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Kyiv: um roteiro

Você viu? Kiev não chama mais Kiev. Pelo menos segundo o New York Times: eles mudaram a grafia oficial em seu manual de redação de Kiev, que era a romanização do russo Киев, para Kyiv, que é a romanização do ucraniano Київ. Para quem não sabe, a União Soviética já não existe mais. kkkkkkkk Além disso, Kyiv está no olho do furacão na discussão sobre o processo de impeachment que corre nos EUA contra o presidente Donald Trump.

Bom, acontece que eu fui para Kyiv na época que a gente ainda falava Kiev, no começo do ano. Cheguei a falar sobre isso aqui em um post sobre Chernobil - para quem não sabe, Chernobil é uma cidade ucraniana; o reator nuclear que explodiu era de responsabilidade da Rússia porque na época a União Soviética ainda existia e a Ucrânia era território soviético. Hoje Ucrânia e sua capital Kyiv são territórios independentes, uma República constitucional semipresidencialista (ou seja, conta com presidente e primeiro-ministro dividindo poderes).
Mas me toquei que não falei sobre Kyiv e sim sobre Chernobil. Então, vou dar umas dicas de Kyiv! Chega mais!

Vá com internet

É uma mão na roda você ter um plano que aceite roaming de internet por lá. Uber é bem barato (bom, na verdade tudo é barato) e, como tudo é em cirílico, você vai ter certa dificuldade e o Google Maps superajuda.

Ninguém fala inglês

"Ninguém" talvez seja muita gente, mas sinceramente a minha sensação era essa. Quem já foi para o Japão sabe que é difícil achar um japonês que fale inglês fora dos grandes centros urbanos, e me senti mais ou menos assim em Kyiv - só que, ao contrário dos japoneses, eles parecem menos acostumados com o turismo, então tivemos (eu e a Helô Dela Rosa, que foi comigo) mais dificuldade em nos comunicar. Alguns são grossos mesmo, acho que não gostam de estrangeiros - para você ter uma noção, a caixa de um museu não queria nos atender! Em restaurantes, pelo contrário, eles normalmente falam ou são esforçados para te atender da melhor maneira. E no Uber, silêncio: às vezes eles perguntavam se a gente falava árabe. Aliás, as pessoas achavam que eu era árabe! Achei chique porque acho os árabes lindos, mas, more, que miopia doida é essa, né?

Para comer

Você consegue achar a comida típica da Criméia com relativa facilidade. Fui num restaurante chamado Krim (ou Qirim) que é bem central e tomei um borsch, aquela sopa de beterraba, e amei. E eu odeio beterraba, é uma das comidas que mais odeio no mundo! Então, fica a dica: mesmo que você odeie beterraba, não deixe de experimentar kkkkk

Outro lugar supertípico e bastante recomendado por todos os guias que a gente foi é o restaurante de comida típica ucraniana Yaroslava. Adivinha o que tem lá? Frango à Kiev! É tudo bem bom e bem barato - aliás, a comida por lá em geral é baratíssima.

Tem vários outros lugares para comer, incluindo os instagramáveis Dogs & Tails (que se trata disso mesmo, cachorros-quentes e coquetéis) e o Milk Bar (bom de doces, mas que também vende salgados). Outro restaurante que é uma rede e a gente foi bastante é o Eurasia, que tem pizza, sushi, salada… A ideia do próprio nome é ter um cardápio que contempla Europa e Ásia. Ele é meio esquema Outback, um cardapiozão, pratos padronizados.

Já o Aroma Kava, outra rede só que de café, é bem mais ou menos. Parece Starbucks mas está mais para Fran's Café…

E não deixe de passar em uma chocolateria de lá que chama Roshen. Antes ela chamava - segura essa -Karl Marx Kiev Confectionery Factory! TUDO! Mudou de nome depois da independência e do fim da URSS e é tipo uma Kopenhagen de lá, com bombons muito gostosos e baratos, vale a pena. Se você for no fim do ano, como a gente, vai poder comprar um típico Kyiv Cake! Não é exatamente bom, é uma torta com merengue e creme, mas para experimentar tudo bem!

Se você, como eu, só de ver uma embalagem em cirílico já se anima todo, a boa notícia é que é bem baratinho!

Igreja

Não sei se você sabe mas na Ucrânia a religião oficial é o catolicismo ortodoxo. Acho bem instigante e recomendo conhecer mais, visitar igrejas etc. Elas são lindas. Não cometa o meu erro, entrei de gorro e recebi uma bronca. Vá de cabeça descoberta. O Mosteiro de São Miguel das Cúpulas Douradas, por exemplo, para São Miguel Arcanjo, é bem belo. Tem todo uns complexos de igrejas por lá.

Verão ou inverno?

Vantagens e desvantagens: se você for no verão, vai poder ir para a Odessa, a cidade mais litorânea que todo mundo fala bem. Não fui porque fui no inverno: época em que rolam as feiras de Natal, as músicas de Natal (eles amam Last Christmas, do Wham!, e eu amei porque eu também amo)… Lá o Natal é comemorado dia 7/01, segundo o calendário ortodoxo. E neva, viu? Prepare-se. Neva para um caraio.

Apothecary Skin Desserts: MUITO PINK!

Outros passeios

Amei o funicular, que custa baratinho, é tipo uma mistura de bondinho e teleférico (quem conhece o que é funicular obviamente vai saber) e é superbarato. Pelo que entendi, realmente é utilizado pelo povo que mora na cidade - como existe uma parte bem alta e uma parte bem baixa, é um jeito prático e barato de descer ou subir.

Quem curte produtos de beleza pode procurar a Apothecary Skin Desserts, a loja é uma graça, toda rosa, parece loja da Barbie (fui em uma dentro de um shopping, não sei se existe outra).

Visite também a Tsum, loja de departamento chique que também existe na Rússia. Só por curiosidade: é o único lugar caro de Kyiv. kkkkkkk

Apesar de recomendar o Uber, use o metrô só uma vez para descer na estação Arsenalna e subir as escadas rolantes. É tipo 10 minutos de escada rolante. Sei lá se é 10 mesmo, mas é bastante.

E eu adoro um mercado central: o de Kyiv é charmoso mas falta mais lugar para comer e achei meio pequeno. Vale a visita sim, só que sem expectativa.

O funicular: a estação é bem bela, né?

Museus

Adoro museus de arte moderna e contemporânea. Se eu te disser que Kyiv tem dois dos meus museus preferidos da vida, você acredita? Juro. O PinchukArtCentre (eu sei, o nome soa meio engraçado) é um prédio recheado de coisas interessantes com artistas renomados (tipo Takashi Murakami) e outros que talvez não estejam no seu radar (como os próprios ucranianos, claro).

O quadro do Murakami no Pinchuk Art Centre

Já o Mystetskyi Arsenal é um centro cultural e quando a gente foi tinha uma exposição muito boa sobre as manifestações entre 2013 e 2014. Muito interessante. Ele é gigantão: era um arsenal de armas, mesmo.

O poperô

Nas lojas. No Uber. Nos restaurantes. O poperô está espalhado por todo lugar e me parece a música oficial de Kyiv. É um horror - se fosse de vez em quando a gente até achava engraçado, mas tem uma hora que cansa.

Nessa mesma onda, o gosto para roupas da população de Kyiv parece um pouco, hum, defasado. A gente até que tentou gastar dinheiro em lojas. E compramos… uma camiseta de turista com Ucrânia escrito em cirílico bem grande. Então não espere por marcas novas locais inesquecíveis, compras mil… não vai rolar, a menos que você se esforce e nivele o seu bom gosto para baixo. #prontofalei

Mas eu vou como?

Sei lá! A gente foi de Londres com Ryanair: a vantagem é que foi muito barato, a desvantagem é que você só pode levar uma malinha de mão. Então exerça o poder de síntese e vai dar tudo certo - para a gente superdeu, nos viramos. Os hotéis são baratos em comparação com o resto da Europa (a gente até acabou pegando um quarto incrível porque era barato demais) e o dinheiro de lá é um dinheiro específico de lá e não o euro: a grívnia. Não entendi a grívnia até agora, me pediam eu dava. kkkkkkkk

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