Helen Mirren como Rainha Catarina, a Grande: a bitch que a gente adora assistir

Ela está concorrendo ao Globo de Ouro (ao contrário da Zendaya, mas isso é história para outro post) e não sei se leva (Michelle Williams em Fosse/Verdon, por exemplo, está incrível). Mas vale a pena ver Helen Mirren no papel de Rainha Catarina na série Catarina, a Grande, da HBO.

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Muito já se disse sobre Mirren ser especializada em papéis de rainha: os retratos mais conhecidos são Rainha Elizabeth 1ª (em uma série de 2005) e Rainha Elizabeth 2ª (no filme de 2006 A Rainha, de Stephen Frears, naquele momento-chave da morte da Lady Di). Mas ainda teve a Rainha Charlotte em As Loucuras do Rei George (1994) e até Lady Macbeth. Só que Catarina é diferente: uma personagem complexa e central da história mundial, ela transformou a posição da Rússia no século 18. O recorte retratado na minissérie é o do fim do seu reinado, quando ela conhece (e se apaixona) pelo militar Grigory Potemkin (Jason Clarke) enquanto enfrenta muita gente ao seu redor que quer tirá-la do poder.

Para quem não se lembra, Rainha Catarina armou contra o próprio marido, o Rei Pedro 3º. O golpe acabou em morte, ela subiu ao trono e, quando o filho, futuro Rei Paulo 1º (Joseph Quinn), chegou à maioridade, ela nem se abalou: continuou rainha e “eles que lutem". A série começa com ela ainda com Grigory Orlov (Richard Roxburgh), participante ativo do golpe e seu amante, mas o relacionamento já está em suas vias de fato.

Rainha Catarina tinha ideias liberais e queria acabar com a servidão que ainda estava em prática na Rússia. Essas suas opiniões e sua pose de tirana esclarecida não tinha lá muita popularidade nos círculos mais abastados. Ao contrário do que as narrativas costumam mostrar, que amor e poder não podem se misturar e, caso se misturem, as consequências são terrivelmente dramáticas, Catarina é ardilosa mas gosta de se apaixonar. Não se abstém de relações sexuais e deixa claro que não, aqui quem manda é ela e o homem com quem ela estiver não vai ter poder, ou pelo menos não terá poder público apesar de ficar tão perto dessa fogueira. Ela é a peça central, e tem um prazer quase equivalente ao sexual nisso.

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Claro que chamar de puta e de assassina é o mais leve que o povo chega. Mas Catarina, a Grande era grande demais para isso: ela não só se permitiu mas insistiu em agir como uma pessoa inteligente e sedenta por poder, e o fato de ela ser mulher não a deteve. Aliás, até ajudou: ela não relutou para usar a sedução como uma das suas ferramentas em suas estratégias políticas.

Assistam!

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