7 museus que amei e talvez você também ame

Falei do MASP faz pouco tempo e fez sucesso! Que bom - ele é mesmo um lugar incrível que a gente tem que valorizar. Nessa pegada, decidi falar de alguns outros museus que conheci pelo mundo e que amei - e talvez você também ame, quem sabe?

A primeira vez que fui ao Reina Sofía, que fica em Madri, me apaixonei. Já voltei mais uma vez e devo voltar sempre que puder - além de simpatizar com o lugar, gosto da programação. Do tipo que sempre que tem uma exposição nova, mesmo que eu não gos…

A primeira vez que fui ao Reina Sofía, que fica em Madri, me apaixonei. Já voltei mais uma vez e devo voltar sempre que puder - além de simpatizar com o lugar, gosto da programação. Do tipo que sempre que tem uma exposição nova, mesmo que eu não goste ela vai me fazer pensar! Clique aqui pra ver o site oficial - fonte da foto: Wikipedia

Existem mil motivos para você ir para Naoshima, a ilha das artes do Japão, tipo uma Inhotim em forma de ilha em uma comparação bem simplista. Um dos motivos é o Chichu Art Museum, um desbunde: com arquitetura de Tadao Ando, um dos meus arquitetos pr…

Existem mil motivos para você ir para Naoshima, a ilha das artes do Japão, tipo uma Inhotim em forma de ilha em uma comparação bem simplista. Um dos motivos é o Chichu Art Museum, um desbunde: com arquitetura de Tadao Ando, um dos meus arquitetos preferidos da vida, ele já é uma obra de arte por si só. Mas o que existe lá dentro também é de cair o queixo: uma sala especial para algumas ninfeias de Claude Monet; obras que mexem com a sua visão de James Turrell; e essa instalação da foto, de Walter de Maria: tipo altar contemporâneo, lindíssima e impressionante. Lembra que eu falei do simbolismo do círculo? Pois! Veja o site oficial do Chichu - fonte da foto: GaijinPot Travel

O que sempre me leva de volta ao Victoria & Albert Museum? Não são só as exposições dedicadas à moda em uma das minhas cidades preferidas do mundo, mas também o acervo fixo deles, que é gigantesco e cheio de curiosidades. Quando tenho um tempo e…

O que sempre me leva de volta ao Victoria & Albert Museum? Não são só as exposições dedicadas à moda em uma das minhas cidades preferidas do mundo, mas também o acervo fixo deles, que é gigantesco e cheio de curiosidades. Quando tenho um tempo em Londres vou para lá e fico mergulhado em uma das partes: arte islâmica, arte grega, arte japonesa… Ah, e a lojinha também é ótima, é importante ressaltar! Risos! Veja o site oficial - fonte da foto: Wikipédia
Obs.: Decidi incluir só um museu de cada cidade, mas se pudesse incluir dois, também falaria do Tate Modern! Amo demais! E uma das coisas mais legais de Londres é que a maioria esmagadora dos museus tem entrada gratuita!

Sabe uma cidade que adoro? Seattle! E é lá que fica o Museum of Pop Culture. Ele tem essa cara esquisitona e é um projeto original do Paul Allen, co-fundador da Microsoft (ele morreu recentemente, em 2018). É legal porque as suas exposições falam ju…

Sabe uma cidade que adoro? Seattle! E é lá que fica o Museum of Pop Culture. Ele tem essa cara esquisitona e é um projeto original do Paul Allen, co-fundador da Microsoft (ele morreu recentemente, em 2018). É legal porque as suas exposições falam justamente de cultura pop. Foi lá que eu vi uma exposição da Hello Kitty, do Nirvana… Bem legal mesmo! Veja o site oficial - fonte da foto: o site CityPass

Aqui pertinho, em Buenos Aires, tem o MALBA - vou confessar que não me lembro tão bem porque faz muito tempo que fui para BA, mas incluí porque a minha lembrança que ficou é de que gostei muito. Acho que curti a coleção permanente de arte latino-ame…

Aqui pertinho, em Buenos Aires, tem o MALBA - vou confessar que não me lembro tão bem porque faz muito tempo que fui para BA, mas incluí porque a minha lembrança que ficou é de que gostei muito. Acho que curti a coleção permanente de arte latino-americana e do que estava em cartaz na época. Então vai no site oficial - fonte da foto é o site da Air France.

Mais uma vez ela ataca: a portinha que você não dá nada! Só que essa é em Kiev, bem pertinho do mercado central de lá. O PinchukArtCentre tem esse nome estranho e estrutura mais estranha ainda, meio parecido com o Farol Santander porque são vários a…

Mais uma vez ela ataca: a portinha que você não dá nada! Só que essa é em Kiev, bem pertinho do mercado central de lá. O PinchukArtCentre tem esse nome estranho e estrutura mais estranha ainda, meio parecido com o Farol Santander porque são vários andares, é um lugar que se expande pra cima e não para os lados. E a programação é mara: um bom lugar para conhecer artistas ucranianos e uma curadoria que você não veria nem na Europa ocidental, muito menos no Brasil. Não sei se dei sorte, mas gostei de praticamente tudo que vi nesse lugar! O Mystetskyi Arsenal, que também fica na cidade, é superbacana, mas achei o PinchukArtCentre mais charmoso! Corre no site oficial aqui - e a fonte da foto é o Lonely Planet

Esse último não é tanto pelo museu mas sim por essa instalação que eu vi por lá, essa da foto acima. Soma, do Carsten Höller, montada em 2010, trazia esses animais vivos para dentro do Hamburger Bahnhof, de Berlim. Eles comiam, bebiam, dormiam - e i…

Esse último não é tanto pelo museu mas sim por essa instalação que eu vi por lá, essa da foto acima. Soma, do Carsten Höller, montada em 2010, trazia esses animais vivos para dentro do Hamburger Bahnhof, de Berlim. Eles comiam, bebiam, dormiam - e inclusive cagavam - naquela área, durante todo o período da exposição. Tinham outros animais também, tipo canários. A ideia, pelo que entendi, era simular um experimento para tentar descobrir mais sobre a soma, bebida lendária dos indianos védicos cuja receita se perdeu. Alguns acreditam que a base seria de cogumelos alucinógenos, então Carsten simulava (acho) que administrava esses cogumelos para metade desses animais. O fato desses bichos estarem vivos lá dentro me impressionou demais. E pode reparar na cama de casal ali em cima do lado direito da foto: quem pagasse uma boa grana podia dormir no museu com os bichos todos!!! AH! Confira o site oficial do Hambuger Bahnhof porque se eles já colocaram essa instalação lá, devem colocar coisas muito instigantes em cartaz sempre! Fonte da foto: Design Boom

Gostou da lista? Incluiria algum? Conta para mim - e vamos para o museu!!!

Você tem só mais alguns dias pra ver 3 exposições maravilhosas de uma vez

Fui no MASP e fiz esse post que eu sei que soa bem pedante mas foi de coração:

A exposição em cartaz da Djanira (nome completo é Djanira Motta e Silva) vai só até 19/05, então é bom correr. Em 2019, o MASP está focando no tema das artistas mulheres e a representatividade delas. A exposição das Guerilla Girls que rolou em 2017 deve ter sido um wake up call - elas produziram uma obra especificamente pra mostra que faz parte de uma série de cartazes na qual elas expõem a porcentagem de artistas do acervo das instituições que são mulheres.

Esse é o cartaz!

Esse é o cartaz!

Por isso o triunvirato que está em cartaz no MASP agora é imperdível. Tem a supracitada Djanira, que era uma artista considerada naïf por preconceito da elite intelectual - e que na verdade pensava no Brasil e em questões importantes como a realidade social e ecologia de maneira profunda.

Aí tem a expô da Lina Bo Bardi, que é simplesmente quem assinou o projeto do prédio do MASP. Arquiteta, designer, pensadora - a mulher era foda! Peguei essa citação aqui da exposição porque acho que ela é muito emblemática:

“Pode-se achar até feio e digo: não é bonito o Museu de Arte de São Paulo, nunca foi bonito. Não procurei a beleza, procurei a liberdade. Os intelectuais não gostaram, o povo gostou. Gostou muito. Sabem quem fez isso? Foi uma mulher!”
— Lina Bo Bardi, sobre o projeto do MASP

Achou pouco? Bom, ela também assinou os projetos do Sesc Pompéia, Casa de Vidro, MAM-SP, Teatro Oficina. Simplesmente amo todos.

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Sesc Pompéia

Acho esse projeto um escândalo! Ultrapassa os padrões de beleza, é outra coisa, é convivência, é criatividade!

E finalmente tem Tarsila do Amaral. É uma exposição muito imperdível, muito inacreditável, uma mulher brasileira que é uma das artistas mais importantes do mundo e que ainda assim, mais de 45 anos após sua morte, não tinha tido uma retrospectiva dessas proporções no seu país de origem. E, aliás, precisou ter uma exposição dessas proporções antes… no MoMA.

Não sou especialista em arte, o que sei e conheço sobre o assunto foi por pesquisa e umas aulinhas na escola e na faculdade. Mas não dá para ficar incólume diante do conjunto das obras de Tarsila. É paupável a importância dela.

Mas por tudo isso e pelo meu background, vou falar algo que os puristas talvez achem futilidade mas eu não acho: Tarsila é CHIQUÉRRIMA.

Essa coisa de desafiar o BCBG (bon chic bon genre), de colocar o que ela chamava de cores caipiras como um dos seus principais motes, de usar temas da cultura popular e elevá-los - é um tipo de plot twist que também me faz admirar outros criadores como Miuccia Prada (desafiando o conceito de cafona na moda). Claro que Tarsila fazia parte de uma elite, era de outra época e portanto sua visão da pobreza - do Morro da Favela, por exemplo - é romântica.

Morro da Favela (1924), Tarsila do Amaral

Morro da Favela (1924), Tarsila do Amaral

Ainda assim, levando em conta o contexto da época e comparando com o que havia, acho MUITO FODA. Algumas das obras que me deixaram hipnotizado, fora o clássico Abaporu:

Queria falar mais uma coisinha sobre Composição (Figura Só), o único quadro que Tarsila fez em 1930. Em 1929, a família dela quebrou com o crash da bolsa; em 1930, golpe de Estado; e nesse mesmo 1930 Oswald de Andrade a abandonava pra ficar com Pagu. Forte. No texto que acompanha o quadro na exposição, a última frase é: “Nada mais seria como antes”.

Resumindo: já gostava; gosto ainda mais. Vá ao MASP!!!

Autorretrato de 1923 de Tarsila do Amaral. O casaco é Jean Patou - e aposto que ele é mais bonito no quadro do que era na vida real!

Autorretrato de 1923 de Tarsila do Amaral. O casaco é Jean Patou - e aposto que ele é mais bonito no quadro do que era na vida real!