A maior it girl que o Brasil já conheceu: Lídia Brondi
Tem uma famosa brasileira pela qual sou completamente fissurado - cheguei a citá-la no post sobre Confissões de Adolescente, lembra? É uma mistura de carisma, de interrupção e mistério no auge, da relação entre a fama e a saúde mental, de talento e beleza que são raros de se ver. E conta vários pontos o fato de que a achava estilosérrima, muito cool, a precursora de outras atrizes chiquérrimas como Malu Mader, Claudia Abreu e Andréa Beltrão.
Lídia Brondi tinha até um nome diferentão. Ela era o máximo!
Lídia nasceu em Campinas e cresceu em Ribeirão Preto. É filha de um professor de sociologia que também é pastor protestante, Jonas Resende, e que gostava de teatro mas nunca se profissionalizou na área. Aos 9 anos mudou pro Rio; aos 14 fez um teste no programa Márcia e Seus Problemas e passou. Aí Boni a procurou para estrear em O Grito (1975), já na Globo, como filha do personagem de Walmor Chagas.
O cabelo, o look: nasce uma estrela. Lídia Brondi como Estela em O Grito (1975)
Desde o começo, a relação com a fama parece que era meio complicada. Aos 18, na revista Love Story, ela explicava que “o negócio é não deixar o sucesso subir à cabeça, senão eu perco a minha individualidade e passo a ser uma coisa, uma imagem fabricada pela TV.” Aos 17, na Sétimo Céu, ela dizia: “Muitas vezes a gente quer ficar sozinha, e não pode."
Em Dancin’ Days (1978), Lídia recusou o papel de filha de Sonia Braga, que acabou com Gloria Pires. Ela se achava meio velha pro papel, e acabou em outro, interpretando Vera Lúcia. Olha um trecho:
Agora um apanhado de coisas que Lídia já fez na TV, cinema e teatro:
A Ilha das Cabras (1979)
Especial da série Aplauso, inspirado na peça homônima de Hugo Betti
Os Gigantes (1979)
Lídia faz o papel da veterinária Renata - aqui com Tarcísio Meira, seu interesse amoroso na novela
Baila Comigo (1981)
A personagem Mira
Beijo no Asfalto (1981)
No papel de Dália, que é apaixonada pelo cunhado. Não foi a única vez que ela fez uma personagem rodrigueana. Também teve…
Perdoa-me por me traíres (1980)
Ela fez Glorinha, personagem que só ajuda a reforçar sua imagem de ninfeta
O Colecionador (1983)
Peça na qual contracenou com Ewerton de Castro
Corpo Santo (1987)
No papel da repórter policial Bárbara, uma incursão na Manchete
Rádio Pirata (1987)
Um filme deliciosamente jovem precursor de iCarly. Brincadeira, mas quem nunca sonhou em ter uma rádio pirata? Aqui, os motivos são para mobilizar a opinião pública, o que deixa tudo mais, er… sério?
Final Feliz (1982)
Natália do Vale com Lídia em cena
Espelho Mágico (1977)
Tony Ramos com Lídia
Transas e Caretas (1984)
Lídia sairia no meio da trama pois ficou grávida da filha Isadora com o seu então marido na época, o diretor Ricardo Waddington
Aliás, a título de curiosidade: Isadora Frost hoje é artista visual. Olha o Instagram dela!
As minhas maiores lembranças de Lídia Brondi são das últimas novelas que ela fez. Confere aí - Roque Santeiro (1985):
Vale Tudo (1988): a cena mais inesquecível, de Solange com Maria de Fátima, o melhor cabelo, o melhor texto. Maravilhosa. Solange, para quem não lembra, trabalhava como produtora de moda. Tá, meu bem?
ATUALIZAÇÃO: a minha irmã Ana Flavia me lembrou que ela chamava as pessoas de cherrie e isso virou moda, era o more da época! Tá, cherrie? Bring cherrie back!
E mais um tapa, dessa vez de Tieta em Leonora em Tieta (1989):
E a última novela que ela fez, Meu Bem Meu Mal (1990), com esse cabelo incrível que, confesso, já fiz igual.
E aí surgiu a notícia: Lídia foi uma das primeiras famosas que teve a sua condição de sofrer de síndrome do pânico exposta em público. Esse foi o motivo apontado do seu afastamento do mundo das celebridades. Ela negou. Segundo a própria, simplesmente quis abandonar a carreira artística após uma última peça de teatro, Parsifal (1992), e se dedicar a ser psicóloga. A galera ficou doida, claro: como uma atriz tão famosa pode querer deixar isso para trás? Pois é, ela quis. E continuou casada com Cássio Gabus Mendes, que não deixou de ser ator.
Será que ela se arrepende hoje? Espero que não. Acho maravilhosamente punk essa coisa dela ter deixado a carreira no auge, com um gosto de “tudo é possível". Ao mesmo tempo, o que Lídia poderia ter feito se tivesse continuado? Quais papéis seriam dela?
Termino esse post com essa sequência de capas de revista, que é um outro lugar que me lembro de ver Lídia com frequência.