Manobras orquestrais nas sombras... e um monte de coisa que amo em um só post

Tem uma coisa que não gosto nesse post, mas apenas uma. O camuflado dazzle.

Isso é um navio da Primeira Guerra Mundial com a camuflagem dazzle

Isso é um navio da Primeira Guerra Mundial com a camuflagem dazzle

Nunca gostei de camuflado. Ele está voltando à moda e eu * apenas observo * porque acho bélico, acho bizarro ter se transformado em algo da moda, e resumindo acho feio. Já devo ter usado camuflado em algum momento da minha vida, mas hoje acho sem cabimento.
Sei que a camuflagem tem esse subtexto de proteção, de se esconder na paisagem. Mas isso é para fins bélicos. Para mim é o bastante para não curtir.

Mas esse camuflado dazzle é algo bem peculiar, né? Um cara chamado Norman Wilkinson que inventou: ele acreditava que, sob a ótica de um periscópio, essa pintura meio cubista confundiria o inimigo em alto mar. Diz que intuitivamente ele mudou tudo: redefiniu a camuflagem, que até então era ligada ao conceito de baixa visibilidade, e incluiu uma altíssima visibilidade, o extremo oposto. Esse P&B todo modernoso deixaria o cálculo do disparo de um torpedo difícil e salvaria um navio que, do contrário, seria difícil de simplesmente esconder naquele tamanhão.
A zebra já sabia disso faz tempo…

Uma exposição que esteve em cartaz até abril em um museu em Tucson, Arizona, foi mais a fundo no camuflado dazzle e pensou a sua influência na arte, na moda e na cultura pop. Ela se chamava Dazzled: OMD, Memphis Design and Beyond.

Memphis Design

Cadeira Bel Air de Peter Shire na exposição do Moca (Museum of Contemporary Art Tucson)

Cadeira Bel Air de Peter Shire na exposição do Moca (Museum of Contemporary Art Tucson)

Uma parte dessa exposição trazia exemplos do movimento de design italiano da década de 1980 chamado Memphis e fundado por Ettore Sottsass, cheio de cor e geometria. Diz esse post aqui de 2018 do My Modern Met que o Memphis está voltando. Nossa, eu acharia o máximo se isso acontecesse! Ei, Alessandro Michele: tudo a ver com a Gucci, hein? Fica a dica básica para o Salone del Mobile do ano que vem…

Na mesma exposição em Tucson tinha uma instalação. Essa aqui:

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A ideia era fazer uma imersão em um álbum de uma dupla, a Orchestral Manoeuvres in The Dark, o chamado Dazzle Ships. Esse aqui:

Não entendeu nada dessa primeira música do álbum? Pois bem: é porque ele é um dos mais conceituais da banda que começou na mítica Factory Records.
E sabe quem desenhou essa capa? Bom, se você conhece um pouco da história da Factory Records, deve desconfiar…

Peter Saville

Não sei nem como começar a descrever o quão influente o designer gráfico Peter Saville é. Nesse artigo do Guardian ele fala das suas capas preferidas que criou para Joy Division e New Order, apenas duas das bandas com as quais colaborou.

Saville também é o cara que fez, a convite do diretor criativo Riccardo Tisci, o novo monograma da Burberry.

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Se eu gosto? Não muito…

Não é o meu trabalho preferido de Saville. Mas quem tem que gostar são os clientes e não eu - risos! Repare que a cor de fundo, que tem a ver com o cáqui tradicional do trench coat da marca, também é o gengibre sobre o qual comentei nesse post!

Saville ficou empolgado quando soube que existia uma banda com o nome Orchestral Manoeuvres in the Dark, que já tinha uma música chamada Electricity. Era tipo "descobri o Kraftwerk inglês"! Aí ele encontrou com a dupla Andy McCluskey e Paul Humphreys e disse:

You sound like the future but you don’t look like the future.
— Peter Saville para o OMD quando os conheceu

Que bom que ele resolveu dar uma ajuda, né? As capas são in-crí-veis!

Orchestral Manoeuvres in the Dark

McCluskey & Humphreys, a alma da banda

McCluskey & Humphreys, a alma da banda

Eles são da turma pioneira do synth-pop, com o single Electricity lançado em 1979 (para dar uma situada, Nag Nag Nag do Cabaret Voltaire saiu no mesmo ano; Warm Leatherette do The Normal é de 1978; o predecessor Kraftwerk lançou o primeiro álbum em 1970; o Yellow Magic Orchestra foi formado em 1978 em Tóquio; Depeche Mode sairia com seu Speak & Spell em 1981; Don't You Want Me do Human League chegaria nas paradas no fim do mesmo 1981).

O OMD conheceu seu primeiro hitzão em 1980, com esse petardo aqui:

Sim, é uma música sobre o Enola Gay, avião responsável por jogar a bomba atômica em Hiroshima em 1945. Meio bobinha (mas divertida), é uma música antiguerra - quem diria que a camuflagem no disco viria 3 anos depois?

Mas a minha preferida do OMD é essa daqui:

Tão chique quanto Roxy Music, na minha humilde opinião.

Mas e o Simple Minds, hein?
OK, o Simple Minds não é tão chique.
Sei que tirei eles do nada aqui nesse post, nem são synth pop, nem tem capa assinada por Saville (they wish!!), mas são contemporâneos do OMD e são do Reino Unido (mais especificamente de Glasgow).
Será que eles têm mais alguma coisa em comum com o OMD além disso?
Ah, mas pode apostar que sim: ambos fizeram músicas importantes nas trilhas de filmes de…

John Hughes

A música do Simple Minds espero que você já saiba, pois bem manjada:

Até tem uns trechos do ótimo Clube dos Cinco (1985) no clipe de Don't You (Forget About Me). O que você talvez não saiba é que essa mesma música foi usada como trilha base para uma outra cena final de um outro filme de Hughes, o megafashionista A garota de rosa-shocking, do ano seguinte.

O longa traz mais uma vez a musa adolescente Molly Ringwald, superestilosa no papel de Andie em suas peças garimpadas de brechó tipo stylist nata, e o melhor amigo Duckie (John Cryer, que depois voltaria a ver a fama em Two and a Half Men).
Esse artigo do Entertainment Weekly conta para a gente que o fim da trama seria Andie nos braços de Duckie e rejeitando o boy lixo Blane (Andy McCarthy, a pior cara de fuinha que o cinema já conheceu). Seria um sonho? No fim, em cima da hora, fizeram a Andie acabar com o Blane mesmo e perderam a chance de formar uma dupla (Andie e Duckie) que construiria um império fashion. Acontece.

Um dos melhores momentos com música do filme é esse aqui:

PURO AMOR.

Mas na verdade a música sobre a qual queria falar é a do fim. Como eles mudaram o roteiro em cima da hora, a música que já estava feita pelo OMD não fazia o menor sentido.
Sim, o Orchestral Manoeuvres in the Dark fez uma música para A Garota de Rosa-Shocking (que não foi usada) e aí teve que fazer outra com o andamento específico de Don't You (Forget About Me) para conseguir encaixá-la na cena - em 24 horas! E o resultado virou o segundo grande hit depois de Enola Gay!
Olha aí:

(Andie, sua trouxa)

E esse foi o post que saiu da Primeira Guerra Mundial e chegou em um vestido customizado incrível usado pela tonta da Andie que ficou com o boy errado.
Para quem quiser ouvir a canção If You Leave do OMD sem o áudio do filme, ei-la:

E um extra para quem gosta: Jon Cryer refazendo a cena de Try a little tenderness com James Corden. Aviso logo: não faz juz à original.

Franquias de sucesso sempre lançam licenciamentos - mas eles nem sempre são tão legais

Nessa viagem que fiz para Londres fiquei reparando muito em licenciamento de franquias do mundo do entretenimento e como eles variam bastante em qualidade de design. E mais importante: os blockbusters (tipo Harry Potter, universos Marvel e DC, Star Wars) estão cada vez mais dividindo espaço com séries de TV e de serviços de streaming. Achei estranho não ter visto quase nada de Game of Thrones, porém, olha que bizarro: tinha várias coisas de Friends na Primark!

Achei simplesmente horroroso mas sou simplesmente muito suspeito pois faço parte do 0,03% da população que não vê muita graça em Friends. (sobe o volume da trilha, toca Sorry da Beyoncé ao fundo)

Aí, caso você não tenha acompanhado minha viagem nos stories do Instagram (ainda dá para ver no destaque chamado SpiceWood Mac, vai lá!), está rolando uma exposição de mangá no British Museum (interessante, por sinal, porém cara, quase £ 20). Não sei se por causa disso ou se é coincidência, mas a Uniqlo está com uma coleção de licenciamento de mangás.

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Legal, porém

não gosto de Bleach e não gostei das outras camisetas que vi

Na verdade, o que mais gostei na Uniqlo dessa vez foi essa camiseta…

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Sim, isso mesmo

É uma camiseta licenciada da maionese do Kewpie! A Uniqlo tem toda uma linha de camisetas da Kewpie Mayo! Chocado! Você lembra da história dessa maionese? Contei nesse post!

Tem toda uma linha de marcas de consumo - na Primark também, aliás. Para quem gosta de Super Mario Bros, a Uniqlo também está com várias coisas. Só que em matéria de mangá…

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A Primark ganhou

Achei bem mais legal #narutolover

As fast fashions brasileiras (leia-se C&A, Riachuelo e Renner) têm licenciamento mas acho que poderia desenvolver muito mais: Disney, Harry Potter, Marvel, DC, Simpsons, Justin Bieber, Pernalonga são alguns que me lembro de ter visto por essas praias. Mas imagina blusa da Carminha, do Tonho da Lua, da Ana Maria Braga, da Ludmilla, da Escolinha do Professor Raimundo? Ia ser tudo!

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Cacilda ícone

A original, per favore

E uma novidade quentinha é que daqui a pouco sai a coleção de Stranger Things 3 da Nike, que vai contar com tênis e roupa. No exterior começa a ser vendida dia 27/06; por aqui não se sabe se chega.

ATUALIZAÇÃO: chega sim, ou melhor, chegou, no dia 27/06 também, na Guadalupe Store em SP, e provavelmente já acabou mas vai saber, quem sabe correndo você acha algo?

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São relançamentos de modelos dos anos 80

Cortez, Blazer e Tailwind. Acho os 3 lindos, mas prefiro o clássico Cortez mesmo!

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Queria moletom e bruzinha escrito Hawkins?

Queria sim, e você também

Achei que a união da Nike com a Netflix é bem boa, hein? Será que vem mais coisa por aí?

Aliás, Stranger Things 3 chega no dia 4/07 na Netflix. Empolgados? Eu tô! Ainda mais que agora vai ter a maravilhosa Maya Hawke, filha de Uma Thurman e Ethan Hawke, no elenco. Acho a Maya incrível do tipo “pouco te vi, sempre te amei”. Portanto: Nike, lança uma camiseta com a cara da Maya Hawke, vai?

É uma cara linda. Fica aqui o meu apelo.

É uma cara linda. Fica aqui o meu apelo.

A nova febre é amarela!

A representatividade oriental em obras de ficção ocidentais sempre foi… Meh.

Né?

Né?

Um dos grandes exemplos é Anna May Wong, atriz filha de imigrantes que começou atuando em cinema mudo nos EUA. Ela sempre foi subaproveitada por Hollywood. Esse artigo do Buzzfeed conta bem essa história.

Eu poderia enumerar mil absurdos, de Ghost in the Shell com a branca Scarlett Johansson ao personagem que é puro estereótipo Long Duk Dong em Gatinhas e Gatões de John Hughes (uma das únicas coisas que me faz falar mal de John Hughes). Poderia falar do pastiche que foi uma das últimas novelas da Globo, a Sol Nascente - que pelo menos tinha a atriz Jacqueline Sato, mas ela parecia cumprir uma espécie de cota numa novela teoricamente destinada a falar sobre imigrantes japoneses só que protagonizada pela Giovanna Antonelli. Oi? Num momento de ascensão do k-pop, num país que traz a maior concentração de japoneses fora do Japão, num local onde uma das estrelas mais quentes é a Sabrina Sato (mesmo fora da Globo!), num lugar onde um dos maiores heróis pop mais queridos e mais lembrados é o Jaspion (e tem Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z e Naruto coladinhos nele)… Aí você vem demonstrar medo da aceitação de atores e atrizes de origem oriental? E aí chega com aquela velha desculpa que “não tem ator oriental”? Sei: do mesmo jeito que não tem modelo negra, né, more?

Isso tem um nome: racismo.

É um fato que a representatividade tem crescido. Também é um fato que às vezes ela é uma fachada - me incomoda essa coisa da campanha da marca que nunca se preocupou com isso de repente ter um “inclui a gorda e a negra, mas não esquece da loira magra e alta também, né?”
Preguiça.
E a verdade é que os orientais, especialmente no Brasil, ainda são botados para escanteio mesmo quando a representatividade bomba.

Existe também o estereótipo sexual do asiático submisso, o que pode funcionar como fetiche ou exatamente o contrário, como uma imagem assexual do homem asiático. Um vídeo da MTV americana que ganhou certa fama é bem interessante, confira:

Mas se você acha que homens asiáticos não são sensuais você com certeza nunca viu um filme sequer de Akira Kurosawa com Toshiro Mifune.

Não existe como resistir a esse homem!

Não existe como resistir a esse homem!

Olha esse homem, pelamor!

Olha esse homem, pelamor!

Até uma pedra ficaria atraída por esse homem!!!

Até uma pedra ficaria atraída por esse homem!!!

Na época do Orkut eu participava de um grupo que se chamava Orientais Sexy Cool do Brasil.
HAHAHAHAHAHAHA sei lá, só queria jogar essa informação por aqui.

Bom, existem sinais de que as coisas estão finalmente mudando. Deveriam mesmo: a cultura asiática cresce no mundo todo.

Asia has several of the world’s largest economies, most of the world’s foreign exchange reserves, many of the world’s largest banks and most of the world’s largest armies. From trade wars to Silicon Valley and university admissions, Asian influence seems to be everywhere. Just last month, Beijing held its second forum for the “Belt and Road” initiative — the most ambitious infrastructure investment plan in human history.
— Nicolas Gattig, no Japan Times

A frase de cima foi tirada de um artigo no Japan Times sobre o livro The Future is Asian no começo desse mês de junho. Gattig descreve a obra como um “Podres de Ricos” (o livro) com infográficos. Risos!

Mais?
. Em março, o Hollywood Reporter olhou para a produção audiovisual de Cingapura, Indonésia, Vietnã, Malásia e Tailândia.
. Acabou de ser lançada no Reino Unido a The Wow, revista voltada para mulheres asiáticas. O fundador Wei Liu reclama da falta de representatividade nas revistas ocidentais. Saiba mais no South China Morning Post.
. O mercado asiático-americano gastou - está sentado? - US$ 1 trilhão no último ano. E o capitalismo não é idiota a ponto de ignorar essa informação por muito mais tempo. A info é do Asian Journal, de 15/05.

É por essa última informação, também, que a maioria das referências culturais mezzo asiáticas mezzo ocidentais que estamos vendo agora são dos EUA. Essa população de imigrantes que formou família (ou seja, com uma grande parte de adultos nascidos nos EUA mas que se identificam bastante com a cultura dos pais e dos avós) acaba ela mesmo produzindo cultura para si mesma, do mesmo jeito que a população afro-americana faz há algum tempo. Seria maravilhoso ver o mesmo movimento no Brasil - será que vai rolar? Será que já está rolando?

Vou colocar aqui embaixo mais umas referências asiáticas contemporâneas e a minha curadoria é tipo “é asiático e eu acho legal”. Hehehe. Confira!

Esse é o Ken Jeong. Ele é um dos atores que ainda brincam com estereótipos - mas com mais lugar de fala, do tipo “dê risada junto comigo e não de mim”

Esse é o Ken Jeong. Ele é um dos atores que ainda brincam com estereótipos - mas com mais lugar de fala, do tipo “dê risada junto comigo e não de mim”

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Awkwafina

Alerta superestrela

Ela é uma rapper muito engraçada, ela é uma comediante muito engraçada, uma atriz muito talentosa. Esteve em dois filmes bem importantes: Podres de Ricos (sobre o qual a gente fala daqui a pouco) e Oito Mulheres e um Segredo. Este artigo do Buzzfeed, de onde saiu a foto acima, vai te falar mais dela. E você pode ouvir um dos discos dela abaixo, chamado… Yellow Ranger.

E falando em música…

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Holland

O primeiro nome do k-pop que é gay assumido

Sei que esse tipo de comparação é horrível, mas ele é tipo o Troye Sivan porém do k-pop. Isso é a maior treta - o preconceito contra LGBTQ na Ásia é enorme. No Japão, por exemplo, se você pergunta para algumas pessoas “onde fica o bairro gay?”, eles respondem “mas no Japão não tem gay. Só no exterior”. Oh, criança… Acredita, bonita.

Só recentemente um país asiático aceitou o casamento entre pessoas do mesmo sexo: Taiwan aprovou a lei tipo mês passado. Tipo não: literalmente no mês passado, em maio! Leia mais sobre no site da BBC. No Japão caminha-se para a aprovação da lei com a ideia dela estar em vigor antes das Olimpíadas de 2020 (mais nessa reportagem do Japan Times). A lógica é uma manobra política maravilhosa: os partidos que defendem a aprovação dizem que o Japão não pode passar essa vergonha durante as Olimpíadas perante os outros países e pagar de pouco progressista. Isso é o calcanhar de Aquiles do japonês - ele morre de medo de ser considerado inferior, passar vergonha, coisas do tipo. Então, a minha expectativa é que eles devem aprovar mesmo! Risos!

Voltando ao Holland: dizem que ele foi rejeitado pelas produtoras de k-pop quando disse que queria falar sobre sua sexualidade na música. Então o próprio bancou sua gravação com o dinheiro que economizou em um trabalho de meio-período. Obstinado! A gente gosta! Ouça abaixo!

O triunvirato pop

Podres de Ricos (de 2018), Meu Eterno Talvez (que acabou de estrear na Netflix) e Fresh off the Boat (série de TV que começou em 2015) tem muito em comum. Atores (Randall Park em Meu Eterno Talvez e Fresh off the Boat; Constance Wu em Podres de Ricos e Fresh off the Boat), histórias (tanto Podres de Ricos quanto Meu Eterno Talvez são comédias românticas). E principalmente o fato de, pelo menos por enquanto e talvez para estourar a bolha, eles sejam tão centrados em diferenças culturais - segue sendo importante o fato dos protagonistas serem asiáticos, faz parte da história, a trama simplesmente não funcionaria se eles não fossem da raça que são. Parece que o raciocínio é apresentar essa cultura para o povo branco ocidental para que eles se acostumem.
Que povo mimado.
Mas a verdade é que gosto dos 3: Meu Eterno Talvez é tão ruim que fica bom, tipo aquela Sessão da Tarde horrorosa que você ama; Podres de Ricos é bobinho mas enche os olhos, você fica realmente envolvido com a mãe malvada (Michelle Yeoh sempre enaltecida nesse blog) e a pobre intrusa Rachel Chu (Constance Wu) tentando apenas seguir seu relacionamento depois que descobre que Nick Young (Henry Golding) é simplesmente MUITO BILIONÁRIO. E Fresh off the Boat… bom, um menino americano de origem taiwanesa que é visto como estrangeiro e adora hip-hop, com uma mãe (Constance Wu) que é meio a versão asiática da Monica de Friends - não tem como dar errado. Tonto, mas um tonto ótimo.

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Tadanobu Asano

Muito mais que um asgardiano

Talvez você o conheça de Thor: Ragnarok, mas o gatão Asano é muito mais que isso - premiadíssimo, participou de pérolas como Silêncio (2016), filme do Martin Scorsese que adorei mas que infelizmente nem todo mundo adorou pois foi solenemente ignorado pelo Oscar. Rsrsrsrs! Quem é fã de terror japonês também vai lembrar de Asano com o cabelo loiro em Ichi, o Assassino (2001).

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Kyle Ng

Ele é bobo mas é meu amigo

Mentira, ele não é meu amigo. E é bobo sim - dono de uma marca de streetwear mas o conheci como apresentador do programa Social Fabric, sobre moda, que está na Netflix. Recomendo correr: só está no ar até 15/06!

E se você está com esse papo de “japonês é tudo igual, olha esses dois cabeludos” - primeiro tenho quase absoluta certeza que Kyle não é japonês. Segundo, ouça esse episódio desse podcast:

Spoiler: não, não é.

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David Chang

Quem resiste a uma comida desse cara?

A frase ficou estranha propositalmente: sim, estou objetificando o chef David Chang. Esse blog é meu e faço o que quero.
Na verdade nunca fui em um Momofuku, o restaurante modinha de Chang, para saber se é bom. Gosto do David porque ele é carismático nos programas sobre comida que ele faz. Assista Ugly Delicious e Mind of a Chef na Netflix (esse último tem a narração do Anthony Bourdain, o que me deixa um pouco triste porque lembro que Anthony Bourdain morreu).

Ah, e ele tem uma rede chamada Fuku de frango frito. Que perfeito!

Gente, sério!

Gente, sério!

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Hayley Kiyoko

Maravilhosamente fora do armário

Assim como vários outras celebridades jovens que saem do armário publicamente, Kiyoko está fazendo um baita serviço para a comunidade LGBTQ, validando ativamente a causa, mostrando que tudo vai ficar bem principalmente para adolescentes angustiados. Só por isso ela já merece tudo - mas menino, não é que a música também é legal? Ouve aí embaixo e depois lê esse artigo com entrevista na Out.

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Fernanda Yamamoto

O trabalho da Fernanda foi melhorando, amadurecendo - na verdade sempre foi bom mas ficou cada vez melhor. Na passarela, hoje em dia, virou convite disputado: seus desfiles instigam e emocionam. Nesse último, da foto acima, apresentado há um pouco mais de um ano, ela olhou para a comunidade Yuba do interior de São Paulo, formada só por japoneses e descendentes, com toda uma filosofia de vida sustentável e de bem-estar (bem antes de isso virar moda). Além de evocar algo aspiracional para nós, pobres seres vítimas da metrópole, também mostra imagens de moda lindas. Falei sobre isso no site da Lilian Pacce - vai lá!

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Akira (1988)

Um filme antigo que continua tão atual

Nem parece mas Akira já fez mais de 30 anos! Chocante, não? Ele inspirou e inspira uma pá de gente, até Kanye West já confessou ser fã. Se você ainda não assistiu esse marco da cultura pop, corra atrás. Está sendo produzido um live-action e a gente sabe que um dos nomes por trás dele é Leonardo DiCaprio (ou seja, também deve ser fã). A data de estreia desse novo Akira é para 2021, vai ser dirigido por Taika Waitikiki (de Thor: Ragnarok) e sim, estamos sentindo o cheiro de white-washing de longe, tão forte quanto o cheiro de cândida. Vamos ver, né? O nome da cidade da trama já mudou de Neo Tokyo para Neo Manhattan… HAHAHAHA! Na dúvida, pelo menos por enquanto, fique com o original.

Faltou bastante coisa? Sim, mas esse post já virou uma tese. Parte dois? Sim, não? Quem você incluiria? Me conta!

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Esse post é só para dizer que Tássia Reis devia mudar seu sobrenome para Rainha

Já ouviu a nova da Tássia Reis? Aliás, já ouviu Tássia Reis?

Arrasa demais!

Arrasa demais!

Tássia é de Jacareí, interior de SP, e está para lançar novo disco. Já tem dois: um homônimo (de 2014) e o Outra Esfera (2016), que são bem legais. Mas a minha música preferida é esse single dela que saiu em 2018: Shonda, com produção de WillsBife!

Letra MARA: “Abutres a me rondar / esperando quando eu for ao chão / parece um roteiro de Shonda / mas esse não vai pra televisão”
CHIQUE DEMAIS.
Para quem não sabe quem é a Shonda do título e da letra - bom, em que planeta você vive? Shonda Rhimes é um dos nomes mais fodas da TV americana atualmente, por trás de enormes sucessos como Grey’s Anatomy, Scandal e How to Get Away with Murder. Suas histórias são rocambolescas, repletas de plot twist e com elenco cheio de diversidade. No ano passado Shonda anunciou vários projetos com a Netflix - a gente tá, assim, esperando ansiosa.

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Chega de Shonda - voltando para Tássia, acabou de sair o clipe novo dela, Pode me Perdoar. Acabou literalmente - saiu hoje faz algumas horas!

O clipe tem uma história bem interessante com a Natura, que também é a patrocinadora do álbum novo da cantora: eles usaram uma leitura possível da letra (a autoaceitação e body positivity) para fazer essa ponte com a missão da marca. Acho que não precisava ter todo esse texto no fim do clipe porque mistura um pouco as coisas, mas se foi uma exigência para eles bancarem a ideia e investirem dinheiro em cultura, OK.

A música em si é uma delicinha, tipo um resgate da inspiração R&B que alguns artistas brasileiros tiveram nos anos 1990: Latino, Pepê & Neném, Fat Family, Patricia Marx, Luciana Mello. Gosto muito! Podia voltar a ter espaço no rádio? Podia sim - afinal, qual é a diferença entre o charme e o funk? (desculpa, não resisti à citação) Mas ao mesmo tempo, sei lá, quem ouve rádio hoje em dia? Só queria que Tássia tivesse a projeção e alcance que ela merece!

Para quem não sabe, Tássia também tem uma marca de roupa: Xiu! O nome é isso mesmo, um “xiu” para que a minoria possa finalmente se expressar, vir aos holofotes.

Achei bem legal e um preço bem bom, viu? Vai no site para ver mais. E enquanto a gente espera o álbum novo da Tássia, vamos ouvir o anterior!

A mocinha vence, mas a vilã se diverte muito mais até quase o final...

Por que será que a vilã sempre é tão mais legal que a mocinha?

Carminha vive! (pelo menos em nossos corações)

Carminha vive! (pelo menos em nossos corações)

No Brasil, por causa da novela, a gente tem uma longa linhagem de vilãs incríveis, que corre de Nazaré Tedesco a Odete Roitmann passando por Maria de Fátima e a gêmea Raquel (ambas da super Gloria Pires), Branca Letícia de Barros Motta, Perpétua, Violante (era a Drica Moraes em Xica da Silva, lembra? Afff, mulé má), Bia Falcão e, claro, ela…

Não sei o que é mais perfeito, a cena ou o título do vídeo.

(sim, sou fã de João Emanuel Carneiro)

Bom, tem muito mais. E isso se estende a muito mais do que a novela brasileira. Parece que é uma atração meio inconsciente e sinistra pela vilania - devem existir várias explicações psicológicas e pseudopsicológicas a respeito do tipo “é uma válvula de escape”. Mas acho, ainda mais, que a gente gosta mais quando a vilã é mulher - né, Cersei?

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E tudo isso para falar também de um Instagram que o Felipe Borges (que tem uma marca de bolsas e acessórios de couro) me apresentou: Wicked Goddesses! Só com vilãs, malvadas, vamps, bad girls! Delícia, né?

É bem demais e recomendo o follow!

E dizem que tem uma nova Dinastia, né? Oh, how dare you?

Por último, queria falar de novo da Madonna, posso? É que acho essa música muito boa, acho que ela devia ser regravada por alguém, ou a própria Madonna devia incluir em algum show.

A faixa é do álbum Erotica, de 1992.
Mostrar Madonna tendo um comportamento destrutivo, pelo menos para mim, significou humanizá-la. Ah, então ela sofria no amor? Por trás de toda vilã-vamp se esconde um coração…
O clipe é dirigido por David Fincher (o de Seven: os Sete Pecados Capitais, Clube da Luta, Garota Exemplar) e traz os atores Christopher Walken e Matt Dillon em participações especiais.
Chique.

E como dizia Mae West: