Wakabara

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Gnomos & duendes em 1991

(Este post é dedicado a Luciana Fontanillas)

Acho que já tive esse livro aí de cima. Não tenho certeza.
Este debaixo eu tive e posso afirmar que foi um dos meus livros preferidos da vida, uma referência para mim:

Estou falando muito sério. Levava esse livro para cima e para baixo. Reli mil vezes. Para mim era como participar de uma realidade paralela, um outro universo. O livro era enorme (nem tanto, mas para as minhas mãozinhas de criança era) e tinha um monte de informação numa pegada pseudocientífica, observando anatomia, alimentação, moradia – tal qual um livro sobre uma espécie de animal, por exemplo.
O Wil Huygen, que escreveu a obra, era holandês e esse foi o primeiro livro que ele lançou, na década de 1970. Era ilustrado por Rien Poortvliet. Fizeram sucesso mundial, e Gnomos gerou toda uma série de outros livros da dupla. Huygen ficou meio focado nos gnomos mas Poortvliet também lançou outras obras sem ele e sem gnomos.

Junto do advento desse best seller (quem viveu lembra, Gabi), abriu uma loja chamada Alemdalenda, acho que em 1990, na rua Oscar Freire para o lado de Pinheiros. A mania dos gnomos e duendes era uma realidade, e o sucesso da Alemdalenda era a prova disso. Foi assim que, entre a 3ª e 4ª série, eu comecei a COLECIONAR DUENDES DA ALEMDALENDA.
Sério.

Resumindo: eu tinha uma coleção de gnomos e duendes quando estava no ginásio, e não contente fazia questão de levá-los para a escola e organizá-los todos em cima da minha carteira!!!
SIM!
Eu era mesmo um menino muito esquisitinho.

Em algum momento entre 1990 e 1991, fui com uma das minhas irmãs e o então namorado dela para Maresias. Levei um gnomo (ou dois?). E tinha essa coisa de sempre deixar uma maçã do lado dele, que ficava lá, apodrecendo. Numa conversa de Whats, quando falei para a Bia Bonduki sobre a Alemdalenda, ela colocou o nosso passado em palavras de forma muito perspicaz: éramos esotéricos de 12 anos que deixávamos maçãs apodrecendo no quarto, do lado de um quartzo rosa.

Minha irmã Ana Beatriz e esse cara aí quiseram me sacanear e deram uma mordidinha na maçã depois que eu já tinha ido dormir.
Se eles não tivessem me contado, estaria acreditando até hoje que os gnomos existem e um deles tinha comido um pedaço da maçã.

Essa minha fase duendeira de alguma forma foi se desenvolvendo porque no colegial eu continuava carregando incenso na minha bolsa carteiro, por mais que já tivesse guardado os gnomos no armário. #almahippieforever

Bom, qual não foi o meu espanto quando soube que a Alemdalenda AINDA EXISTE E AINDA VENDE OS MESMOS BONEQUINHOS.
A loja online tem um design antigo mas tá de pé (com o mesmo logo e tudo), e pelo que entendi não existe mais loja física. Aí lembrei, olhando para as possibilidades de compra, que consumia tudo dessa loja quando era mais jovem: livro sobre aura, bruxa, vela aromática, tarô. Não lembro de ter comprado filtro dos sonhos mas se pá comprei.

Vocês também passaram por essa fase?
ISSO É NORMAL?

Não, não cheguei a tanto. E não, não comprei nada agora.

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