É hora de Sailor Moon

Oh, sim, pelo poder do prisma lunar!

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Sailor Moon apareceu primeiro em mangá, uma criação de Naoko Takeuchi que foi publicada entre 1991 e 1997. Mas você provavelmente a conhece em sua versão anime, produzida entre 1992 e 1997 pela Toei. Ainda contou com uma versão live action entre 2003 e 2004 (???) e uma nova série de anime entre 2014 e 2016. Dizem que essa nova versão é um reboot mais fiel ao mangá do que à primeira série de TV.
E esse live action é tão bizarro que deve ser maravilhoso:

Agora, a notícia é que esse reboot vai ter um longa, a ser lançado em 2020 e que funcionaria como a 4ª temporada do anime. O nome do longa é algo como Sailor Moon Eternal.

No fim de agosto saiu uma coleção de camisetas da Uniqlo com licenciamento Sailor Moon, comemorando o 25º aniversário da heroína. “Mas o 25º aniversário do mangá não foi em 2016? E do anime não foi em 2017?” Ai, sei lá, não faz pergunta difícil. Gostei de duas peças:

Outras marcas também lançaram licenciamentos recentes, como a americana Target e a japonesa Isetan. Minha opinião: tudo meio brega.

Outras coisas legais do mundo Sailor Moon ultimamente?
Bom… você já ouviu o Sailor Moon Remix, reggaeton da Yuranis Leon? É muito ruim, ouça por sua própria conta e risco:

Alguém avisa essa mulher que a Sailor Moon e a Barbie são coisas diferentes?

Para quem gosta de dioramas (que é a representação de um cenário ou local em tamanho miniatura): vai estrear o maior parque de dioramas do mundo em Tóquio, o Small Worlds Tokyo. Ao mesmo tempo que soa esquisito, é muito instigante observar dioramas, você devia experimentar. kkkkk Num espaço enorme vai ter diorama de bairros de Tóquio, do aeroporto de Kansai (que é uma área aterrada no mar, sabia?), e também a cidade Neo-Tokyo 3 de Evangelion e da Sailor Moon: a Tóquio do mangá e anime e a Tóquio do século 30 que é de onde a personagem Chibiusa veio.

Ops, acho que vi um Tuxedo Mask logo ali

Ops, acho que vi um Tuxedo Mask logo ali

Como os japoneses adoram um restaurante temático, agora eles também tem um restaurante da Sailor Moon chamado Shining Moon Tokyo.

Uma graça, né? Mas digo logo, com a experiência de quem já foi no restaurante do museu do Snoopy, no do AKB48 e outros: a comida é totalmente instagramável e totalmente sem gosto. <3 Acontece!

E se você gosta de coisas kawaii, confira esses outros posts desse blog que vos fala:

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ATUALIZAÇÃO 30/09/2019 às 16h48: GENTEEE, eu esqueci um detalhe muito genial desse novo momentinho Sailor Moon. Kevin Germanier, estilista egresso da Central Saint Martins (a escola de moda inglesa que nos deu tantos talentos como Alexander McQueen, Stella McCartney e John Galliano) e finalista do Prêmio LVMH desse ano, fez uma coleção de spring 2020 apresentada em showroom em Paris inspirada na Sailor Moon para a marca que leva seu sobrenome!

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Supercolorida sem ser literal

Uniforme de super-heroína fashion!

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Furos com franjas cheias de brilho

São os ferimentos das batalhas!

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Glamourosaaaa

Eu AMEI esse vestido

Curtiu?

Curtiu?

Meiko Kaji: a rainha está vivíssima e num papel maravilhoso

"Todos somos únicos e diferentes, e isso é algo maravilhoso"

É essa frase que Meiko Kaji fala logo no primeiro episódio da série Kinou Nani Tabeta?, ou O que você comeu ontem? em português. Sem trocadilhos, por favor: é uma série inspirada em um manga de Fumi Yoshinaga sobre um casal gay de meia idade vivendo em Tóquio. Kenji Yabuki (Seyô Ushino) é cabeleireiro e Shiro Kakei (Hidetoshi Nishijima) é um advogado, e o segundo ainda está no armário no trabalho. Kaji faz o papel da mãe de Kakei, que é super pra frentex e quer que o filho saia do armário, do alto da sua gueta!

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Hisae Kakei

Mais conhecida como o ícone Meiko Kaji

Ah, se você não sabe quem raios é Meiko Kaji, posso te mostrar…

O babado é CERTO. Mas vamos começar do começo: o trabalho marcante do começo da carreira dela aconteceu no começo dos anos 1970, na cinessérie sobre delinquentes juvenis (isso mesmo, era uma série de filmes sobre delinquentes juvenis) chamada Noraneko Rokku.

Acho que é ela no 1'27''.
O estúdio que produziu esses filmes é o Nikkatsu. Só que a coisa tava começando a enveredar para a bagunça - eles estavam entrando na onda do pinku eiga, tipo uma versão nipônica da nossa pornochanchada. Para evitar participar desse tipo de filme, Kaji foi para a grande Toei. Acontece que lá ela acabou entrando em quase que um primo do pinku eiga, uma exploitation na vertente "mulheres na cadeia” - ou você achava que Orange is the new Black tinha brotado apenas de uma história real?

Sim, existe um subgênero "filmes de mulheres na cadeia” no qual são explorados temas como voyeurismo, sexo lésbico, bondage, estupro - você pode imaginar todos os tipos de abuso, né? E Kaji é a estrela de um dos maiores clássicos do gênero, mas numa pegada fina: Joshū Nana-maru-ichi Gō / Sasori (1972). Ou, para os ocidentais, Female Prisioner #701: Scorpion.

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Quando eu digo "pegada fina", meu bem…

I really mean it

A personagem de Kaji, Nami Matsushima, é enganada pelo boy dela, um policial corrupto, e acaba estuprada por uma gangue de traficantes. Ela tenta esfaqueá-lo mas não rola, e acaba presa. É lá que ela recebe o número 701.
Ela vai passando por poucas e boas, mas vai criando uma casca grossa e se transformando na sinistra Scorpion. E sua sede de vingança só aumenta…

Se a música não é estranha para você, não é uma coincidência. O tema da cinessérie Scorpion, chamado Urami Bushi, é cantado pela própria Kaji foi usado para um filme que também trazia uma mulher com muita sede de vingança: Kill Bill. O outro tema que apareceu ali no começo, Shura no Hana, tema de outro filme e também cantado pela artista, aparece em outra cena de Kill Bill:

Digamos que Quentin Tarantino gosta BASTANTE de Meiko Kaji.

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Lady Snowblood

foi lançado logo em seguida do primeiro Scorpion, em 1973

O longa também é uma história de vingança. A história é uma loucura: Sayo viu seu marido e seu irmão morrerem nas mãos de quatro criminosos. Ela consegue matar um mas vai presa. Aí seduz os guardas e transa com eles para poder conceber Yuki, que é a personagem de Meiko Kaji. Uma filha concebida para a vingança! A missão dela é matar os três criminosos restantes. E, claro, ela vira uma máquina de matar, mesmo!

Nos anos 1980, Kaji acabou indo trabalhar na TV.
Com a redescoberta do seu lado cantora via Tarantino, ela lançou um disco novo em 2011:

O álbum tem momentos surpreendentemente roqueirões ao lado das esperadas baladas! Um babado.

E a notícia meio boa, quase boa, é que tem uma página do Facebook que está publicando a série Kinou Nani Tabeta?. Acontece que… as legendas estão em espanhol. Pero hagamos un esfuerzo kkkkkk Vem no primeiro episódio!

Devolvam o meu cavaleiro queer de Andrômeda!

Você gosta de Cavaleiros do Zodíaco? A 2nd Floor, que lançou uma coleção licenciada em 2015, chega com a segunda leva de camisetas agora, provavelmente na onda do remake da Netflix que estreou no serviço de streaming em julho.

Que amor! &lt;3

Que amor! <3

Os desenhos são da versão original

Os desenhos são da versão original

São 12 camisetas e 5 moletons que chegam nas lojas a partir de 2/09. As camisetas vão custar de R$ 139 a R$ 189. Os moletons saem por R$ 479.

Aí a gente aproveita para falar dessa nova versão de Cavaleiros, em CGI. O problema não é ser CGI - mas é um CGI meio tosco, tipo de Playstation 2 (nem sei do que estou falando, parei de jogar videogame no Supernintendo, então leia essa fase do tipo "CGI tosco como o de um videogame antigo"). Se é para ser meio tosquinho assim, melhor continuar no desenho manual mesmo, né? Mas a verdade é que o CGI deve agilizar a produção, provavelmente.
Você assistiu? Eu só vi o primeiro e o segundo episódios. Achei qualquer coisa, mas acho que de uma amostra tão pequena não dá para chegar em muitas conclusões.
Só que, você já deve saber, o cavaleiro de Andrômeda Shun virou Shaun, uma mulher.

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Na época (dezembro de 2018 para ser mais exato), o roteirista Eugene Son mandou o maior textão para explicar porque Andrômeda agora era uma mulher. Usou a carta da representatividade para dizer que eles precisavam incluir uma personagem feminina forte na turma dos cavaleiros de bronze.
A Toei, na figura do produtor Yoshi Ikezawa, fez a mesma coisa.
Só que eles falharam em responder um pequeno detalhe: por que o cavaleiro de Andrômeda, exatamente, e não outro?
Escolhendo Shun e transformando-o em Shaun, eles falham ao estragar a questão da representatividade queer, já que era um tanto óbvio que Shun era diferente dos outros cavaleiros, e a sua relação com Hyoga de Cisne reforçava ainda mais esse ponto.

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Lembro-me de entender que Shun era gay, simples assim. Quero deixar claro que acho a questão da representatividade feminina importante, mas por que não transformar Shiryu? Ou criar uma nova personagem? Ao transformar Shun em Shaun usando o discurso de “estamos sendo politicamente corretos", a produção é ainda mais perversa - o que ocorre nessa nova versão é o apagamento de um elemento queer que poderia incomodar os pais mais conservadores de 2019 com uma desculpa que poderia pegar bem entre os mais liberais.
Para mim não colou. Fiquei com raiva mesmo. Sem comparação com os tontos que reclamaram da Pequena Sereia negra, do Batman Pattinson, do Ghostbusters das mulheres - acredito que colocar a turma queer contra uma reivindicação feminista é coisa de vilão de ficção mesmo. Que nojentos FDP!

Então pinta aquele agradecimento público para a 2nd Floor - como dá para ver na primeira imagem, eles continuam usando a imagem de Shun. <3 #shunforever

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