O que foi chique nos anos 1990?

Geral falando do clipe da Normani, né? Confesso que já assisti um pouco atrasado. Motivation é o primeiro single solo da ex-Fifth Harmony e traz as mãozinhas da hit maker Ariana Grande na sua composição. O clipe é cheio de homenagens aos anos 1990 - sendo que ela mesma nasceu em 1996, então não curtiu essas referências como nós, véias cansadas.

A i-D fez um compilado das refs nesse post aqui.
O que eu achei? Normani é linda e tem star quality, mas a música não chega a ser um blockbuster.
Posso estar enganado - não entendo coisa alguma do gosto da geração Z. Também achei 7 Rings uma bobagenzinha e olha aí no que ela se transformou.
Mas acho que Normani ainda precisa de uma Havana uh-nana, para ficar na referência de sua ex-colega e, dizem as más línguas, nêmesis, Camila Cabello.
E olhando para as refs da Normani comecei a viajar nos anos 1990. E no pessoal resgatando a década agora. A coisa vai de grunge ao minimal limpo passando bastante pela estética hip-hop, mix de sports e streetwear. Mas tem uma coisa dos anos 1990 que, pelo menos na minha lembrança, era muito chique e ainda teve pouca gente olhando nos últimos tempos. Sei que não era o objetivo da Normani fazer uma coisa “chique”, foi só uma viagem mesmo. E na falta de ter um nome para isso, vou dar uns exemplos. A começar pelo ícone…

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Jarvis Cocker

Para mim, o vocalista do Pulp que era chique e o resto eram tentativas frustradas

Ajuda o fato de que no meio dos anos 1990 eu era tão magro quanto Jarvis. O metabolismo muda, né?

Para os indies - sim, eu era indie - era bacana se referir aos mods no jeito de se vestir. Ou para os indies gays? Sei lá.

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Pizzicato Five

Ai, que saudade, chego a lacrimejar

A formação clássica (que nem é a original, já que houve alterações no começo) traz Maki Nomiya, Yasuharo Konishi e Keitarô Takanami e foi um dos expoentes mais famosos do Shibuya-kei nos anos 1990. Na época, o bairro de Shibuya era um fervo, o lugar para se estar em Tóquio. Bandas como Flipper's Guitar, Original Love (que eu também adoro) e Pizzicato Five colocavam referências do pop dos anos 1960 no liquidificador mas soavam bem contemporâneas. Só que o que eu realmente curtia no P5 não era só a música - existia uma preocupação estética em tudo o que eles faziam que me deixava ainda mais instigado. Nomiya era modelo quando foi pinçada para ser a vocalista deles; pose e close não faltavam.

Muita gente comparava o P5 com o Deee-Lite na época, quando eles eram um trio - esteticamente até fazia sentido, no fundo Nomiya era uma rainha da montação clubber assim como Lady Miss Kier. Mas o P5 também tinha um toque artsy à Andy Warhol que o Deee-Lite não tinha.

Embalagens lindas me fizeram gastar MUITO dinheiro de mesada

Embalagens lindas me fizeram gastar MUITO dinheiro de mesada

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Liz Phair

Achava chique e continuo achando chique até hoje. Por quê? Não tenho certeza: uma mistura do ar blasé ao falar palavrão, da voz que soa mais natural, um charme pé no chão meio Kim Gordon

Eu gostava tanto da Liz Phair que devo ter gasto boa parte da internet discada que rolava em casa baixando coisa dela no Napster e fazendo CDs gravados com quilos e quilos de MP3. Tinha tudo, até as demos que ela fez antes de lançar o primeiro álbum Exile in Guyville (1993).

Numa época em que todo mundo era grunge ela já era só alternativa. Isso até 2003, quando ela lançou um disco homônimo que trazia músicas produzidas pelo The Matrix. Foi bem esquisito, mas várias entraram nessa mais ou menos na mesma época: Jewel com 0304 (2003) e Nelly Furtado com Loose (2006). Parecia que o mundo da música estava reagindo às princesas Britney Spears e Beyoncé e se preparando para um nova era do pop que estava para começar com Lady Gaga, Katy Perry e Rihanna. Dessas que entraram na onda, só Nelly se saiu melhor, e parece que até ela, hoje, se afasta desse passado apesar de não necessariamente renegá-lo. Mas isso eram os anos 2000, né? Voltemos.

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Winona Ryder

Sim, a moça do Stranger Things

Em 2001, Winona foi pega roubando na Saks Fifth Avenue de Beverly Hills. Remédios e depressão pareciam ter apagado o brilho da atriz, mas não o carisma. O mundo pop cometeu isso:

Sim, essa é Winona usando uma camiseta Free Winona. Ela também apareceu numa capa da W Magazine vestindo a mesma peça

Sim, essa é Winona usando uma camiseta Free Winona. Ela também apareceu numa capa da W Magazine vestindo a mesma peça

Mas antes disso, Winona já era um sucesso. Quem é novo agora não tem como saber como ela era um símbolo máximo nos anos 1990. Musa da Geração X - o que no fundo é meio peba porque veja só a Geração X como está, né? Um exemplo é o filme Caindo na Real (1994) de direção de ninguém menos que Ben Stiller.

Risos. Bom, isso tudo para dizer que antes do ícone Kate Moss, houve o ícone Winona Ryder (e, aliás, antes de Kate & Johnny Depp, houve Winona & Johnny Depp).

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Sade

Afffff que mulher fina!

Música de publicitário quando quer criar um clima sexy? Talvez. Mas eu acho Sade incrível, com uma voz e um talento incríveis. E para quem não acredita em sereia negra: existe desde 1992, cantando No Ordinary Love, e é MARAVILHOSA.

Sade existe desde a década de 1980, mas foi nos anos 1990 que saiu a coletânea The Best of Sade. Foi com ela que muita gente realmente se apaixonou. Em certo momento dos anos 2010, virou moda usar camiseta com imagens de Sade entre os rappers. Kanye West foi um dos maiores entusiastas dessa mania.

Quer saber? Chique!

Quer saber? Chique!

Ah, eu tenho um bônus

No Brasil a coisa estava difícil. Tinha pouca coisa chique por aqui. Mas, para você ter noção, uma das coisas chiques era…

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Suzana Vieira em Mulheres de Areia (1993)

É, meu bem, o tempo passa

ATUALIZAÇÃO MINUTOS DEPOIS DA PUBLICAÇÃO: siiim, tem isso aqui…

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The Matrix (1999)

É quase 2000, na verdade, e resume a estética minimalista para a era da Internet

Quem tem se referido muito à estética Matrix é o estilista Demna Gvasalia na Balenciaga.

Sinceramente acho CHIQUÉRRIMO, apesar de meio redundante - quase um xerox, né? Mas eu gostava sim.

Quem não se sentiu meio existencialista refletindo sobre Matrix que atire o primeiro byte

Quem não se sentiu meio existencialista refletindo sobre Matrix que atire o primeiro byte

Com a notícia de que Matrix vai voltar COM Keanu Reeves, as especulações fervem. Confira uma série de teorias sobre como será a história desse Matrix 2020.

Assisti à série Years and Years e, ué, não é que fiquei otimista?

Todo mundo está falando de Years and Years, né? Então fui assistir.
Já vi gente falando “ai, é tipo uma tentativa da BBC de fazer um Black Mirror" e, nossa, até entendo de onde tiraram isso mas é tão simplista.
Também já vi gente falando “nossa, para que assistir a essa série, só vai desgraçar mais minha cabeça". Bom, alguns (vários) momentos são bem desgracentos, mas pegando a série inteira acho que o saldo não é tão ruim.
Também vi gente falando "porra, melhor série” e calma lá, não é para tanto, é uma série muito bacana mas pqp que mania vocês têm de achar qualquer coisa maravilhosa. Basta uma coisa ser um pouquinho fora da curva e geral já chama de genialidade. Isso me lembra uma época que tudo no jornalismo de moda era "histórico". Bom, eu nem me lembro o que foi chamado de histórico naquela temporada, para você ver como ficou marcado na história… Essa coisa da gente achar tudo maravilhoso é um sinal de 1) como precisamos nos deslumbrar com qualquer coisa hoje em dia para ter ânimo 2) tá foda a qualidade do que pinta por aí, se existissem coisas realmente maravilhosas com mais frequência talvez tivéssemos mais parâmetro.
Também vi gente falando "dêem um prêmio para Emma Thompson” e concordo, dêem um prêmio para Emma Thompson, mas também dêem para Anne Reid, a avó Muriel. Sei que acabei de dizer que a gente acha tudo maravilhoso hoje em dia e que isso é um saco mas… Anne Reid É MARAVILHOSA. O que posso fazer?
E também vi gente falando coisa alguma pois ainda não assistiu. Para esses, digo: assistam.

Vivienne Rook (Emma Thompson): cada um com o Borsalino que merece

Vivienne Rook (Emma Thompson): cada um com o Borsalino que merece

Devolvam o meu cavaleiro queer de Andrômeda!

Você gosta de Cavaleiros do Zodíaco? A 2nd Floor, que lançou uma coleção licenciada em 2015, chega com a segunda leva de camisetas agora, provavelmente na onda do remake da Netflix que estreou no serviço de streaming em julho.

Que amor! <3

Que amor! <3

Os desenhos são da versão original

Os desenhos são da versão original

São 12 camisetas e 5 moletons que chegam nas lojas a partir de 2/09. As camisetas vão custar de R$ 139 a R$ 189. Os moletons saem por R$ 479.

Aí a gente aproveita para falar dessa nova versão de Cavaleiros, em CGI. O problema não é ser CGI - mas é um CGI meio tosco, tipo de Playstation 2 (nem sei do que estou falando, parei de jogar videogame no Supernintendo, então leia essa fase do tipo "CGI tosco como o de um videogame antigo"). Se é para ser meio tosquinho assim, melhor continuar no desenho manual mesmo, né? Mas a verdade é que o CGI deve agilizar a produção, provavelmente.
Você assistiu? Eu só vi o primeiro e o segundo episódios. Achei qualquer coisa, mas acho que de uma amostra tão pequena não dá para chegar em muitas conclusões.
Só que, você já deve saber, o cavaleiro de Andrômeda Shun virou Shaun, uma mulher.

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Na época (dezembro de 2018 para ser mais exato), o roteirista Eugene Son mandou o maior textão para explicar porque Andrômeda agora era uma mulher. Usou a carta da representatividade para dizer que eles precisavam incluir uma personagem feminina forte na turma dos cavaleiros de bronze.
A Toei, na figura do produtor Yoshi Ikezawa, fez a mesma coisa.
Só que eles falharam em responder um pequeno detalhe: por que o cavaleiro de Andrômeda, exatamente, e não outro?
Escolhendo Shun e transformando-o em Shaun, eles falham ao estragar a questão da representatividade queer, já que era um tanto óbvio que Shun era diferente dos outros cavaleiros, e a sua relação com Hyoga de Cisne reforçava ainda mais esse ponto.

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Lembro-me de entender que Shun era gay, simples assim. Quero deixar claro que acho a questão da representatividade feminina importante, mas por que não transformar Shiryu? Ou criar uma nova personagem? Ao transformar Shun em Shaun usando o discurso de “estamos sendo politicamente corretos", a produção é ainda mais perversa - o que ocorre nessa nova versão é o apagamento de um elemento queer que poderia incomodar os pais mais conservadores de 2019 com uma desculpa que poderia pegar bem entre os mais liberais.
Para mim não colou. Fiquei com raiva mesmo. Sem comparação com os tontos que reclamaram da Pequena Sereia negra, do Batman Pattinson, do Ghostbusters das mulheres - acredito que colocar a turma queer contra uma reivindicação feminista é coisa de vilão de ficção mesmo. Que nojentos FDP!

Então pinta aquele agradecimento público para a 2nd Floor - como dá para ver na primeira imagem, eles continuam usando a imagem de Shun. <3 #shunforever

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Ai, a nostalgia... e a música descartável que tem vida eterna

Sim, eu fui no show novo da Xuxa.

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Kkkkk SIM #xuxaxou ❤️❤️❤️

Uma publicação compartilhada por Jorge Wakabara (@wakabara) em

Foi, digamos, interessante.
Ela mesma afirma que não canta nada em mais de uma parte do show.
Minha relação com a Xuxa é meio estranha: eu fui um baixinho mas sempre preferi (segura essa) a Mara Maravilha. Ela era morena, baiana, mais solta já na minha visão infantil. E eu também já preferia as músicas da Mara, veja só. Bom, nitidamente a Mara cantava mais que a Xuxa - não digo que ela era uma ótima cantora mas é só perceber.

Enfim: tinha gente de toda a idade. É mais ou menos, só que em menor proporção, o mesmo fenômeno de Sandy & Junior, que estão aí com shows de retorno bombados e esgotados. Rolou um podcast da Folha Ilustrada sobre o assunto, confira:

Não concordo muito com o Thales de Menezes, que participa do podcast, no sentido que ele coloca o fenômeno Sandy & Junior como algo isolado e referente a apenas uma faixa de idade (ele joga para os 40 anos de idade atualmente, o que acho que foge bastante do que tenho observado).
Apesar de Maria Chiquinha, de 1991, ter sido um grande hit, o que percebo é que a grande maioria que vai nesses shows são os que escutaram As Quatro Estações, lançado 8 anos depois - e que não são, necessariamente, crianças que cresceram ouvindo Sandy & Junior. O que quero dizer é que a faixa de idade dos fãs da dupla, na minha percepção baseada puramente em observação, é bem maior. E grande parte está por volta dos 30, 35: ou seja, tinha 10 anos quanto As Quatro Estações foi lançado.

Vai uma pétala aí?

Vai uma pétala aí?

Mas voltemos a Xuxa, que é mais ou menos a mesma coisa - atravessou gerações, de Xou da Xuxa (que começou em 1986) ao Xuxa só para Baixinhos (já em 2000). São décadas! Um exemplo de longevidade pop. Diz o livro Pavões Misteriosos de André Barcinski que Paulo Massadas (da dupla com Michael Sullivan) teria dito para a gravadora RCA: "A Xuxa vai ser a nova Rita Lee". No sentido que Rita era um exemplo de maior vendedora de discos no país. Eles não botaram fé. E ela acabou fazendo carreira musical (pode-se chamar carreira musical, com ela mesma afirmando que não canta nada? Não sei!) na gravadora Som Livre, da Globo, e sim, se transformando na nova Rita Lee, vendendo muito.
Mas Xuxa era um pacote: ouça o disco, assista na TV, veja o filme. Onipresente. Com lendas, como a da boneca demoníaca, ou ouvir o disco tal na faixa tal de trás pra frente, a casa rosa, a relação dela com Marlene Mattos.

Sandy & Junior também tiveram sua parcela de histórias: da virgindade dela a boatos preconceituosos (e nunca confirmados) sobre homossexualidade dele. Tiveram filme (sem tanto sucesso quanto Xuxa) e TV (com sucesso sim). Ao se separarem, nunca alcançaram tanto sucesso quanto juntos.
Essa questão de fenômenos pops infantis é um babado. Assisti recentemente a um documentário na Netflix que falava do Parchís. Conhece?

É engraçado como a história se repete nesse tipo de grupo infantil. Eles nunca repetem o sucesso, tem o "traidor”, o que sai e depois parece um tanto arrependido, briga com empresário e gravadora, o assédio mesmo com meninas tão jovens, a filha de famoso do lado do garoto de origens humildes… Os clichês existem porque em algum momento foram reais. O espanhol Parchís acumula vários - e se você não quiser assistir, tudo bem, porque é meio por aí, você já sabe mais ou menos o roteiro, e ele segue quase sem surpresas.
Mas com tantos clichês, também existe série que tira sarro disso: da mesma Netflix, Samantha! (a exclamação não é minha, faz parte do nome!)

A atriz Emanuelle Araújo faz a personagem principal

A atriz Emanuelle Araújo faz a personagem principal

E sabe que Samantha! não é um grande roteiro mas é bem divertido? Se eu fosse você, dava uma chance. Na época do lançamento da primeira temporada a produção tentou negar a inspiração em Simony, integrante da Turma do Balão Mágico que depois posou para a Playboy, casou com um presidiário (o rapper Afro-X), tentou alcançar o mesmo sucesso e não conseguiu…
(confesso que gostava, corte para o vídeo do Xuxa Hits)

Superfantástica? Nem tanto, mas pop é pop, amore. Eu fui megafã da Turma do Balão Mágico e, mais ainda, da dupla Jairzinho & Simony

Siiiiiim, eu ouvi muito essa música (e talvez isso explique muita coisa).
Ainda sobre nostalgia e memória afetiva, também fui no show das Spice Girls, né? Meio que na mesma época em Londres ainda tava rolando a volta do Backstreet Boys e do Westlife. Eita! O pop, que é tão descartável, também é eterno.

E quem você gostaria que voltasse? Que você iria no show fácil? Vou dar minha lista de 3:

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ABBA

Eu simplesmente choraria sangue

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Metrô

Eles voltaram em 2016, eu fui. Se voltarem de novo, contem comigo!

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Secos & Molhados

Primeira formação. Paga-se bem. 3 shows? Iria nos 3. E compraria as camisetas!

(obviamente devo estar esquecendo bandas que mexem com o meu coração mas, é isso, esqueci, aguardem atualizações nesse post…)