Wakabara

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Um filme bom; um título de filme não tão bom

A Imovision me convidou para uma seção especial de A Costureira de Sonhos, filme que chegou a passar na Mostra Internacional no ano passado (e eu não vi) e que estreia no circuito no próximo dia 23/05. O título original do longa é Sir e faz muito mais sentido - é como a personagem principal Ratna (Tillotama Shome) chama o seu patrão Ashwin (Vivek Gomber). Ela é empregada dele em Mumbai e sonha em ser uma estilista. Aí você pensa: ah, por isso o título! Ah, é um filme de moda!

Não, não é um filme de moda. É muito mais sobre o abismo social de uma cidade grande na Índia, sobre a dificuldade que a camada mais pobre tem de ascender socialmente porque essa mobilidade é um tabu cultural. É sobre o preconceito de classe. E é muito mais parecido com Que horas ela volta? (2015) e Roma (2018) que com O Diabo veste Prada (2006) e Trama Fantasma (2017).

Mumbai vista de cima pela protagonista

Para explicar melhor a minha opinião sobre o filme, vou ter que usar de spoilers. Portanto, se não quiser spoilers, pare de ler a partir daqui.

ALERTA DE SPOILER * ALERTA DE SPOILER
Não prossiga se não quiser SPOILERSSS

Para começo de conversa, não consegui me convencer que o Ashwin não teve um comportamento abusivo. Desculpa mas #militei mesmo: apesar da construção muito bem orquestrada do crescimento da intimidade entre eles, Ratna deixa claro que um relacionamento seria um problema, que o beijo foi um erro. Ele insiste. Pode ser com a melhor das intenções, pode parecer mais complexo que a situação de assédio entre patrão e empregada que estamos acostumados a ver. Mas por quê? Só porque ele é mais jovem e mais bonitão? A história simplesmente se apresenta, nem acho que ela seja tão romantizada, mas a minha leitura é de abuso sim e acho que para muita gente que for assistir talvez não seja, tipo “torcer para a mocinha ficar com o mocinho”.

Isso não faz com que o filme seja ruim. Aliás, pelo contrário, gosto de filmes que fazem pensar e que não tentam apresentar uma lição de moral. É uma história - mas o que você pensa sobre ela?

Também achei bem interessante as referências culturais no geral que se apresentam ao longo da trama, a diferença entre a vida na vila e a vida na cidade grande, o que esse morar na cidade grande representa de libertador (mas nem tanto).

Vale o ingresso! Confira o trailer abaixo:

Obs.: e a moda mais uma vez é apresentada como um universo que exclui e é esnobe, só para os poucos e bons. Hum… Talvez porque ela seja assim, totalmente fora de moda mesmo. Para pensar…