Vocês lembram de Griffin & Sabine?
(A ideia desse post veio da lista de transmissão de Whatsapp da Pretérito Papel, marca de arte e papelaria com recortes e carimbos garimpados da minha amiga Mariana Tavares. Recomendo que vocês dêem uma olhada na página dela no Facebook e peçam para fazer parte da lista por lá!)
Em 1991, surgiu um livro que virou best seller e foi considerado por muitos como “a nova literatura", coisa que depois se provou BEM exagerada. Não sei exatamente quando Griffin & Sabine ganhou uma versão em português, mas quando ela chegou eu comprei, devorei e desde então adoro ler cartas, escrever cartas e escrever cartas ficcionais. Devia ter uns 11 anos.
Lembrava vagamente de rolar um mistério na história, mas a li quando era novo e provavelmente um tanto imaturo para compreender e interpretar tudo o que estava escrito. Por isso, confesso que tive que recordar algumas coisas no Google. Mas que mais chamava a atenção nesse livro, na verdade, era a arte elaborada e essa invasão de privacidade, uma sensação de remexer em algo que não devia - no caso, correspondências entre os personagens que dão nome ao livro, Griffin e Sabine. Elas estavam literalmente coladas nas páginas – você tinha que abrir o envelope e desdobrá-las para lê-las.
Griffin & Sabine é uma trilogia, que depois ainda rendeu outra trilogia. Uma coisa que me espantou porque não me recordava e agora faz todo o sentido é que Griffin chegava a se questionar se Sabine era fruto da sua imaginação. Muito doido: isso deve ter marcado o meu subconsciente, porque quando faço ficções é uma coisa que adoro. A personagem inventada pela personagem, o “amigo imaginário". E a sensação de plot twist no geral.
Mas no fundo me lembro de cansar um pouco. Num certo momento daquilo tudo, Griffin e Sabine me pareceram um pouco chatos.
Pelo que li agora para fazer esse post: não existe conclusão, mesmo com duas trilogias e um livro extra. Eles chegaram a se encontrar? Existiam em realidades paralelas?
Esse "final aberto” até que me atrai…
Nick Bantock, o inglês autor de Griffin & Sabine, passou grande parte da sua carreira ilustrando capas de livros, veja só. Aí, em algum momento, criou Griffin & Sabine e a coisa deslanchou – virou um autor. A primeira trilogia foi lançada entre 1991 e 1993, a segunda entre 2001 e 2003 e o livro extra, The Pharos Gate, é de 2016. Sempre nas efemérides, reparou? A arte $alva…
Por que Griffin & Sabine fez tanto sucesso mas não chegou no cinema? Eu chutaria que é porque a história em si é meio “infilmável", mas houve, sim, muito projeto para as telonas. Todos foram gongados pelo próprio Bantock, com a justificativa que Hollywood tentava reduzir a história a algo romântico e ela é mais que isso, com metafísica e thriller. Oh, okay, then. No entanto, ela já foi montada em teatro no Canadá em 2018!
Já existiram planos de levar Griffin & Sabine para o mundo digital, em forma de aplicativo, mas até onde sei ele não foi concretizado. Que bom, né? Iam tirar a maior graça da história: a sensação táctil e simbólica de abrir uma carta que não é sua. Abrir um e-mail não chega perto. Ou será que você ia ter que ficar tentando uma senha até o aplicativo destravar, coisas assim? Risos.
De qualquer forma, quem fala aqui é o velhinho que adora um vinil e um livro, né? Sei lá o que os jovens acham de ficar abrindo cartas.
Bantock fez várias outras obras. Entre eles, esse aqui, lançado em 2017:
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