Os dinamarqueses vintage do Eurovision 2021
Esse vídeo aí de cima parece antigo? Pois é, mas ele é de 2021. Fyr & Flamme, a dupla formada por Jesper Groth e Laurits Emanuel, é a escolhida para representar a Dinamarca na edição de 2021 do concurso de música Eurovision com essa música, Øve os på hinanden. Desde 1997, uma música inteira em dinamarquês não concorre na competição.
E Fyr & Flamme não é uma dupla antiga ressuscitada. Longe disso. O primeiro single deles é de… 2020. Emanuel, em carreira solo, tem um álbum lançado em 2015.
E Groth, com 32 aninhos, tem um currículo de ator. Inclusive elogiado, com indicação para prêmio dinamarquês e tudo, e especializado em comédia.
OK, mas isso não explica o clima extremamente retrô deles. Achei que era uma coisa específica para o Eurovision, uma brincadeira com o lado kitsch do festival, mas ao mesmo tempo me parecia muito real: o vídeo oficial de fato para ter saído de 1984, e não ser algo com referências aos anos 1980.
Aí fui pesquisar mais e descobri que 1. Obviamente é de propósito, o Fyr & Flamme é fascinado pela década. 2. As outras coisas que eles já lançaram, incluindo o single Menneskeforbruger que fez bastante sucesso, também é megarretrô.
O som, as roupas, o filtro da filmagem, os cortes, os takes. Tudo é anos 1980.
Aliás, o nome da dupla, Fyr & Flamme, vem de uma música de outra dupla: a dinamarquesa Laban, que era ativa adivinha quando? Nos anos 1980!
Amei, nem vou mentir.
O que leva a gente a gostar tanto do vintage? Será que, ainda mais amplificado pela pandemia, o passado nos dá a sensação de conforto? De um tempo em que tudo era mais simples, mais tranquilo, mais atraente? E a nostalgia faz bem ou faz mal?
Quem acompanha esse blog sabe que eu prefiro uma coisa de pelo menos umas duas décadas para trás do que algo novíssimo em folha. Só que nasci em 1981 – não é que eu me lembre da década porque a vivi. Eu era muito pequeno e só ouvia Balão Mágico! Às vezes fico um pouco incomodado com essa minha mania de gostar de velharia, mas é inevitável, quando vejo já estou ouvindo ou assistindo a algo antigo.
E também não sei explicar bem o que me atrai, mas chuto que seja a história por trás: geralmente coisas antigas têm mais histórias, conexões, causos para descobrir. Então isso faz parte da minha experiência quando ouço a música, quando vejo o filme. Acabo pesquisando – os textos desse blog, na sua imensa maioria, vem disso.
Porém, se é isso mesmo, não dá para enganar quando a música é um pastiche dos anos 1980 que na verdade foi criada e produzida hoje – parece, mas ela não tem tanta história quanto uma música que de fato foi lançada há 40 anos.
Quanto ao meu palpite sobre como Fyr & Flamme vai se sair no Eurovision: acho que não rende. A concorrência tem coisas mais interessantes. Só achei engraçada essa fixação deles pelo vintage… parece eu! kkkkkkk
Tenho falado uma coisa ou outra sobre o Eurovision 2021 no meu Twitter, me segue lá.
Se você gostou desse post, também vai gostar desses outros:
. Tinha uma música chamada Cicciolina que quase concorreu no Eurovision
. Eurovision: o filme da Netflix