exatamente um campeão olímpico mas que era muito famoso.
Muito famoso.
Muito muito muito famoso mesmo.

Elvis Presley e Linda Thompson

Elvis Presley e Linda Thompson

Sim, esse post é mais uma desculpa para falar de Elvis.

Linda conheceu o rei quando tinha 22 anos - ele era 15 anos mais velho. Foi um relacionamento longo, de 4 anos e meio, entre 1972 e 1976. Isso porque o casamento com Priscilla só acabou em 1973!

Linda diz que era virgem, e que Elvis respeitou sua opção de não, em um português bem claro, dar logo de cara. Esperou pacientemente por dois meses, como um gentleman, até ela se sentir pronta. Sendo que eles dormiam todo dia na mesma cama. Meio complicado de acreditar, mas ela também não teria motivo para mentir. Ou teria? Dizem que ela dividia o gosto por música gospel com Elvis - ou seja, fazia a linha puritana que o cantor tanto gostava.

Quando eles terminaram, Elvis começou um novo relacionamento com Ginger Alden. Foi ela quem encontrou Elvis Presley morto em 1977.

Elvis e Ginger Alden

Elvis e Ginger Alden

Como Priscilla foi quem teve a única filha e herdeira de Elvis, Lisa Marie, e quem manteve um relacionamento por mais tempo com ele (e a única com quem ele realmente casou), ela continua sendo a viúva mais lembrada.

Será que toda essa história vai ser mostrada no longa de Baz Luhrmann? Eu ia amar. E também ia amar ver o Austin Butler, escolhido para encarnar o rei, fazendo o Elvis dos anos 1970… kkkkkkkk TUDO!

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elvis-presley-linda-thompson-2.jpg

Confesso:

queria os figurinos anos 1970 nesse filme!