Já temos um ganhador e ele se chama DRAG RACE UK

Imagina que fizeram uma paródia de RuPaul's Drag Race como se ele fosse um programa da BBC: com drag queens do Reino Unido falando com sotaque e um humor bem, enfim, inglês.
O Drag Race UK, que estreou faz poucos dias, é exatamente o que você imaginou, e isso é maravilhoso.
E isso me deixa muito feliz porque faz algumas temporadas que eu me sinto um idiota tentando reavivar um amor já perdido com o RuPaul's Drag Race americano: acho tudo forçado, bobo, banal; e gostava tanto. Ufa, ainda bem que o Drag Race UK chegou!
(E a RuPaul parece que concorda, ela está rindo muito nesse primeiro episódio!)

Amo todas vocês (até segunda ordem)

Amo todas vocês (até segunda ordem)

Acho que vou dizer destaques cheios de spoilers, com licença. Avisei, tá? SPOILERS.

Como não amar um programa que tem uma drag chamada The Vivienne em homenagem a Vivienne Westwood e logo no primeiro desafio ela usa uma bota Pirate original??? MEU DEUS!!!

The Vivienne, você já é uma das minhas favoritas - mas isso não significa muito porque todas são minhas favoritas

The Vivienne, você já é uma das minhas favoritas - mas isso não significa muito porque todas são minhas favoritas

Particularmente acho que Sum Ting Wong devia ter ganhado (apesar da bota Pirate), o look tava bem perfeito e isso é ASIAFOBIA!!! Brinks. Mas juro, ela arrasou mesmo.
O desafio foi maravilhoso: era tipo o da Madonna que elas tinham que se vestir como a Madonna em alguma fase da carreira dela, só que com… a Rainha Elizabeth 2ª!!!

E a Sum Ting Wong foi de SELO! Cara, sério!!! Que perfeita!

E a Sum Ting Wong foi de SELO! Cara, sério!!! Que perfeita!

Tem uma drag que não é gay, ela tem apenas 19 anos e ela é boa, o que é muito esquisito.
Ela não deixou claro se é hétero ou bissexual, o fato é que ela tem uma namorada.
E sério, a Scaredy Kat é muito boa.

Né não???

Né não???

Amei várias outras: Vinegar Strokes parece ser um bom coração que a gente vai querer ser amiga; Divina de Campo tem um nome em português (é isso mesmo, Divina de Campo), risada bizarra e looks foda; Crystal deve ser a doida cult da temporada (ou somente doida mesmo).
Estou tristíssimo, a Gothy Kendoll já tinha conquistado meu coração e saiu logo de primeira.
No fundo estou triste porque várias vão sair. Já estou triste antecipadamente! Não quero que ninguém saia!

E Andrew Garfield de jurado no primeiro episódio? Óun!
Assistam!!!

Gothy Kendall, your roar is beautiful

Gothy Kendall, your roar is beautiful

O JeanPod voltou!

Faz um ano que Jean Paul Gaultier brincou com o design da embalagem dos seus clássicos perfumes, tipo uma lata alta. Eles poderiam ser um Echo com Alexa, não poderiam?

O Echo e o Classique!

Por causa disso, Gaultier lançou uma série de vídeos com a superatriz Rossy de Palma e o… JeanPod! Ela interage com uma embalagem de perfume que funciona como um Echo. E a Rossy, você sabe, é maravilhosa. Então pintou coisas como:

Tudo para mim.
A novidade é que começou uma nova temporada de JeanPod e o primeiro episódio já saiu! Olha ele aí:

JEANPOD, ALLUME-TOI!

É isso. Sabia que eu já tentei entrevistar a Rossy de Palma? Ela me enrolou e fugiu.

Mesmo assim adoro

Mesmo assim adoro

E ninguém comentou mas eu comento: como é que o baile do Met não chamou a Rossy de Palma esse ano? A personificação contemporânea do camp? Ela devia ser uma das anfitriãs! Que comida de bola, Mrs. Wintour.

Hebe era tudo, e você nem concordava com tudo o que ela dizia

Fui assistir Hebe: A Estrela do Brasil e me surpreendeu. Trata-se de um trecho da vida da apresentadora e não sua vida inteira, e é um trecho que de alguma maneira mostra que o Brasil não conhece sua própria história, porque se conhecesse enlouquecia: ela está se repetindo sempre.
Como ela própria disse ao vivo e a atriz Andrea Beltrão repete em cena (em interpretação, diga-se de passagem, muito muito boa): a Hebe não é de direita, a Hebe não é de esquerda, a Hebe é direta. Mas é mentira: ela era de direita sim. É só olhar a coleção de joias para concluir que comunista a apresentadora não era; votava no Paulo Maluf (era sua amiga pessoal). Mas ao mesmo tempo era de uma espécie de "direita esclarecida”, se me perdoam a expressão idiota: defendia os direitos LGBTQ+ (e gostava de provocar os conservadores nesse sentido) e tinha uma certa compaixão religiosa com os menos favorecidos. Não dividia o dela, mas não nasceu rica, portanto sabia o que era ser pobre e se compadecia.

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Esse híbrido de Eva Perón e Oprah sempre me instigou. Mamãe conta que teve uma época, quando guaraná tinha tampa de rolha, que Hebe ainda era uma aspirante a artista e morava, adivinha onde? Em Pinheiros! Mas Pinheiros não era o bairro hipster-chic que é hoje. E a Hebe ficava em uma daquelas casinhas onde hoje é a Eric Discos, sabe? Mamãe morava perto, num sobrado com vovô, e a casa dela já tinha telefone; a da Hebe não. Adivinha onde a Hebe fazia ligação?
(E sim, ela ainda era morena)

Aí, muito tempo depois, numa noite muito doida de desfile do Ricardo Almeida no MASP na qual certo ator global passou a mão no meu rosto e me paquerou (?!?), estávamos eu e the one & only Antonia Petta fazendo a cobertura do evento para o site da Lilian Pacce. Detalhe: Antonia entrevistava e EU fazia as fotos. Risos. E de repente, momento de tensão: a Hebe vem. Precisamos falar com a Hebe.
Sim, eu já fotografei a Hebe.

Quem quiser ver e ler o post inteiro (vale a pena, eu garanto), pode chegar mais nesse link

Quem quiser ver e ler o post inteiro (vale a pena, eu garanto), pode chegar mais nesse link

Também lembro direitinho do momento em que soube que a Hebe morreu. Foi num sábado ou domingo, eu estava visitando a Bienal de SP com meu marido e vimos nas redes sociais. Não era meu plantão. Meu marido diz que não gosta mais de ir na Bienal porque tem essa lembrança ruim.

Voltando ao filme, destaques:
. Sou suspeito para falar, mas minha amiga Renata Bastos está ARRASANDO no papel de Roberta Close. Sorry not sorry!

Fina demais!!!

Fina demais!!!

. Outras duas que arrasam são Cláudia Missura, que eu amo em Domésticas (2001) no papel da Railde, como Nair Bello e Karine Teles como Lolita Rodrigues. Karine, aliás, é a rainha do cinema nacional e ninguém percebeu ainda, né? Ela é a forasteira de moto em Bacurau de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles; a Irene de Benzinho de Gustavo Pizzi; a dona da casa Bárbara em Que Horas Ela Volta? de Anna Muylaert; a Angela do polêmico Fala Comigo de Felipe Sholl… E para quem só assiste TV, ela era a Sumara que foi enganada pela personagem Atena de Giovanna Antonelli no começo de A Regra do Jogo, lembra?
As amigas Nair e Lolita só aparecem em uma cena do filme, infelizmente, mas pelo menos é uma cena boa.

. Vai ter série, viu? Se o filme é só um recorte, parece que a série, que deve passar na Globo em janeiro, traz a história da apresentadora desde a infância até a morte em 2012 por conta de um câncer. Quem ainda deve aparecer é Heitor Goldflus como Jô Soares e Camila Morgado como Rita Lee (ou seja, vai ter selinho!). E provavelmente mais cenas de Lolita e Nair com Hebe - se vai ter Jô Soares vai ter essa cena abaixo, né?

Assiste de novo, faz um bem enorme!

Hebe era cheia de problemas no que diz respeito a posicionamento político, contradições. Era humana. Em tempos de dicotomia, de fortes disputas, de "ou você escolhe o meu lado ou você é meu inimigo", Hebe ocupa áreas cinzas, mostra que não existe 8 ou 80. Foi censurada mesmo após a ditadura (o filme mostra). O povo chamava de cafona, de alienada. Já li a biografia escrita por Artur Xexéo na qual ele explica todo o backstage da sua ida para o Roda Viva, ela chocada por ser convidada para um "programa de intelectuais", de gente importante.

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Recomendo!

É bem legal

Quem será que Hebe apoiaria hoje? Será que ela declararia seu voto? Será que ela daria conta das declarações homofóbicas registradas em vídeo do nosso atual presidente?

Saudades de quando a gente era mais complexo.

O bubblegum pop

Quando a gente fala em bubblegum pop, a gente se refere a uma música grudenta que nem chiclete, né? Mas não é só: tem gente que considera o bubblegum pop um estilo identificável de música, que nem, sei lá, o trap e a house music. Produzido entre a segunda metade dos anos 1960 e durante os anos 1970, o bubblegum pop é composto por musiquinhas bem comerciais, animadinhas, supervoltadas para adolescentes e pré-adolescentes, onde a figura-chave é mais o produtor do que os músicos. A maioria virou one hit wonder (ou seja, de músicos e bandas de um sucesso só) e era lançada para um fim bem pouco nobre do ponto de vista artístico: ganhar dinheiro. Muito dinheiro. E quanto mais melhor.

O maior expoente desse estilo é uma banda de… desenho. E nem estou me referindo ao Gorillaz, viu?

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"Sugar / oh, honey honey” - você já ouviu essa música, né?

(Ah, sim, essa Riverdale é a mesma Riverdale da série homônima. O desenho animado e a série se baseiam nos quadrinhos do Archie e sua turma.)
E quem eram os Archies na vida real? Músicos de estúdio. Simples assim. Ganharam por hora. O superprodutor Don Kirshner (de The Monkees, Carole King, Neil Diamond…) é a cabeça por trás de tudo isso, mas Jeff Barry quem produziu a música em si (e a compôs, com Andy Kim). Barry é o nome por trás de Chapel of Love, Be My Baby, River Deep Mountain High… Tipo pouco foda, né? Fora as que ele só produziu.

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Jeff Barry carregando Davy Jones, do The Monkees

É, esse carregou muita música no muque, mesmo

Mas tem mais? Claro que tem!

Amo que esse vídeo da música Green Tambourine começa com um… pandeiro verde. Para ficar bem claro. The Lemon Pipers são os responsáveis por essa música de 1967, considerada o primeiro bubblegum pop a alcançar o primeiro lugar nas paradas (em 1968). Vida curta: em 1969 a banda, que se encontrou no turbilhão da fama com as agruras que isso traz, se dissolveu. Nunca mais obtiveram o mesmo sucesso.

E aí a gente chega na dupla Super K. Não, isso não é uma referência a ketamina.

“Ué, você não ia falar de uma dupla chamada Super K?"
Ia e estou falando. 1910 Fruitgum Company é apenas um veículo para um dos sucessos da dupla de produtores Jerry Kasenetz e Jeff Katz, a cativante Simon Says, cheia de "papapapapá…". O Super K clama a criação do termo bubblegum pop para si, como se não bastasse ter produzido tantos desses sucessos. E o mais estranho é que muitas dessas bandas são de garagem, transitando entre o bubblegum pop e o protopunk. Inocência e trasheira - quase uma metáfora da vida.
Simon Says é inspirada em uma brincadeira de criança homônima. De tão cativante, ganhou versões em outras línguas, como o italiano:

Muita gente considera o The Monkees, que a princípio era uma banda "fabricada" com direito a série de TV, como uma pioneira do bubblegum pop. Bom, eu sou suspeito: ADORO. Depois, em 1967, o The Monkees faria um… motim? Dispensariam Don Kirshner e virariam uma banda “autêntica".

Voltando ao Super K - outra "criação” deles foi The Ohio Express, após o estouro de Simon Says. Tente não se irritar com a voz do vocalista:

O Ohio Express é superinstigante porque ninguém sabe exatamente quem é a banda, o que cada integrante gravou. O primeiro single deles foi Beg, Borrow and Steal, lançado no fim de 1967. Mas a banda Rare Breed lançou a exata mesma música antes, em 1966! É a mesma banda? O nome Ohio Express, adivinha, é registrado pelo Super K. Sabe-se lá qual foi o acordo: eles compraram a música do Rare Breed? Roubaram?
Em 1967, o Ohio Express era o novo nome de outra banda que o Super K achou chamada Sir Timothy and the Royals (a Rare Breed nunca assumiu o nome Ohio Express, portanto). Mas o vocal que você ouviu no vídeo acima é bem diferente do de Dale Powers, o vocalista da Sir Timothy. É que Yummy Yummy Yummy foi um caso à parte…
Joey Levine é quem compôs a música com Artie Resnick. Ele mandou uma demo com a sua voz para o Ohio Express se basear na gravação deles. Só que o chefe da gravadora Buddah Records amou a música do jeito que estava (ou não quis gastar dinheiro com a gravação? Sei lá!). E lançou-a assim!
A partir daí, a voz do Ohio Express era de Levine e a banda que tocava nas gravações era o staff de estúdio do Super K. O grupo que aparecia na capa do disco e na TV era de mentira! Milli Vanilli feelings
Levine, para quem ficou curioso, não é parente de Adam Levine (pelo menos não é parente próximo). E depois dessa fase bubblegum pop trabalhando com o Super K, o músico foi fazer jingles de sucesso. Tipo esse do fim desse comercial:

Outra curiosidade entre as bandas do Super K: The Crazy Elephant ficou famosa pelo hit Gimme Gimme Good Lovin de 1969, com Robert Spencer nos vocais. Essa aqui:

Acho engraçado porque não acho que tem o tom ingênuo do bubblegum pop, né? Mas era Super K, era uma banda inventada. E eles também lançaram essa música chamada There Ain't No Umbopo em 1970:

A voz de There Ain't No Umbopo é de Kevin Godley e não de Spencer. E sabe em qual outra música Godley trabalhou, algum tempo depois, como backing vocal e no sintetizador Moog? Essa aqui:

Permita-se uma leve digressão sobre I'm Not in Love do 10cc? A música, composta pelos membros do grupo Eric Stewart e Graham Gouldman, foi a princípio rejeitada pelos outros membros Lol Creme e Godley. E foi justamente esse último que sugeriu que eles recriassem a canção, originalmente meio bossa nova, só com vozes. Começava a gênese de um clássico, um som novo. Gouldman, Godley e Creme gravaram cada um 16 vezes desses “aaaah” que você ouve, formando um coro de 48 vozes! Para as vozes parecerem infinitas, Stewart fez loops na fita. No fim, a mesa de mixagem se transformou numa espécie de instrumento: Stewart ia subindo e zerando o volume das fitas, cada uma das 12 formada por vozes em uma escala musical de notas (pelo que entendi kkkkkk). Assim ele ia tocando os acordes. O resultado é etéreo, diferente de tudo que havíamos ouvido até o lançamento, em 1975. E é de Stewart a voz principal.

Bom, tudo bem diferente de bandas supercomerciais fabricadas por produtores ganaciosos, né?
Mais ou menos: 10cc tinha inspirações artísticas (Godley e Creme saíram um pouco após I'm Not in Love em busca de algo ainda mais experimental) mas também tinha ambições comerciais (assumidas pelos superpop Stewart e Gouldman).

Não posso encerrar esse post sem duas referências que eu amo de bubblegum pop. Primeiro…

E essa regravação da Liz Phair (!!!):

Lots of fun for everyone!

Quem é a Marie S'Infiltre, a mulher que invadiu o desfile da Chanel?

Veja essa foto:

marie-sinfiltre.jpg

Uma modelo?

Não! Uma comediante, uma humorista. Quem é essa atriz?

Marie Benoliel, cujo nome artístico é Marie S’Infiltre, protagonizou (ou quase protagonizou) um dos momentos mais comentados dessa temporada internacional de moda que está acabando. É que ela invadiu o desfile da Chanel!

Só que Marie foi barrada pela tontona da Gigi Hadid. Já tinha bode dela, imagina agora:

Gigi parece uma daquelas estudantes de moda que sabem de todas as críticas ao sistema mas "respeitam a liturgia". Tá defendendo quem, bonita? O espírito da Coco Chanel? Afff, me poupe, gata.

Não ficou claro se Marie foi convidada ou se infiltrou no desfile. Explico: ela tem um canal no YouTube que é sobre justamente isso (e vem daí o seu codinome), se infiltrar em lugares e fazer "críticas sociais foda” a respeito. Com isso, acaba que ela virou uma personagem muito polêmica pois mexe em vespeiros e, usando a desculpa do humor ácido e irônico, incorporou, por exemplo, uma caricatura homofóbica em uma parada gay. Também entrou num encontro com Marine Le Pen durante a campanha presidencial dela e participou de um documentário sobre o Burning Man com várias críticas a respeito dele, que acabou derrubado seguidamente na rede por burners (frequentadores do festival).
Te lembrou algo tipo CQC? Pois é, a mim também, e como não sei francês também não consigo dizer se é melhor ou pior que isso. Caso você queira analisar com seus próprios olhos, segue um dos vídeos dela no YouTube:

(aí eu realmente comecei a achá-la meio idiota)

Mas ENFIM, continuo com bode da Gigi.

marie-sinfiltre-3.jpg

“Tu é grande mas não é duas!”

Qualé, mermão?

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“Ops, é sim”

Puxa-saco de marca de luxo! Paga lanche! (E a cara, que continua de Bolete Séria???)

Provavelmente isso ia virar um vídeo no YouTube criticando o mundo da moda e das modelos de maneira babaca. Então, sei lá… A tonta da Gigi salvou o dia?
Para falar a verdade, quero que todos se danem. Queima, quengaral!