Stephanie de Mônaco, aqui estou, inteiro ao seu dispor... pra ouvi-la
Em 1986, uma princesa empunhou um microfone e decidiu cantar. Era Stephanie de Mônaco, a filha caçula do Príncipe Rainier com a estrela de cinema Grace Kelly. Contei um pouco dessa história no sexto episódio da segunda temporada de Quatrilho, o programa sobre música do meu podcast, mas foquei na música em questão, a Rendez-Vous. Aqui eu quero falar sobre a carreira inteira de cantora da musa Stephanie!
Grace morreu por causa de um acidente de carro em 1982 no qual estavam ela e Stephanie. Ela não faleceu na hora, mas ficou inconsciente, chegou no hospital ainda viva e morreu lá.
A menina ia começar suas aulas em Paris e ambas, mãe e filha, precisavam pegar o trem para ir pra escola. Grace encheu o banco de trás do carro que ia levá-las para a estação de vestidos e, quando percebeu, não poderiam ir ela, Stephanie e o chofer – não ia caber. Ela não gostava de dirigir, mas decidiu que, naquela hora, tudo bem. E foram apenas as duas.
A morte foi uma comoção mundial, claro. Stephanie ficou traumatizada: não pôde comparecer ao funeral da mãe porque ainda estava em recuperação e, dizem, só a avisaram da morte para ela dois dias depois! Depois, enfrentou a especulação de que seria ela, com 17 anos, que estaria dirigindo o carro no acidente, portanto era a culpada. A princesa sobrevivente só conseguiu comentar o assunto em entrevista em 1989 pra um livro, Rainier and Grace: An Intimate Portrait, de Jeffrey Robinson.
Caroline de Mônaco, a irmã mais velha, teria sido a única da família a falar com Stephanie sobre o acidente. Pra ela, a caçula disse que a mãe, que estava dirigindo sim, seguiu falando: “Não consigo parar. O freio não está funcionando. Não consigo parar". Stephanie teria puxado o freio de mão e mesmo assim o carro não parou e caiu numa ribanceira.
Circulava também o boato de que Stephanie teria bloqueado o acidente de sua mente, tamanho o trauma. Ela negou: “Lembro-me de cada minuto dele", disse em entrevista gravada para Jeffrey, "é que só nos últimos anos que comecei a enfrentar os fatos. Tive ajuda profissional e especialmente nos últimos oito meses tenho aprendido a lidar com isso. Ainda não consigo ir por aquela estrada, mesmo que seja outra pessoa dirigindo. Sempre peço para que peguem a outra". Ela ainda explicou que não falava sobre o assunto com o pai porque sabia que isso o machucava.
Grace e Stephanie não estavam usando cinto de segurança. Técnicos não encontraram falhas mecânicas no carro. A explicação é que Grace teve um apagão dirigindo (ela vinha reclamando da saúde, especialmente de dores de cabeça) e, quando voltou a ficar consciente, estava desorientada. A perícia disse que Stephanie não estava no volante.
Que coisas eram essas? Como Stephanie lidou com o assunto? Primeiro de tudo, ela caiu nos braços de Paul Belmondo (sim, isso, o filho do ator Jean Paul Belmondo), seu namorado na época, e disse pra família que não queria ir pra faculdade.
Em 1983, Marc Bohan, o estilista da Dior na época que já havia vestido Grace Kelly em diversas ocasiões, contratou Stephanie como estagiária. Ela também começou a fazer trabalhos de modelo – seu objetivo era financiar uma marca de moda praia, a Pool Position, com a amiga Alix de la Comble. Coisa que acabou acontecendo mesmo: a marca foi lançada em 1986.
Paralelamente a isso, o mesmo ano de 1986 viu um single chegar nas lojas. Era Ouragan, com a voz de Stephanie. Ali começava a carreira de cantora.
O clipe é uma superprodução, cheia de locações externas, figurantes, figurinos. Explora-se tanto situações de perigo (algo um pouco arriscado pra imagem pública de Stephanie, né?) quanto a sensualidade andrógina dela: o maxilar marcado e o look ora unissex, ora uma calcinha de biquíni enroladinha bem reveladora. No fim, a mensagem que eu entendi é… o mistério está nela mesma?
O resultado é que Ouragan é um dos singles mais vendidos de todos os tempos na França! Ela mesma disse, pro mesmo livro: “Não esperava que isso acontecesse assim. Nunca pensei que o disco fosse vender do jeito que vendeu. Mas quando me foi dada a chance de cantar, descobri que aquilo era o que eu realmente queria fazer. Cantar e atuar. Virou minha vida".
Inevitável que fosse feito um álbum inteiro. Besoin também saiu em 1986. A próxima música de trabalho era Flash.
Também foi um sucesso. As músicas de Stephanie eram assim: oitentistas, meio balada animada, pop descartável charmosinho sob a nossa lente nostálgica.
Nesse meio tempo, rolou isso aqui:
Aí, em outubro de 1986, Stephanie foi pra Los Angeles pra gravar um novo álbum. O que ela esquece de contar é que a mudança pros EUA talvez tenha tido outro incentivo. Ele tem nome e sobrenome: Rob Lowe.
Não durou muito tempo. Depois, em 1988, Lowe se envolveria num escândalo de sex tape com uma garota de 16 anos – como eu contei aqui nesse post. A carreira dele deslizou e só voltou mesmo anos depois.
Stephanie também seguiu a vida.
O segundo álbum em si, o homônimo Stephanie, demorou cinco anos pra sair. E quando saiu, em 1991, talvez por essa falta de timing, ele flopou.
Acho injusto porque, inclusive, GOSTO.
No mesmo ano de 1991 foi lançado o álbum Dangerous, de Michael Jackson. A terceira faixa, In the Closet, seria a princípio uma parceria entre Michael e nada menos que Madonna! Mas ele achou que as ideias de letra dela estavam too much pra ele e desencanou. Acabou fazendo a música com Teddy Riley e, pro dueto, chamou… uma Mystery Girl. Pelo menos era assim que ela era creditada.
Depois de um tempo, finalmente revelaram que a Mystery Girl era Stephanie. E esse foi, por bastante tempo, o encerramento da carreira de Stephanie como cantora. Em 1992, ela teve seu primeiro filho, Louis Ducruet, fruto do relacionamento dela com o guarda-costas Daniel Ducruet. Nasceram mais duas meninas: Pauline, em 1994, e Camille, em 1998 (essa última filha de outro guarda-costas, Jean Raymond Gottlieb).
Em 2007, aconteceu um breve comeback da Stephanie cantora. A fundação dela Fight AIDS lançou um single com renda voltada pra causa e a participação de diversos artistas. Stephanie aparece no 1'53'':
E em 2008, saiu o que para mim é uma das Vogue Paris que me marcaram. kkkkkkkk Ainda era a Vogue de Carine Roitfeld, desculpa a emoção exagerada. E a edição, de dezembro de 2008, é essa aqui:
Acima você confere uma mistura de Stephanie e de imagens inspiradas em Stephanie, incluindo Milla Jovovich encarnando a Stephanie oitentista superstar! AMO!
(Aliás, a Milla também já se arriscou como cantora, né? Mas esse é tema pra outro post!)
Quem gostou desse post pode gostar desses também:
. A história da dinastia Gucci que em breve deve chegar no cinema protagonizada por Lady Gaga
. Além da Madonna – a outra musa de Jean Paul Gaultier veio da França
. Donna Summer, a donna da pista
. Ele nunca vai desistir de você: Rick Astley <3