As queimadas e o fotógrafo

As queimadas na Amazônia mobilizaram e estão mobilizando gente do mundo inteiro.
Acho que não preciso explicar muito sobre isso aqui, né?
Mas quanto a isso queria deixar algumas coisinhas aqui nesse blog que geralmente é mais para cima, voltado para estilo de vida e cultura.

A primeira é um link para um artigo do The Independent que diz Amazon fires: Bolsonaro actively trying to devastate rainforest, leaked documents show
(esses documentos, caso se provem oficiais, dizem que Jair Bolsonaro, ou Borsalino de acordo com Madonna, pretende construir hidroelétrica, pontes, estradas… tudo no meio da floresta amazônica. affffff)

A segunda é o vídeo que a Alexandra Farah publicou no Instagram dando um esfregão na nossa cara.
Sigo comendo carne e alimentos derivados de animal, e fiquei com vergonha, constrangidíssimo, assistindo ao vídeo porque ela tem toda razão. O ponto é: não adianta usar hashtag #prayforAmazonia se você continua carnívoro, usando couro, comendo queijo… Isso alimenta ainda mais a indústria “agro é pop”, e é de interesse da indústria agro e dos pecuaristas mais latifúndio para plantação e pasto.

A terceira: está rolando a SP-Foto Arte e um dos convidados internacionais é Sebastian Copeland. Copeland é um fotógrafo renomado e premiado e fez de seu trabalho também uma causa: ele registra o aquecimento global. O arquivo permanente do Natural World Museum de São Francisco conta com seus trabalhos, por exemplo, assim como revistas tipo National Geographic.

Foto de Sebastian Copeland na Antártida

Foto de Sebastian Copeland na Antártida

Copeland é representado aqui no Brasil pela galeria Gabriel Wickbold.
Segue a foto que ele publicou ontem, chamando geral para a manifestação de hoje (23/08) que rola no Masp.

Ver essa foto no Instagram

I am thrilled to be showing at the São Paulo photo fair with my friend and great photographer in his own right, Gabriel Wickbold gallery. The selection of ice images is especially meaningful to me as the Amazon is currently being scorched by more than 9500 fires. Producing up to 20% of the planet’s oxygen, the Amazon is being referred to as the lungs of the Earth—à terminology I have often used for the polar regions. In fact, the seasonal freeze and melt cycles of the ice intimate the same metaphor and crystallizes the close kinship and relation of all of the planet’s natural systems. Without the Amazon, the ice will melt even faster; without the ice, the Amazon will dry and burn even faster. There will be a march in São Paulo tomorrow in reaction to the Bolsonaro administration’s misguided attitude towards the environment and especially this ecological national treasure. I will see you there, but not before a private meeting with the governor office to discuss the positive solutions alternative, notably presented by the Amazon Alliance (ASA). These aim to scale projects to increase the quality of life of Amazonian people to transform them away from illegal farmers into guardians of the forest. More on this later.• • • • • •#prayforamazonas #amazonforest #forestfire #deforestation #biodiversity #fires #bolsonaro #sustainability #sebastiaosalgadoofficial @gwsgallery #illegalfarming #lungsoftheearth

Uma publicação compartilhada por Sebastian Copeland (@copelandadventures) em

E é isso.

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A vingança, esse prato delicioso mesmo gelado

Uma das melhores coisas da exposição Björk Digital que está em cartaz no MIS em SP é que o Matthew Barney com certeza teve que se deparar com as coisas que Björk anda fazendo - nos jornais, nas revistas, nos sites, nas redes sociais. E provavelmente percebeu que ela está fazendo coisas no audiovisual que ele
ainda
não
fez.
Ah… Que delicioso sabor.

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Quer deixar um homem branco cis doido? É só mexer no ego dele. Adoro imaginá-lo doido de raiva.

A exposição acaba no dia 18 desse mês de agosto. Corra para garantir seu ingresso, mais informações no link.

Diga olá para o fantástico mundo das newsletters

Algoritmos das redes sociais e o fim do Google Reader nos deixaram à mercê de outros para o acesso à informação. Ou você tinha que manter um "favoritos" do seu browser superatualizado (e como fazer isso no celular, local onde a maior parte das pessoas consome informação?), ou apelava para memória e costume, prometendo-se entrar na home tal e tal todo dia de manhã entre o café e o busão…
E aí as newsletter fizeram seu comeback, dizem, em 2018, tanto como ferramenta de marketing para as empresas quanto no geral, como fonte de informação. Assinar newsletter ficou cool de novo, por essa Cardosoline não esperava. Continuar no Facebook virou cafona.

O motivo de tudo isso é meio óbvio: com a newsletter o poder volta para as mãos do leitor. Ele não vai depender o primeiro compartilhamento de notícia aparecer entre os posts da sua timeline no Face ou um “arrasta para cima" pintar nos Stories - ou seja, não vai depender dos algoritmos. A mesma coisa vale paras as marcas: elas estão nas redes sofrendo para aparecer na timeline do cliente, às vezes precisando pagar para isso. Só que, caso o cliente escolha assim, ela pode falar com ele na hora que quiser via e-mail. Dependendo da imagem que ela já tem, sendo querida e bem gerida, o cliente vai fazer questão de receber algo dela! Um sonho pros marqueteiros.

Hoje em dia eu consumo muito mais informação em newsletter e podcast do que em redes sociais. Assino várias news; muitas são diárias e é raro não abri-las. Perguntei também nas minhas redes sociais quais news as pessoas assinavam para incrementar mais a minha caixa de entrada. E agora chegou a hora de dividir o conhecimento… Com vocês, minhas newsletters preferidas!

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Meg Ryan

Em Mens@gem para Você (1998). É que eu queria ilustrar com alguma imagem.

The BRIEF
Uma das minhas preferidas: a The BRIEF sai todo dia útil e é bem voltada para negócios e economia mas eu juro que é legal - um texto leve e curiosidades muito instigantes. É lá que fico sabendo o que a Apple, a Amazon, a Microsoft e outras empresas estão fazendo… kkkkkk Assine aqui.

The Face
Sim, a The Face voltou faz um tempinho - a bíblia do hype continua em busca do, deixe-me ver… hype. Pelo menos da última vez que chequei (ontem), ela falava de coisas que eu não sabia e que ao saber achei o máximo. O significado de hype não é esse? Dá uma procuradinha na home deles para achar o campo de assinatura da news!

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A newsletter do Nexo Jornal, um dos informativos mais incríveis da atualidade na minha modesta opinião, traz um resumão para você ficar bem informado pela manhã - se você quiser se aprofundar é só dar um clique; se você quiser ficar por isso mesmo, com o texto da news, já está ótimo. Assine aqui.

Casa Natura Musical
Eu sei, parece esquisito, mas vai por mim: newsletter de empresa boa é aquela que vai além de simplesmente anunciar coisas da empresa. A da Casa Natura Musical fala sobre as próximas atrações e sobre discos patrocinados pela Natura, mas também traz artigos e entrevistas exclusivos sobre música brasileira. Nesse link, além de assinar, dá para conferir edições anteriores.

A Newsletter com Coisas Legais Para Sua Vida
A jornalista e amiga desse que vos fala Flora Paul fazia um apanhado mensal na época em que escrevia para o Buzzfeed com miudezas e dicas que fazem a diferença na vida do millennial. Tipo o xampu com um incrível custo x benefício, a série da Netflix que você devia ver, o produto de limpeza com um cheiro divino, uma barra de cereal inventada pela Nasa… Eu INVENTEI todos esses exemplos só para dar uma ideia do que você podia encontrar nesse espaço, mas eles são bem críveis e talvez, por mais que eu tenha INVENTADO, eles tenham aparecido de verdade por ali. Bom, o ali não existe mais: Flora alçou novos vôos profissionais mas ela decidiu transformar aquele apanhado em uma newsletter mensal! É mara: assine.

Pitchfork
A newsletter que a gente gosta e precisa: aquela que me diz coisas para ouvir. Também assino a da Rolling Stone mas, como explicar, ela é meio… americana demais. Já tentei assinar a da Mojo, minha revista de música preferida, mas me parece que eles não fazem. Então, fique com a da Pitchfork mesmo!

Tate
Tem lugares que gosto muito mas que infelizmente não posso estar presente toda hora. Um desses casos é o museu Tate Modern de Londres. Aí, para não me sentir muito distante dele, eu assino a newsletter. Assim fico sabendo o que artistas que gosto andam fazendo; descubro novos nomes de vez em quando; e fico com raiva quando um artista que eu não gosto faz uma exposição solo ("ai, se eu fosse esse curador!!!” Risos, brincadeira; mas na verdade não). Quer fazer como eu e se sentir mais perto de um dos lugares mais legais de Londres? Assine a newsletter aqui.

IMDb
Sim, eu continuo visitando o IMDb constantemente, e se você se registra por lá tem como escolher preferências de e-mail e receber newsletters. Acho bom para receber novidades do mundo do cinema e da TV, me manter informado, mas não é o lugar onde você vai encontrar as melhores críticas… Enfim, quebra um galho.

A minha newsletter
Faço um apanhado de posts quinzenalmente e também sugiro conteúdos de outros lugares - assine aqui!

Google Alerts
Sim, uso esse serviço e recomendo. Coloca no Google Alerts o nome do seu artista preferido, aquele filme que você ama, o nome daquela série que não sai da sua cabeça. Aí funciona como uma newsletter: você recebe e-mails com links que citaram aqueles termos, dá aquela abridinha, geralmente não vai clicar em nada mas às vezes rola. Vai lá!

ATUALIZAÇÃO 22/08/2019:
Genteeee, esqueci a newsletter do Enrique Jimenez, ele faz uma seleção de links interessantes de tempos em tempos que se chama… #LinksInteressantes <3 Assine!

ATUALIZAÇÃO 20/09/2019:
Saiu esse post no site da Rock Content que fala sobre o boom da newsletter. Achei interessante! Gosto quando a autora, Beatriz Guarezi, fala sobre "menos barulho e mais intimidade".

Fita adesiva vira arte!

Recebi por e-mail: o Houssein Jarouche, que o povo moderno de São Paulo conhece bem (com a loja de móveis incrível Micasa e seu envolvimento intenso com arte), está para inaugurar uma exposição solo em Nova York de obras suas chamada Life Signs.

Ele pega geometria (especialmente da arte islâmica) e abstracionismo para fazer algo bem contemporâneo, que mostra vias e sinais de trânsito, tudo com… fita adesiva para reparos! Se você olhar bem atentamente, vai conseguir enxergar as emendas das fitas. Interessante, né?

A arte islâmica tem essa relação muito instigante com a geometria. Comprei um livro nessa última viagem para Londres, o Islamic Design: a Genius for Geometry, que é bem pequenininho mas me encantou porque fala desse mistério sobre os padrões islâmicos de repetição e perfeição que você encontra em mesquitas, mausoléus e palácios. A ideia de matemática sagrada, de repetição infinita e de mensagens misteriosas escondidas me fascina muito.

Aliás, acho que qualquer pessoa que trabalha com estamparia deveria estudar esses desenhos islâmicos.

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Para quem se interessou na exposição do Houssein, ela inaugura 27/06 e vai até 15/07 na Taglialatella Galleries; na 229 Tenth Avenue. Tá em Nova York? Passa lá!

O lado dark do kawaii

Esse post faz parte de uma sequência! Deixo a lista abaixo - recomendo que você leia esses textos antes desse:
. Memória afetiva
. O que é kawaii?
. A rainha & a embaixadora do kawaii

Já leu? Então vem!

Que gracinha!!! Mas espera… ele está comendo um ser-humano?

Que gracinha!!! Mas espera… ele está comendo um ser-humano?

Sim, estamos aqui para falar dos lados mais obscuros do kawaii. Esse de cima, por exemplo, faz parte do guro kawaii, que mistura referências fofas com o grotesco. O Gloomy Bear é obra do designer Mori Chack e ele faz isso mesmo que você está vendo: machuca, e muito, o seu dono Pity.

Não estou interessado em somente desenhar personagens fofos; quero criar algo que vai fazer o seu coração pular.
— Mori Chack, o criador do Gloomy Bear

Mas esse lado mais sinistro de algo a princípio tão infantil não é um movimento tão contemporâneo. É só tomar como exemplo o ero kawaii, também chamado de erokawa

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Ai, jura?

Desenho do Ado Mizumori, artista precursor do erokawa, que faz essas figuras infantis e… meio sensuais? Affff! Bizarro! E elas apareciam em papéis de carta!!!

A cantora Koda Kumi, que começou a carreira em 2000, se autodenomina uma seguidora do erokawa. Nada muito diferente das cantoras pop sexualizadas da década, né?

A cantora Koda Kumi, que começou a carreira em 2000, se autodenomina uma seguidora do erokawa. Nada muito diferente das cantoras pop sexualizadas da década, né?

Bom, outro artista que mexe com imagens kawaii e clima grotesco-bizarro é o Shintaro Kago, que eu por sinal gosto muito! Dá uma olhada…

É o tipo de coisa que eu penduraria na parede em casa? Hum, não exatamente…

Existem várias referências desse kawaii menos ingênuo, com toques de bizarrice. Vou levantar algumas das mais famosas aqui. Vem comigo:

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Tokidoki

Ela na verdade não é uma marca japonesa, como as pessoas costumam imaginar. Foi criada na Califórnia e seu principal designer, Simone Legno, mistura o kawaii com referências mais agressivas como caveiras e spikes. Acabou adorada no Japão também!

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Guro lolita

A subcultura das lolitas não é mais tão forte no Japão mas ainda existe. E além das goth lolitas existem as guro lolitas. Que tal? Vai um kawaii zumbilândia para hoje?

Essa de cima é a Kyary Pamyu Pamyu, que surfou na onda do kimo kawaii (que em tradução porca quer dizer fofinho assustador). O disco é de 2013 - ou seja, com uma estética bem influenciada por Lady Gaga, que lançou The Fame Monster em 2009 e Born this Way em 2011. Musicalmente é j-pop contemporâneo normal.

O Kobito Dukan é horroroso, não consigo me conformar que ele virou algo bacana no Japão. Tem até capinha de celular do Kobito Dukan. Socorro!

O Kobito Dukan é horroroso, não consigo me conformar que ele virou algo bacana no Japão. Tem até capinha de celular do Kobito Dukan. Socorro!

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E eu posso provar

Que coisa horrenda! Pior que o Funassyi. E eu ODEIO o Funassyi. Nem vou colocar foto do Funassyi aqui porque acho um ACINTE a existência desse treco!

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MonsterGirl

Criação de Shigetomo Yamamoto, tipo uma prima da Monster High só que japonesa

E sabe aquele bonequinho bebê que é até tema de tatuagem old school?

Kewpie e o Japão tem uma longa história de amor. Quando um pessoal decidiu produzir maionese no país, lá pela década de 1920, eles queriam agradar - afinal, o japonês nunca tinha visto maionese na vida, não era algo familiar. Então eles colocaram a figura de um bonequinho que estava muito popular na época estampado na embalagem. Em 1957, a fusão estava completa: a maionese passou a se chamar Kewpie oficialmente. E os comerciais? Hum, são MARAVILHOSOS. Esse de baixo é de um tempero da mesma marca, que foi batizado de Tarako. Ao dar o play, você se responsabiliza por conta própria: é um jingle bizarro que vai ficar na sua cabeça por pelo menos dois dias.

Creepy! Foto da entrada de uma fábrica da Kewpie Mayonnaise que agora não fica mais aberta para turistas

Creepy! Foto da entrada de uma fábrica da Kewpie Mayonnaise que agora não fica mais aberta para turistas

Obs. jogada no meio do texto: não incluí 6% Dokidoki aqui nesse post porque não considero guro kawaii. Está mais para um kawaii com cores fortes. Sorry, Monster Cafe…

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Hangry & Angry

Eles são esses personagens da imagem e também uma marca de roupa da designer Gashicon. As peças (e os bonecos) podem vir com uns respingos vermelhos…

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A artista Junko Mizuno

Essa mulher é maravilhosa. O trabalho dela é maravilhoso. Idolatrem essa mulher comigo!

Gosto de desenhar criaturas e animais fofos. O que rejeito é desenhar meninas kawaii só para atrair japoneses que querem garotas que sejam sensuais e inocentes-ignorantes ao mesmo tempo. Amo desenhar mulheres sensuais, mas é algo para mim, não para atrair homens. (...)

A cultura [do kawaii] é tão complicada que é difícil para eu entender, mesmo nascida e criada no Japão. Ouvi que bebês inconscientemente usam sua fofura para conquistar a atenção das mães. Acho a fofura dos bebês e a fofura que as japonesas usam para atrair homens totalmente diferentes.
— Junko Mizuno
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Girl power!

Seguindo esse raciocínio, acho que a Junko faz essas suas figuras serem assustadoras de propósito, para meterem medo nos homens. Yasss!

Breve parênteses: quando fui para o Japão pela primeira vez o AKB48 , uma banda formada por 48 garotas, já era um sucesso. Em Akihabara (o nome da banda vem desse bairro de Tóquio), já estava aberto o café do AKB48. Não sei se ele ainda existe.

Sentei lá com o Pedro por curiosidade. É tudo temático - o cardápio, o porta-copo, os cartazes. Em um telão bem grande, ficam passando clipes com as meninas. Acho que às vezes rola apresentação ao vivo delas.

E o público? Homens de meia idade. Os chamados salary men. É… Esquisito? Você não viu nada: assista Tokyo Idols, tem na Netflix.
Fecha parênteses!

Na mesma pegada de subversão do kawaii na arte da Mizuno mas não exatamente com esse viés mais feminista, existe o movimento New Pop ou Superflat. O nome não pegou, mas um de seus artistas e seu manifesto superflat, que prega o fim da divisão entre alta e baixa cultura japonesas (ou seja, a cultura sofisticada à Quioto da cerimônia do chá e dos salões fechados e o contraponto dos mangas, animes, games e fancy goods da indústria de entretenimento), ganhou fama internacional. Na verdade, mais internacional do que nacional: Takashi Murakami é considerado genial por muita gente fora de casa, mas o Japão em si não liga muito para ele. Será que é porque ele subverte signos do kawaii de maneira provocadora, a ponto deles ficarem assustados?

Tan Tan Bo a.k.a Gerotan: Scorched by the Blaze in the Purgatory (2018)

Tan Tan Bo a.k.a Gerotan: Scorched by the Blaze in the Purgatory (2018)

Murakami é bem conhecido por sua parceria com a Louis Vuitton e pelas suas obras com flores. O caráter bem comercial de algumas de suas obras incomoda bastante gente - meio que na mesma pegada de Romero Britto. Mas eu acho sinceramente que ele consegue ser bem mais profundo em suas propostas, e mesmo o fato de transformar seu trabalho em fancy goods é uma espécie de subversão do sistema.

E me diz: por que o Murakami é uó e a Yayoi Kusama, que também é bem pop e também já fez colab com a Vuitton, não é?

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Murakami em si na Gagosian Gallery

Essa foto de 2011 saiu desse artigo do Observer

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E essas são duas das minhas obras preferidas de Murakami

Hiropon (1997) e My Lonesome Cowboy (1998). Sim, é uma mina com umas tetas gigantes saindo leite e um boy esporrando. Não seja careta! Você está ficando vermelho?!

Gosto dessas obras porque elas mostram a sexualização do kawaii, como se esfregasse na cara do Japão que não adianta parecer infantilizado e asséptico em relação a sexo porque as subculturas do hentai (o manga e anime eróticos) e outros fetiches continuam ali, prontos para emergir.

Na mesma turma de Murakami, vários outros artistas fazem movimentos parecidos. Vamos a eles:

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Yoshitomo Nara

Que eu gosto tanto quanto ou até mais que o Murakami!

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Quem resiste

a essa carinha sinistra? Yoshitomo, você é o cara

MR., aqui na frente de uma de suas obras, trabalha com a estética exagerada da cultura otaku - fonte da foto é o Hypebeast

MR., aqui na frente de uma de suas obras, trabalha com a estética exagerada da cultura otaku - fonte da foto é o Hypebeast

Making Things Right (2006), de MR. - e sim, você está vendo a calcinha

Making Things Right (2006), de MR. - e sim, você está vendo a calcinha

Mariko Mori já fez exposição em CCBB aqui no Brasil e tem umas viagens sensoriais futurísticas - o kawaii entra como subtexto e talvez até inconscientemente, já que ele está tão enraizado na cultura japonesa

Mariko Mori já fez exposição em CCBB aqui no Brasil e tem umas viagens sensoriais futurísticas - o kawaii entra como subtexto e talvez até inconscientemente, já que ele está tão enraizado na cultura japonesa

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Rising, Floating Energy and Flowers (2013)

Obra de Aya Takano, que tem um ar kawaii old school mas traz um clima de mistério e sensualidade nas suas obras

Belíssima essa obra da Takano, né?

Belíssima essa obra da Takano, né?

Tenho uma paixão real por aquarela, pincéis e papel de desenho. Comecei com aquarela, aí experimentei pintura a óleo no Ensino Médio, aí abandonei isso aos 19 anos para tinta acrílica, que é mais próxima da aquarela na tela. Depois de 11/03/2011 [a data do acidente nuclear em Fukushima], chocada, comecei a recusar as coisas que não são naturais. Meu paladar mudou e meu jeito de vestir também. A tinta acrílica não era mais bacana, então voltei para a tinta a óleo.
— Aya Takano
Miss Maid (2002) de Shintaro Miyake

Miss Maid (2002) de Shintaro Miyake

Obra do Yosuke Ueno - que me lembra um pouco a pegada da Nina Pandolfo! As coisas dela são bem kawaii, você não acha?

Obra do Yosuke Ueno - que me lembra um pouco a pegada da Nina Pandolfo! As coisas dela são bem kawaii, você não acha?

Obra da Chikuwaemil, sempre com uma explosão de cor

Obra da Chikuwaemil, sempre com uma explosão de cor

E finalmente a Hello Kitty do mundo bizarro, obra de Yoskay Yamamoto

E finalmente a Hello Kitty do mundo bizarro, obra de Yoskay Yamamoto

On Our Way Home (2015), do Yoskay Yamamoto. Também acho o trabalho dele foda! E você, de qual gostou mais?

On Our Way Home (2015), do Yoskay Yamamoto. Também acho o trabalho dele foda! E você, de qual gostou mais?

Bom, espero que vocês tenham gostado desse post interminável! Agora é hora de segurar para a próxima parte dessa sequência, na qual vou falar de um bairro que virou um mito. Um mito maior que Pinheiros, que o Soho nova-iorquino, que Shoreditch… e talvez equivalente a Copacabana, ocupando um espaço cultural que os outros só sonham e nunca vão conseguir.

Adivinhou? Se ainda não conseguiu… acho que você precisa ouvir mais Gwen Stefani.