The Diamonds? Não: Os Diamantes

Marina Diamandis lançou música nova recentemente. É Man's World e é bem OKzinha perto do incrível Froot de 2015 (tá bom, talvez seja melhor que OKzinho). Hoje ela assina apenas Marina, tal qual já foi o caso de Marina Lima, mas até pouco tempo atendia por Marina and the Diamonds. Era quase uma brincadeira, já que ela funcionava (e segue funcionando) como uma artista solo e não como uma banda. Também era esse o caso de Florence + the Machine, apesar de no caso de Florence Welch a banda ter existido de maneira mais concreta.

Essa mania de Não-sei-quem & the Fulanos é uma tradição pop dos anos 1950 e 60 que, no BRock, foi resgatada de maneira irônica. Kid Abelha & os Abóboras Selvagens, Lobão & os Ronaldos, Gang 90 & as Absurdettes.

E também tinha sabe o quê? Tania Cristal e os Diamantes. Parece inventado mas é sério: Tania Cristal e os Diamantes era uma das tantas bandas da época que fortaleceram a cena mas não entraram para a história.

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Para tentar encontrar a nova Blitz ou o novo Kid Abelha, era normal que as gravadoras lançassem coletâneas com músicas inéditas dos grupos que surgiam a cada esquina. Um exemplo é a Rock in Brazil, da RCA, de 1985. Nela tinha João Penca e Seus Miquinhos Amestrados (olha o & aí de novo!), Herva Doce (com o megahit Amante Profissional), Lobão e os Ronaldos (com Corações Psicodélicos) e Brylho (com Totalmente Demais – um registro raro, já que a versão que ficou famosa foi a da Hanoi Hanoi, banda de Arnaldo Brandão quando ele saiu da Brylho) ao lado de Xok (com a bobinha Encontro Marcado de George Israel, do Kid, mais Nilo Romero e Rogério Meanda; é fofa e esquecível), Sylvia Patrícia (com Lady Pank, uma homenagem à banda polonesa Lady Pank; por onde andará a baiana Sylvia?) e Tania Cristal e os Diamantes com Vamp Atômica.

Vamp Atômica é uma música da própria Tania Cristal. Começa com uma guitarrinha gostosa, e a voz e entonação de Tania lembram vagamente as de Neusinha Brizola. A lógica usada aqui é a contrária da Blitz – voz principal feminina com coro masculino. E o tema? É engraçado: a mulher está irritada porque o cara entrou “numas de QI” e comenta: “não viu minhas pernas, minha beleza esperta. Ideias na cabeça é querer demais!". O humor autodepreciativo sempre é o meu tipo de humor! kkkkkkkkk Fora que alguém se autodenominar vamp atômica é absolutamente MARAVILHOSO, né?

(Atomic, do Blondie, foi lançada em 1980. O desastre em Chernobil só aconteceria em 1986.)

A banda só contou com esse registro fonográfico. Mas Tania seguiu: mudou o nome artístico para Tania Christal. Em 2002, a pernambucana lançou o álbum homônimo Tania Christal. No single, sai a vamp e entra… O Homem Lobisomem!

Uma música eletrônica com spoken word, ela retrata justamente o homem que não vai entrar numas de QI… Lua cheia e ele a pega na rua numa paixão que… deixa marcas, se é que me entendes. “O homem urrava, era um homem fera, um homem que se transforma…”

O disco está presente com outro nome, Insane, nas plataformas digitais, mas pelo que entendi são as mesmas músicas em outra ordem.

Entre as várias músicas, algumas são parcerias com a superamiga dela Numa Ciro. Numa tem 70 anos. Sabe quando ela lançou o primeiro álbum?
Em 2020.

Participações de José Miguel Wisnik, Jussara Silveira, Armandinho, Lan Lanh, Socorro Lira. Sentiu o impacto?

E, claro, também tem Tania Christal numa faixa que é composição das duas: Vigésima Hora.

O disco de Numa Ciro é ótimo.
Já faz um tempo que Tania mora na Europa.

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As mais tristes para dançar

O país do samba sabe disso faz tempo. Foi a minha amiga Verônica Veloso, há muito tempo, que chamou a minha atenção para como as letras dos sambas podem ser tristes e essa coisa de cantar e dançar exaltado sobre esses temas pode ter um efeito de exorcizar as dores do coração. Nelson Cavaquinho e coisas como A Flor e o Espinho e Folhas Secas; algumas do Cartola; Lupicínio Rodrigues e sua eterna dor de cotovelo; coisas emblemáticas como Triste Sambista do repertório de Carmen Miranda e Tristeza Pé no Chão de Clara Nunes.

Mas não é só na música nacional que existe essa tendência à sofrência, a gente sabe. E pensando nas lágrimas que podem cair na pista de dança e na Robyn que virou figura aclamada depois de Dancing on My Own de 2010, uma das mais lindas músicas pop para dançar já feitas, decidi fazer uma lista de Crying at the Discoteque. Lembrando que a original Crying at the Discoteque do grupo sueco Alcazar, de 2000, é uma falsa música de sofrência sob estrobos porque as lágrimas, nesse caso, são de alegria segundo a letra.
Tsc, tsc, tudo para ser um clássico. E até foi, durante uns episódios de Queer As Folk, aquele seriado gay que envelheceu mal pela falta de diversidade assim como quase todos os seriados gays que existiram até hoje.

Então, com vocês, a lista Crying at the Discoteque sem a música Crying at the Discoteque!
(Recebi a colaboração luxuosa d’Os Princesa Bia Bonduki e Ana Laura Mello, do Daniel Beoni, da Flávia Akemi e do Pedro Nere. Não incluí praticamente coisa alguma do que eles sugeriram mas obrigado mesmo assim kkkkkkkkKKKKKKK)

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#1: No More Tears on The Dancefloor (2011) - Anders I Fahrenkrog

É ruim demais e por isso que é bom. Sabe o hit 99 Red Balloons da Nena? Foi escrito e produzido por Uwe Fahrenkrog-Petersen, uma das metades da dupla. A outra é Thomas Anders, que faz parte do Modern Talking, dupla alemã bem eletropop anos 1980. Aquele popzinho nojento guilty pleasure que a gente AMA.

#2: I'm a Ruin (2015) - Marina Diamandis

"I'll ruin, yeah, I'll ruin you (I'll ruin you)
I've been doing things I shouldn't do (Things I shouldn't do)”

É aquela música de chorar de arrependimento na pista. Com direito a um dos melhores vocalises do pop: ye-yeah, ah-ah-hah, uh-uh-uh, ih-yeah! Se você conseguir fazer tudo afinadinho, parabéns pela extensão vocal.

#3: You Haven't Seen the Last of Me (Dave Audé Mix) (2010) - Cher

Esse é apenas o primeiro bate-cabelo da sofrência bem performance drag e não chora não que vai ter mais.

Essa é para ouvir no momento de fim da tristeza, bye bye, não precisa voltar - você está quase recuperado e só precisa de um empurrãozinho na pista. There will be no fade out, this is not the end! Arrasa, bi!
(E o clipe não é oficial, foi feito por fãs! Que luxo!)

#4: Your Type (2015) - Carly Ray Jepsen

Não poderia faltar a melhor aluna da Robyn: Carly Rae Jepsen, a verdadeira atual princesa do pop no coração dos iniciados. "I bet she acts so perfectly / You probably eat up every word she says / And if you ever think of me / I bet I'm just a flicker in your head” - eita, amiga, tá na pior, né… Fico triste não porque me reconheço, mas porque ela se humilha demais pelo boy, credo.

#5: Dancing on My Own (2010) - Robyn

Um clássico e uma ótima dobradinha com a anterior. Será que essa música algum dia vai envelhecer? Sim, porque ela já tem 19 aninhos! Acredita? Quando toca todo mundo corre para a pista, ainda. Quando ela diz “I'm not the girl you're taking home", a gente sente o impacto real oficial.W

#6: It's Not Right But It's Okay (Thunderpuss Remix) (1999) - Whitney Houston

Não sei vocês mas provavelmente essa foi uma das músicas que eu mais dancei na vida. É sério! Daquelas músicas para cantar em plenos pulmões quando você acha que ele está te traindo, a I Will Survive da minha geração. E sim, era essa versão remix, de 9 minutos e pouco. Thunderpuss fez Whitney voltar ao topo, coisa que ela não tinha mais conseguido desde a trilha do filme The Bodyguard. Virou um hino gay onipresente! Confira nesse link o próprio Thunderpuss contando como foi que esse job dos sonhos parou em suas mãos.

#7: Everything is Embarrassing (2013) - Sky Ferreira

Amo a batida e a letra dessa música. É para dançar pensando naquele boy que te desprezou, você sente uma raivinha mas no fundo rola uma esperança. “Telling me that basically you're not looking out for me” - afffeee, eu sei, mas peraí, xô tentar uma coisinha… E é daquelas para dançar com emoção. Aqueles passos que você criaria se fosse coreógrafo de jazz contemporâneo - eu sei que você já quis ser coreógrafo de jazz contemporâneo. E eu sei porque todo mundo já quis…

#8: Dance in the Dark (2009) - Lady Gaga

“Baby loves to dance in the dark / 'Cause when he's lookin' she falls apart" - essa música é linda e acho que ainda não deram o devido valor para ela. Fala do poder que a pista de dança te dá, mesmo que você esteja se sentindo ou se sinta no geral um lixo, para ser a pessoa mais poderosa e brilhante do mundo. Ninguém precisa saber, ninguém precisa ver. Find your freedom in the music!

#9: I Wish We Were Leaving (2014) - Bright Light Bright Light feat Elton John

Além da participação de Elton John, o que já é bem exótico, essa música tem um cheirinho de God Only Knows do The Beach Boys em uma parte-chave da melodia. God Only Knows é uma das músicas mais lindas da música pop - e não sou só eu que acho, o Sir Paul McCartney já disse que ela era the greatest song ever written. Uau! Como God Only Knows não é exatamente voltada para a pista, a gente fica com essa, que também tem uma letra tocante: "And one day you'll make somebody so happy / But it won't be me". Ave. Para dançar com um lencinho Kleenex.

#10: Wings (2014) - HAERTS

A letra não é necessariamente tão triste, mas a voz da vocalista Nini Fabi é tão tristonha que para mim a música acaba tendo uma carga emocional maior.
Mas OK, a letra é meio triste sim: “People never smile to say goodbye / Leaving means there's nothing left to try / But I broke my wings for you / I smiled as you untied our love for good".
Wings aparece com destaque em momento crucial do filme Com Amor, Simon. Achei esse longa um tanto white boy problem, um tanto heteronormativo, mas muita gente achou fofo portanto eis aí a musiquinha dele.

#11: Crying on the Dance Floor (2017) - RuPaul

Uma drag music por uma drag queen. Essa é para você que está chorando mas não quer chorar: "You won't see me crying on the dance floor!” E fica repetindo isso até acreditar!

#12: My All (Morales "My” Club Mix) (1999) - Mariah Carey

Just one more night - essa é para você que está se rastejando pelo boy. Eu hein. Tudo bem, ouve aí mas depois se valoriza e volta para a da Whitney que está mais para cima. E engole esse choro!

#13: Nobody's Supposed to be Here (Dance Mix) (1998) - Deborah Cox

A sequência da boate era essa, então achei de bom tom fazer a progressão aqui também: My All da Mariah e depois a fodona Deborah Cox botando o pé na porta com Nobody's Supposed to Be Here. “How did you get here? Nobody's supposed to be here!!!” Para gritar junto, principalmente na hora do no-no-no-no-no-no-no-UUUUUU!

#14: Crying for No Reason (2014) - Katy B

O começo é meio parado - aguarde um minuto e pouco para as batidas aparecerem. A letra é esquisita: ela diz que está chorando sem motivo, mas ao mesmo tempo conta que escondeu e enterrou todos os problemas dela e agora eles vieram à tona. E ela ainda pede perdão… Então está chorando por alguma razão sim, amore! Ou várias. Enfim, se você se identificar com alguém que não sabe se expressar direito, chore com essa.

#14: Don't Leave me This Way (1986) - The Communards feat Sarah Jane Morris

Essa música tem uma história longa: ela começou como um R&B do Harold Melvin & The Blue Notes feat Teddy Pendergrass em 1975. Já tinha bastante suíngue. Aí, em 1976, ela ressurgiu. Inicialmente seria do repertório da Diana Ross mas acabou nas mãos, ou melhor, no gogó de Thelma Houston (que não é parente de Whitney Houston). Se a primeira versão fez sucesso, a segunda, de pegada disco, virou um sucesso internacional. Uma década depois o incrível Jimmy Somerville e seu companheiro de banda Richard Coles nos agraciava com a versão do Communards, que ainda trazia um feat com Sarah Jane Morris, cantora da escola do jazz.
Essa música virou um símbolo da luta contra a Aids, tanto na versão de Thelma quanto na do Communards. Tanto Somerville quanto Coles são abertamente gays e viram sua comunidade sofrer com a doença.

#15: Always on My Mind (1988) - Pet Shop Boys

Para mim essa é a música mais linda da lista inteira. Para quem se arrependeu e quer voltar. Chora, baby - a versão do Pet Shop Boys já foi considerada em artigo do The Telegraph em 2004 um dos melhores covers jamais cometidos. Assim como a música anterior dessa lista!

Abaixo, a playlist no Spotify ;) Chora não, coleguinha!